ser único é...

Farto-me de ouvir pessoas dizerem que são as maiores, as melhores, as mais espertas, as mais bonitas, as mais inteligentes, as mais sexys e podia ficar aqui horas a debitar qualidades. Resumindo, acham-se únicos por reunirem tantas qualidades. Por acréscimo, entendem que ser único é sinónimo de bom. É um carimbo de qualidade que só os predestinados recebem à nascença. Mas, será mesmo assim? Ser único é ser bom? Útil? Mais do que o outro?

 

Acho que não. Para mim, ser único é isso mesmo. Uma unidade. E todas as pessoas são únicas. Até os gémeos são únicos. Até aqueles que passam a vida a imitar alguém são únicos. Porém, cada uma destas unidades não é melhor do que alguém por entender ser único. Qualquer pessoa que pare um pouco para pensar percebe que o mundo está cheio de únicos.

 

Um simples garfo sem dentes no meio de uma gaveta repleta de outros exemplares com dentes é único. Uma singela faca sem serrilha que está acompanhada por dezenas de facas com serrilha num rodízio brasileiro é única. Uma maçã podre numa cesta de maçãs boas é única. Uma lâmpada fundida ladeada por dezenas de lâmpadas incandescentes é igualmente única. Agora, será que o garfo sem dentes, que a faca sem serrilha, que a maçã podre e que a lâmpada fundida são extraordinários? Será que são úteis? Será que são mais do que os outros?

 

Ou será que simplesmente não servem para nada? É verdade que são únicos. Disso, não tenho dúvidas. Porém, isso não é um carimbo de qualidade. Mas de inutilidade porque ser único é isso mesmo. É ser uma unidade no meio de tantas outras. Porém, ser especial ou extraordinário é algo completamente diferente. E por mais que gritem que são únicos… nunca vão passar disso mesmo. Apenas uma peça no meio de tantas outras, todas diferentes, que formam um puzzle gigantesco.