lição do fim-de-semana

Num fim-de-semana especial, a tomar conta da sobrinha, deu para aprender muito mais do que numa aula de um dia, como costuma acontecer num fim-de-semana normal. Não me canso destes momentos maravilhosos em que aprendo imenso com uma menina que ainda nem fez cinco anos e que irradia vida e alegria, qualidades em vias de extinção no mundo dos adultos.

As lições que me deu começaram com uma visita de estudo ao Oceanário onde se divertiu com os tubarões no aquário grande mas sobretudo com os pinguins (por ela ainda lá estava a olhar para eles) e com as montras (aqui deve ler-se lontras). Apesar das correrias - no Oceanário e num parque infantil pela manhã - a pequena ainda arranjou energia para passar meia hora a pedalar num dos karts que pode ser alugado à porta do Oceanário, e que recomendo pois é diversão garantida.

À parte disto aprendi que a minha sobrinha está quase a fazer os cincos (leia-se cinco anos). Aprendi também que “os bebés nascem e que depois crescem, como aconteceu com o primo”, explicou-me.

Fiquei também a saber cantar a música Primavera, dos Gift, que faz parte da banda sonora de Dancing Days, bem como o grau de parentesco (e as últimas novidades) das personagens de que gosta. Fiquei a saber que não posso controlar sempre o comando da televisão e que na sua casa só existe um, que é controlado pela mãe.

Fiquei feliz por saber que adora o seu novo colégio, onde tem uma amiga que mostra as cuecas, algo que a minha sobrinha não faz. “Eu não mostro, tio”, garantiu. Gosta dos novos amigos mas não esquece os velhos, que foi visitar ao colégio onde andou. Foi uma festa de parte a parte e deu ainda para matar saudades do namorado. “Ele estava a brincar no parque mas quando me viu veio ter comigo e deu-me um abraço e beijinhos na cara”, explicou. Descobri também que já sabe falar inglês. “My name is”, apresentou-se, explicando-me ainda que, em inglês, professora, diz-se “teacher.” Aproveitei a aula para lhe dizer que cavalo diz-se “horse”, algo que poderá dizer na próxima aula de equitação que tiver no colégio.

Aprendi também uma nova versão de música Mãe Querida. Chama-se Tio Querido e, segundo a minha sobrinha canta-se assim: “tio querido, do meu coração, és o melhor tio que há.” Confesso que prefiro esta letra à original. Fiquei também a saber que quando se pede algo no café, é para comer até ao fim. “Pediste esse, agora come”, diz, explicando ainda que há pessoas que não têm comida. Aproveitei a ocasião para explicar que esse é o motivo para não se desperdiçar comida. Fiquei também a saber que, quando jogo Playstation, devo escolher o Benfica, “porque ganha sempre”, ensinou-me.

E, fartei-me de rir com a sua matreirice num episódio muito especial. Ao atravessar a ponte 25 de Abril, o carro ficou empestado com um mau cheiro. “Deste um pum?”, perguntei. “Não, o cheiro vem do rio”, respondeu com prontidão e com um sorriso que a incrimina.

Por mais tempo que passe, continuo a achar fantástico aquilo que se consegue aprender (e viver) com uma criança de apenas quatro anos. Simplesmente fantástico.