csi: hsb

Tenho a sorte de ser pago para fazer aquilo de que gosto. Estudei para ser jornalista. Arranjei estágio antes de concluir a licenciatura e a meio do estágio fui contratado. Na altura senti-me um sortudo por tudo correr bem. Passados alguns anos, sinto-me ainda mais privilegiado por aquilo que referi pois integro um mercado bastante complicado, pequeno e saturado.

Aquilo de que mais gosto na minha profissão é que me permite conhecer pessoas. Ao longo da minha ainda “curta” carreira tive a oportunidade de visitar vários países e de privar com rostos conhecidos de diversas áreas. Por cá, também tive a oportunidade de estar com pessoas que me habituei a ver desde pequeno. Umas foram uma agradável surpresa. Outras uma desilusão completa. É como tudo na vida.

Profissionalmente, tenho como regra não deixar transparecer para a pessoa que entrevisto, por exemplo, se gosto ou não de si. Tal como não faço distinções entre uma pessoa com vinte anos de carreira ou outra que vive os primeiros vinte segundos de fama. Trato todas as pessoas da mesma forma. E isto não aprendi na universidade mas em casa.

Contudo, mentia se dissesse que enquanto profissional é igual para mim estar perante uma pessoa que não me diz nada e outra que me diz muito. O modo como preparo as conversas é igual. Faço uma pesquisa sobre a pessoa. Tento saber tudo aquilo que existe para saber. A gestão da entrevista também é igual. Mas, enquanto pessoa (apesar disso nunca transparecer) tenho as minhas preferências. O segredo é que ninguém saiba quais são.

Por exemplo, hoje vou estar à conversa com Gary Dourdan, mundialmente conhecido pelo papel de Warrick Brown, em CSI: Crime Scene Investigation. A expectativa é elevada porque se trata de um actor (e músico) reconhecido internacionalmente e que aprecio. Nesta altura, surgem sempre algumas dúvidas na minha mente. Será estrela? Ou simples? Terá tiques de vedeta? Irá responder a tudo aquilo de que pretendo falar? Vai ser antipático? Estes são apenas alguns exemplos daquilo em que penso.

No meu caso, a dimensão destas dúvidas é proporcional ao cv da pessoa com quem vou falar. Porém, a experiência diz-me que o vedetismo costuma aparecer onde menos se espera. Naquelas pessoas que são muito pequenas mas que se julgam enormes e donas do mundo. E é com essa sensação que vou para este entrevista. E uma coisa é certa, nenhuma entrevista irá mudar a forma como encaro aquilo que faço. Pois conversar com pessoas diferentes de nós é do melhor que pode existir. Mesmo que a conversa seja uma total desilusão consegue aprender-se algo. Aquilo que vai mudando é a forma como vejo as pessoas. Mas isso já é outro assunto.