diário de bordo – dia 2. saudades a menos dois

Escrevo este texto sentado em metade do meu sofá. Sim, em metade. Já está dividido em dois para facilitar o transporte. Olho para a direita e vejo uma caixa cheia de objectos. Partes da minha cama e um martelo pousado em cima de uma caixa de ferramentas. Do lado esquerdo, a outra metade do sofá e mais duas caixas prontas a carregar. À minha frente está a televisão, a Playstation, a sexta temporada de Dexter e o PES2013. Ou seja, a sala é um esqueleto daquilo que foi.

Recordo-me de uma das primeiras vezes em que entrei nesta casa. Sentei-me no chão da sala e olhei para o espaço vazio. Imaginei aquilo que iria construir aqui. Aquilo que seria uma primeira etapa de uma vida a dois. Não fiz planos mas sonhei enquanto estava sentado no chão. As coisas correram bem, muito bem mesmo. E pensava que tudo isso fizesse com que custasse muito mais abandonar este apartamento. Porém, estava errado. Talvez seja a paixão pela nova casa que faça com que as saudades desta já estejam diluídas nestes últimos dias. Ou talvez seja o facto de ser uma pessoa de sentimentos e não espaços ou locais. A minha felicidade depende sempre de quem está comigo e nunca do local onde estou.

À parte do tema saudade, dói-me tudo. Mas não cedo. Carrego tudo e mais alguma coisa. Mas hoje tenho mesmo de ser ajudado. E palpita-me que carregar o colchão vai ser uma enorme aventura. Mas disso falarei mais tarde. Tinha dito que a mudança permitia-me treinar ao ritmo de um atleta profissional. E isso sabe-me bem. Ainda não me pesei hoje mas o primeiro dia de mudanças tornou-me dois quilos mais leve. E por mais dores que tenha, este aspecto é sempre positivo.