29.10.19

homens, saias e assembleia da república

Nada tenho contra aos mais diversos estilos de roupa que as pessoas adoptam. Posso achar que não favorecem alguém, mas isso é a minha opinião. E só a partilho com aqueles que me são próximos. Até porque é daqueles temas perigosos, pois rapidamente alguém fica chocado quando outro manifesta a sua opinião. Posto isto, pouco me importa que um homem ande na rua de saia. Ou com o cabelo pintado com 37 cores. Ou mesmo com um top do Hooters e calções curtos e justos. Podia dar mais mil exemplos ou transformar isto ao contrário e falar de mulheres com roupas normalmente associadas aos homens. Mas agora vou falar de Rafael Esteves Martins assessor de Joacine Katar Moreira, o homem que ficou conhecido por entrar na Assembleia da República de saia.

Como referi, não me choca que Rafael Esteves Martins ande na rua de saia. Ou com outra peça de roupa qualquer. E para ser honesto, quando o tema é política, existem coisas que me preocupam muito mais do que a roupa. O que não significa que ache correcto que um homem escolha vestir saia para ir à Assembleia da República. E não vou discutir a legalidade do dress code. Porque considero que simplesmente... não é apropriado.

Gosto de usar calças rasgadas. Sempre gostei. Mas nunca as usei para os trabalhos jornalísticos que tive de fazer na Assembleia da República. Por outro lado, “odeio” andar de fato. Mas já tive que usar um em diversos trabalhos jornalísticos que fiz, nomeadamente com Presidentes da República. Podia discutir a legalidade de receber um convite com um dress code. Mas acho apropriado que assim seja. Independentemente de ir contra o meu estilo de roupa, mais descontraído.

Passo a ser menos homem porque cumpri um dress code mais clássico, com o qual não me identifico? Perdi boa parte da minha identidade, personalidade e maneira de ser porque usei um fato? Deixei de defender determinados valores porque troquei os jeans rasgados por outros sem qualquer rasgão? As pessoas mudaram a opinião em relação a mim porque me viram com outra roupa? Creio que a resposta a tudo isto é não. Porque apenas respeitei algo que me foi pedido. Ou achei por bem adaptar-me a uma realidade que pede, e sei isso, algo diferente, no que a indumentária diz respeito.

A questão é que, e não me refiro a este caso especificamente, hoje em dia achamos que devemos fazer tudo aquilo que queremos, como queremos e onde queremos. E se alguém nos aponta o dedo, levantamos logo a bandeira da liberdade e do quero, posso e mando. Que isto é que é ser livre. Achamos também, de forma errada, que as pessoas vão acreditar naquilo que defendemos se tivermos um detalhe diferente que chame a atenção. E por aí fora. O que é errado.

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