apenas vergonha #6

Há momentos de vergonha que me deixam mais embaraçado do que outros. Falo daqueles vividos entre duas pessoas que estão muito perto uma da outra. Pior ainda, que não se conhecem. E foi isso que me aconteceu quando fui fazer um exame nacional do 12º ano.

Quando acabei o exame dirigi-me para o carro. Quando estava prestes a entrar reparo numa rapariga que olha na minha direcção. Podia dizer que era linda de morrer mas não me recordo. Sei que captou a minha atenção porque estava a gesticular na minha direcção.

Inicialmente não liguei. Mas ela não parava. Gesticulava. Sorria. E voltava a gesticular. Continuei a não ligar. E ela mantinha-se a fazer aquilo que estava a fazer. Como não vi ninguém perto de mim, fiz aquele gesto característico nestas situações. Apontei para mim para saber se queria algo comigo pois os gestos que fazia não transmitiam nenhum sinal claro do que quer que fosse.

A resposta dela foi rápida. Gesticulou com o dedo como quem diz que não. E gesticulou como quem aponta para as minhas costas. Nessa altura, voltei-me e vi um rapaz dois carros ao lado do meu. O alvo dos gestos da jovem estava no único local para onde não olhei, ou seja, para as minhas costas.

Sorri, meti-me no carro e fui à minha vida. E é isto. Apenas vergonha.