tenho saudades tuas

Hoje celebra-se o Dia Mundial do Animal. Uma data que me diz muito por adorar animais, sobretudo cães. É uma data feliz mas igualmente dolorosa. Porque hoje, mais do que em qualquer dia, lembro-me do meu cão, que infelizmente, já não está comigo. E se penso nele em todos os dias, hoje aperta-me mais o coração. Porque hoje era o seu dia.

Foram 14 anos de momentos bons, de muitas alegrias e felizmente de poucas preocupações. Recordo-me, como se fosse hoje, do dia em que a minha mãe apareceu na rua com aquela bola de pelo ao colo. Estava a jogar futebol com os meus amigos mas, a partir daquele instante só me preocupei com o novo membro da família. Os tempos foram passando, ele foi crescendo, tal como a importância na minha vida. Mais do que um simples cão, era um irmão com quem desabafava sempre que precisava. Pegava nele ao colo e contava-lhe tudo aquilo que não me queria contar a mais ninguém. E ele ouvia, sempre com a cauda a abanar.

Para trás, ficam horas, muitas horas, de momentos deliciosos, como aquele em que começou a correr que nem um louco na praia, até se sentar ao pé de uma família que estava a almoçar e que partilhou a refeição com ele. Sorrio também quando me lembro da menina que chorava copiosamente no Algarve, enquanto a família queria tirar uma foto para recordar as férias. As lágrimas da menina só pararam quando viu o meu cão. Sorriu e pediu para ser fotografada com ele. Deixei, como é óbvio, e ele gostou. Gostou tanto, que sentou-se e posou como mandam as regras da boa fotografia.

É também impossível esquecer as noites em que ele dormia comigo e as corridas loucas após o banho. Corria, corria mais depressa, ainda mais depressa e rebolava até se sentir seco. Eu ria-me, metia-me com ele mas só queria secar. Também nunca esquecerei a vez em que o “obriguei” a roer uma pulseira que tinha no pulso. É que estava farto dela mas tinham-me dito que não a podia cortar.

Hoje, queria pegar em ti e levar-te para a praia, o que mais gostava de fazer contigo. Deixar-te correr e correr atrás de ti. Brincar, brincar ainda mais até estarmos os dois de rastos. Mas não posso. Quis o destino que o primeiro problema grave fosse fulminante. Por mais anos que viva, não consigo esquecer os momentos passados na clínica onde perdeste a vida. Não esqueço que foste um bravo e que ainda ganhaste três vezes ao teu coração, antes dele parar de bater, para sempre. Recordo-me das palavras da veterinária, que disse que eras um bravo. Não consigo esquecer também as últimas festinhas e beijos que te dei, sem que tivesse uma reacção tua . Não consigo esquecer que o teu corpo começou a arrefecer e, impotente, tive que me afastar de ti por não aguentar tanta dor. É verdade que tudo isto doeu muito. É verdade que ainda dói. Mas, uma coisa é certa, prefiro viver esta dor por te ter amado como amei do que não saber o que era ter-te na minha vida. Tenho saudades tuas...

Hoje, por ser o dia deles, é sempre bom recordar que não se devem abandonar animais. Não ofereçam animais apenas para satisfazer os caprichos dos filhos (ou de outra pessoa qualquer), para mais tarde os abandonarem porque não sabem o que fazer quando vão de férias. Um animal, tal como um filho, é um compromisso para a vida. E, quem quer um animal, pondere a adopção. Há animais encantadores, abandonados, à espera de alguém que os ame incondicionalmente, que é a única forma como eles sabem amar. E, quem nunca teve um animal, não sabe o que perde. Não sabe como é bom chegar a casa e ser recebido como amor. Um amor puro e sem interesse, de alguém que não pede nada em troca.