elas e o dinheiro

Gosto de regatear preços. Acho que todos os valores são negociáveis e aprecio muito mais comprar coisas num mercado onde as quantias são discutidas do que numa grande superfície comercial. Encanta-me o processo que leva ao preço final. Os argumentos de quem vende. Os de quem compra. E tudo o que envolve esses animados diálogos.

Já vivi momentos destes em diversos países. Recordo-me logo da República Dominicana, Tunísia, Ucrânia e Portugal, mais especificamente na Feira de Artesanato que decorre na FIL. E apesar dos diferentes ambientes e culturas, há algo que é comum em todos os locais. As mulheres. Pois são elas que conseguem sempre o melhor preço.

Numa discussão para comprar algo, os homens devem recuar. Devem esquecer o orgulho de macho dominante (algo que não existe). Não devem revelar ao vendedor que são (algo que muitos homens gostam de fazer) eles que mandam nas contas da família. Mais. Devem dizer que a mulher é que manda. Que é a mulher que toma conta do dinheiro. E afastam-se da negociação. Apesar de estarem perto da mulher, não dizem quase nada. Apontam para ela e dizem apenas que ela é que manda. E assim conseguem um preço muito melhor.

E passa-me algo semelhante nas dívidas. Há pessoas – sobretudo homens – que não se importam de dever dinheiro a outros. Indivíduos que mentem quando contactados para pagarem aquilo que devem. Nunca sentem vergonha por deverem algo a alguém. Até ao dia em que é uma mulher a cobrar a dívida. Nessa altura, boa parte deles paga logo aquilo que deve. Não compreendo este sentimento de vergonha “feminino”. Dever algo a alguém não é motivo suficiente para que a pessoa se sinta mal? É preciso que uma mulher cobre a dívida para isso acontecer?

Existe uma ideia generalizada de que as mulheres gastam muito mais dinheiro do que os homens. Eu discordo por completo. É certo que cada caso é um caso mas acho que, de forma geral, elas têm uma relação muito mais séria com o dinheiro e conseguem ser mais disciplinadas financeiramente.