22.10.12

homossexuais? aqui não!

Um dos maiores estigmas da sociedade é a homossexualidade. Por mais que se tente suavizar a situação, a homofobia, a repulsa perante os homossexuais é um mal instalado que teima em desaparecer. Nos dias que correm, ainda existem pessoas que defendem que a homossexualidade é uma doença contagiosa que pode ser curada. E, aqueles que não conseguem curar-se, devem ser colocados num barco que parte sem destino. Esta, infelizmente, ainda é a mentalidade reinante.

Dentro desta forma de pensar estão situados os territórios sagrados. Aqueles que jamais foram pisados por pessoas que amam alguém do mesmo sexo. No topo deste território está o mundo do desporto. Homossexuais no futebol? Impensável! Gays no râguebi? Isso é para rir. Homossexuais nos desportos de combate? Nunca! Para algumas pessoas, estes desportos são praticados apenas por machos puros. Ou seja, homossexuais? Aqui não!

Pois bem... espantem-se as mentes mais retrógadas. Existem homossexuais no futebol, no râguebi, no boxe e em qualquer outro desporto de alta competição. Algo perfeitamente normal, há que dizer. Infelizmente, a mentalidade reinante faz com que um atleta não tenha coragem de assumir a sua preferência sexual. “Sim, sou gay!” é algo impensável. E isto só será alterado quando o exemplo vier de cima. Quando alguém que seja admirado em todo o mundo e que seja visto como um atleta exemplar assuma a sua preferência sexual.

Até isso acontecer, vão surgindo pequenos exemplos que ajudam a mudar mentalidades. Orlando Cruz, um boxeur porto-riquenho ousou assumir a homossexualidade num meio complicado, no mundo da luta. “Luto há 24 anos e continuo em ascensão, mas quero ser verdadeiro comigo mesmo e ser o melhor exemplo para todos. Tenho muito orgulho em ser porto-riquenho e também ser um homem gay”, disse, revelando que passou bastante tempo com acompanhamento psicológico antes de tomar esta decisão.

Desde que fez esta revelação (cerca de duas semanas), Orlando Cruz realizou um combate que venceu. Devido à sua revelação, o nome do boxeur, que sonha ser campeão do mundo, correu mundo. Até fez com que se falasse da modalidade em sítios onde nunca fora comentada.

Ao longo da carreira, Orlando entrou em 21 combates. Desses, venceu 19. Destes, nove foram por K.O. Pergunto: será que podia ser ainda melhor atleta se não fosse homossexual? Será que tinha ganho os dois combates que perdeu se fosse heterossexual?

44 comentários:

  1. Respostas
    1. A minha? Sou um heterossexual que não é homofóbico.

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    2. Nada disso. Até porque também não sou minimamente homofóbico. Apenas não entendo a expressão. A orientação é inata e não uma "preferência". A palavra que utilizou induz a uma escolha.

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    3. Acho que esse tema dava para muitas horas de conversa. Achop que há pessoas que simplesmente "preferem" alguém do mesmo sexo. Porque se identificam, porque se sentem atraídas e por aí fora.

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    4. Acredita mesmo nisso? Eu conheço vários e acredite que se pudessem escolher, a maioria (para não dizer todos) optaria por ser heterossexual. Porque é difícil lutar contra mentalidades tacanhas. Porque são discriminados constantemente, inclusivamente por familiares! Porque sofrem com isso! Não é uma preferência. Quanto muito, pode aceitar-se a expressão "preferência" em casos de bissexualidade, em que o indivíduo tem uma pulsão para os dois sexos e opta por manter um relacionamento com um deles. Mas na homossexualidade... É o mesmo que eu lhe dizer a si que a sua preferência é ser heterossexual. Não sente a sua heterossexualidade como uma preferência, pois não?

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    5. Acredito! Os que conheço são pessoas bem resolvidas e felizes. Claro que há uma série de problemas que deviam ser resolvidos. Quando falo em preferência refiro-me a pessoas que já tiveram relações com pessoas de ambos os sexos. Que sentiram prazer, amaram e foram amados da mesma forma mas que acabaram por escolher o que preferem. É nesse sentido que falo em preferência. Mas aceito que prefiras que se fale em orientação.

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  2. Tu fazes-me apanhar cada susto com os títulos!
    Pensei... querem lá ver que o Homem se passou? Então agora não quer gays no blogue...
    Mas pronto! Entendi-te.... eles andam aí...
    É cada desilusão....

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  3. Nada tenho contra os homosexuais, mas sei que ainda vivemos numa sociedade que os põe de parte.

    Não associar homosexuais a desportos mais duros deve-se ao facto, penso eu, de terem aquele ar de "não me toques que desafinas"...afinal, pode-se conciliar dureza com sensibilidade (caracteristica inerente aos homosexuais)

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    1. Respondendo à pergunta: caso fosse hetero, julgo que o percurso se manteria inalterável!

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    2. É um facto. Mas imagina que o Messi ou o Ronaldo assumiam ser homossexuais. Tudo mudava. Ou não?

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    3. Julgo que as mentalidades se manteriam...e seriam um pouco marginalizados.

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    4. Claro que a mentalidade mudava. Muito preconceito ainda...

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    5. Acho que, se o exemplo viesse de cima, as coisas mudavam ligeiramente.

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  4. È muito complicado na sociedade agressiva que vivemos assumir que se é diferente.....
    Eu conheço várias pessoas MARAVILHOSAS, cuja orientação sexual é diferente do que a sociedade gosta de considerar "normal"....
    è de louvar atitudes assim....

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    1. Eu conheço homossexuais que são pessoas tão ou mais fantásticas do que a maior parte dos heterossexuais que conheço. A orientação não faz deles melhores ou piores. Nem sequer diferentes. São pessoas.

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  5. Acho que o importante é ser feliz, e só assim seremos bons atletas, boas pessoas, os melhores seja no que for seja no futebol ou no ballet!

    Eles só seriam melhores atletas que toda a gente os visse como pessoas normais que são, e não tivessem de se esconder.

    Porque é que ser homossexual é mau? Ser hipócrita, ser mesquinho, ser ladrão, ser manipulador ser mentiroso é melhor por acaso? E há tanta gente por aí assim e ninguém lhes aponta o dedo...

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  6. Eu nada tenho contra os homosexuais, faz-me um pouco de confusão as demonstrações de carinho em público mas nada mais.
    A minha avó diz: "coitadinhos, têm uma doença, nasceram assim e não têm culpa", ás vezes ponho-me a pensar se assim não o é, pois existem miudos que logo de pequeninos pela fala... pelos tick's... pela maneira percebe-se logo que mais tarde vão escolher uma pessoa do mesmo sexo.

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    1. Acho que faz confusão porque não estamos habituados. Estive uma semana de férias em Barcelona e no metro, na rua e na praia via casais homossexuais aos beijos, tal e qual um casal heterossexual. As mentalidades são diferentes.

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  7. Na sociedade atual tudo que se desvia do padrão normal…é visto como algo nocivo… qual o problema sendo essa a orientação sexual dessa pessoa. Tenho amigos homossexuais, excelentes pessoas. Têm um temperamento delicado são afáveis e? Onde está o problema…

    O não aceitar a orientação, seja o cerne do problema, situações vidas duplas…vergonha de não assumirem, julgados pela sociedade, família e amigos.

    Os que não são…condutas deixam muito a desejar, enganam, sínicos…a vida corre bem…criticar os outros e conceber “ juízos de valores” … pois!!!

    Fica a referência de um livro sobre esta temática: Os Gays na História
    Autor: Paul Tournier
    Editorial Estampa, Lda

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  8. O mundo evolui mas em alguns assuntos ainda a passo de caracol. Este é um deles. Não tenho amigos homossexuais porque simplesmente não calhou. Mas por exemplo o melhor amigo da minha prima é homossexual e passei alguns momentos das minhas férias com eles. Em nenhum momento me senti incomodada. Desde que haja respeito cada um sabe de si e da sua vida sentimental:)

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  9. Não me fazem qq diferença... sendo pessoas perfeitamente normais... Apenas com gostos diferentes...

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  10. Não percebo qual é a polémica, e também não percebo essa mania de pensarem que o pessoal tem que se assumir. O que é que eu ganho em saber que este ou aquele é homossexual ou não? Eu sou jogador de futebol federado, será que vou ter que chegar ao meu balneário e dizer aos meus colegas que sou heterossexual? O preconceito é uma coisa que vai existir sempre, porque faz parte da natureza humana. Eu meto-me na minha vida e estou-me a cagar para aquilo que os outros fazem. Por isso não acho que ninguém tem que assumir nada, acho que estão a sobrevalorizar este assunto.

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    1. Não tens que chegar lá e dizer que és heterossexual. Mas o que acontecia se um colega teu dissesse que era homossexual?

      Assumir não tem que ser uma bandeira mas querer faze-lo não deve ser visto como uma espécie de crime.

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  11. Eh pah, já falei sobre isto há uns tempos no blog. Não vou buscar o link do post que me aborrece e provavelmente é mais prático resumir.
    Quando se fala em sexualidades, vês logo uma data de opiniões. há quem esteja contra, quem esteja a favor, e quem esteja contra mas diga que está a favor porque fica bem... acho que vejo um bocadinho de tudo sempre que se toca no assunto.
    O problema está em que as pessoas dão demasiada importância a isso. uma pessoa não muda o carácter por gostar do mesmo sexo, ou do sexo oposto. ser pró ou contra gay é para mim a mesma coisa que ser pró ou contra uma pessoa que nasce daltónica. Não me aquece nem me arrefece e por não ser exatamente igual à maioria da população não merece tratamento especial, nem negativa, nem positivamente.
    Não sei se Portugal alguma vez vai chegar a essa conclusão, mas pelo que vou vendo lendo e ouvindo, acho que falta muito, muito tempo para isso acontecer.

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    1. Bem observado. Não devem ser recriminados mas também não devem ser desculpados de tudo apenas porque são gays. Devia ser algo normal aos olhos de todos. Obrigado pelo comentário.

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  12. Os homossexuais são os melhores amigos que se pode ter, pelo menos na parte feminina.

    Gostei imenso da história do "Orlando Cruz" que poderia (ou não) ganhar os 21 combates.
    Em Portugal a homossexualidade ainda é vista como um "bicho papão" e que pode contagiar!

    Adorava ver muitas pessoas a passarem um dia, uma tarde em NY, nomeadamente Times Square. Desmaiavam... ;)

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    1. Tens razão G. concordo que os homossexuais são os melhores amigos que se podem ter. Mas sim em Portugal há muita descriminação. Felizmente que a pouco e pouco as mentalidades vão mudando mas muito devagarinho.

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  13. Penso que já referi no blog perdi um amigo aos 18 anos porque desistiu de tentar que os pais o aceitassem e suicidou-se na noite de natal.

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    1. Só uma observação, penso que as mentalidades de forma lenta mas vão alterando.
      Em mais uma incursão cinematográfica com a minha sobrinha assistimos ao "Paranorman", espero não estragar a surpresa a ninguém mas quando a típica miúda beleza americana convida o musculoso e muito belo para ir ao cinema ele aceita e mostra-se convicto que ela vai gostar do namorado dele...
      Isto para dizer que para estas crianças vai ser bem mais natural aceitar a diferença...

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    2. É uma situação muito triste :(

      Tal como aos olhos da próxima geração, ser filho de pais separados já não é um crime, talvez aconteça o mesmo em relação a este tema.

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  14. Cresci numa familia tradicional e fechada, pelo que esses temas eram "credo, Nossa Senhora!" - Nunca percebi porque evocavam a Nossa Senhora , que ela é Mãe de Todos até dos homossexuais...é assim!:)
    Como sempre tive um bocadinho o "espirito de contradição" era isso que diziam de mim, eu sempre quis saber e conviver com "gente assim" como diria a minha tia:S

    Tive um amigo homosexual na faculdade maravilhoso...adorável, com quem eu falava de tudo...era um amigo.
    Era bom que realmente as pessoas se assumissem, sem medo de represálias, conseguiriam uma estabilidade emocial que escondendo o que são talvez na consigam.

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  15. Conseguimos mudar muita coisa mas mentalidades? Essas... é tão difícil. Infelizmente!

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  16. este tema continua a ser, infelizmente, bastante delicado, mas tenho sentido uma evolução tremenda nos últimos anos que me faz acreditar que sim, é possível mudar mentalidades. não de uma vez, o que é natural, mas aos poucos. sou defensora de que deveríamos ter todos os mesmos direitos, seja em relação a casamento, a filhos, ou mesmo ao simples facto de dar um beijo na rua, e acho que, a pouco e pouco, tudo isso vai tendo lugar na nossa sociedade, no nosso país. nada me deixou mais orgulhosa do que o dia em que o casamento foi legalizado. nunca pensei que em Portugal isso fosse acontecer, sobretudo tão cedo, quando ainda há tantos preconceitos. e exemplos como o do pugilista de quem falaste serão sem dúvida um incentivo para que, aos poucos, se vá tornando mais fácil assumir em toda e qualquer esfera quem somos, sem termos medo de ser prejudicados por isso, ou olhados de maneira diferente. somos todos iguais. e tal como ninguém escolhe a pessoa por quem se apaixona, também não escolhe o sexo que o atrai. continua a chocar-me profundamente que haja pessoas que acreditam que a orientação pode ser mudada, que é uma questão de escolha, ou de doença. mas sinto que as pessoas que pensam assim são cada vez mais uma minoria e que um dia, espero que não muito longe de hoje, estes preconceitos tão dolorosos acabarão por deixar de se fazer sentir.
    quando alguém diz que as manifestações de carinho entre pessoas do mesmo sexo lhe faz impressão, dá-me vontade de rir, porque a mim faz-me impressão ver um homem com uma mulher aos beijos desenfreados em público, tal como me faz impressão ver uma mulher com uma mulher ou um homem com um homem. acho que há algumas coisas que se dispensam no meio da rua. mas ninguém tem de esconder o seu amor por outra pessoa só porque incomoda os outros. mãos dadas, beijinhos, carinho, bolas, sabe tão bem ver pessoas apaixonadas, quaisquer que elas sejam.

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