já fui enganado duas vezes

Primeiro, foi a Cocó na Fralda a dizer que era o Dia dos Irmãos, data que desconhecia até hoje. Depois, foi uma amiga, que não sendo minha irmã de sangue, trata-me como irmão, que me identificou numa publicação na sua página de facebook a desejar-me um feliz Dia dos Irmãos. E eu acreditei. Tanto na Sónia como na minha amiga. Afinal, parece que a data não se comemora hoje mas isso não importa para nada.

Ler que supostamente se celebrava um dia dedicado aos irmãos fez-me pensar na única irmã que tenho. Agora é aquela altura em que diria que amo muito a minha irmã. Que não sei viver sem ela. Que a nossa relação é, foi e sempre será perfeita. Ou seja, descarregava todos os elogios de que me lembrasse. Depois disso, lia um dicionário e despejava mais uns quantos. Mas isso faria de mim um grande mentiroso.

A minha relação com a minha irmã, que é seis anos mais velha do que eu, não é perfeita. Nunca foi. Até porque não existe perfeição. Amo a minha irmã de coração. Dou a minha vida por ela se for necessário. Mas a verdade é que recordo-me de puxões de cabelos. De estaladas. Agressões verbais, entre outras coisas. Aquilo que gosto de considerar relativamente normal numa relação entre irmãos de sexos diferentes que se amam. É óbvio que também me lembro de muitos momentos bons. Até me lembro de procurar o seu diário e deliciar-me a ler o que constava nele.

Os anos foram passando. As brigas diminuindo. Até que a minha irmã começou a namorar. Conheci boa parte dos seus namorados (acho eu). Posteriormente, a minha irmã iniciou uma relação longa e houve momentos em que me senti posto de parte. Sentia que nunca era convidado para nada com eles. Talvez fossem ciúmes da minha parte. É o mais provável. Essa relação não teve um final feliz mas felizmente aproximou-me ainda mais da minha irmã.

A partir daí senti-me o seu grande apoio. Saímos muitas vezes juntos. As miúdas não se metiam comigo nem os rapazes com ela porque pensavam que éramos namorados. Isto devia-se ao facto de irmos, por exemplo, sozinhos a uma discoteca. A minha irmã desabafou muito comigo. E isso fez-me sentir muito importante. Desde então que nada disso se alterou.

Seguiu-se uma nova relação. Com o homem certo e dessa relação resultou a única sobrinha que tenho e que amo como se fosse minha filha. O nascimento dela aproximou-me ainda mais da minha irmã. Não minto se disser que tenho saudades das nossas picardias mas a verdade é que aprecio com muito encanto cada um dos momentos que agora vivemos.

Sei que a minha irmã não anda por aqui. Mas não faz mal. Mas se vieres a ler isto, fica a saber que hoje fizeram-me pensar que era o teu dia. Como nunca soube que este dia existia, dei por mim a pensar em coisas que sinto mas que nunca te disse pessoalmente. Já te disse por diversas vezes que gosto mesmo muito de ti mas nunca fui tão alongado e específico. Sabes como são os rapazes. Mais reservados. Mas a verdade é que te amo e que és muito importante na minha vida. Ontem. Hoje. Sempre.