10.1.13

revistas del corazon


Ao passar pelo blogue da Carolina Duarte deparei-me com uma questão: “quão gratificante é o trabalho dos jornalistas cor-de-rosa?”, perguntava. Como sou jornalista, achei o tema bastante interessante e merecedor de algumas linhas.

Várias pessoas falam do jornalismo social como cor-de-rosa. E isso é algo que os próprios jornalistas não percebem. É verdade que a expressão “prensa rosa” é muito popular. Tal como é “revistas del corazon.” Porém, ninguém lhes chama jornalistas do coração. E se o jornalismo social é cor-de-rosa, significa que o económico é verde? Que o desportivo é vermelho, azul ou verde? E que os jornalistas que trabalham para publicações generalistas são multicores? Enquanto jornalista nunca percebi esta associação a uma cor.

Depois do rótulo da cor, normalmente associa-se o jornalismo social a algo desinteressante. Por norma é um jornalismo detestado por todos. Aliás, os profissionais da área são acusados de nem sequer serem jornalistas. São uns meros seres que vasculham a vida de alguém. Será que é mesmo assim? Por exemplo, o caso do Miguel Relvas e do curso relâmpago na Universidade Lusófona. Colocando de parte a sua importância política, isto não é vasculhar a vida privada da pessoa? Imaginemos que a situação era a mesma mas que o protagonista era o Brad Pitt ou Angelina Jolie. Provavelmente, boa parte das pessoas ia referir-se ao casal como “coitados”. “Lá andam as pessoas a vasculhar a vida deles. O que importa como se formou”, diriam.

Enquanto jornalista, o que posso dizer é que conheço diversos jornalistas do social que são uns profissionais brilhantes. Também posso dizer que conheço alguns, do tal jornalismo “serio” que são uns aldrabões. Que escrevem com base em mentiras. Porém, quem lê as notícias escritas por estes acredita nas mesmas como verdades universais. O mesmo já não se passa com os tais jornalistas do social. Que raramente têm credibilidade, por melhores que sejam no seu trabalho. Se existem mentirosos e aldrabões no jornalismo social? Sim. Imensos. Tal como noutra vertente jornalística qualquer. Aliás, haverá alguma profissão que não tenha mentirosos e aldrabões?

Enquanto jornalista, defendo que seja em que área for, as regras têm de ser as mesmas. O jornalista tem de ser objectivo, imparcial e verdadeiro. Tem de confirmar as informações que recebe e não acreditar em tudo de mão beijada. Tem de confrontar os visados das informações para que estes se defendam sobre o assunto. E isto é em qualquer vertente da área, seja ela cor-de-rosa, vermelha ou às bolinhas brancas. Além disto, tem de adaptar a sua escrita ao local onde trabalha. Não pode ter uma escrita social num jornal económico ou vice-versa.

Um dado que acho curioso enquanto jornalista é que ninguém assume comprar ou muito menos ler a referida imprensa cor-de-rosa. Mas, se é assim, como é que se justifica que a revista Maria venda cerca de 250 mil exemplares por semana. E a TV7Dias, que vende 200 mil por semana? E a Nova Gente que vende 150 mil? E a Caras que vende 70 mil? Há assim tantos cabeleireiros e dentistas em Portugal? Por norma as pessoas dizem que só passam os olhos por estas publicações nestes locais.

Até podia falar de algo muito importante e que as pessoas desconhecem. Podia versar sobre aquilo que as pessoas estão dispostas a fazer para aparecerem numa publicação. Mas o texto já vai longo e isso fica para outra oportunidade...

46 comentários:

  1. Somos um povo "voyeur" sem o admitir. O indice de vendas das revistas sociais e as audiencias de reality shows sao factos. Quanto as cores deve ser moda: alerta laranja, alerta vermelho,...e por ai fora...
    Acho que anda tudo a ler-te hsb "show me your true colors":)

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  2. Resumindo e concluindo há bom e mau jornalismo, como há bons e maus jornalistas, como em todas as profissoões do mundo.
    E agora para vos deixar com um sorriso nos lábios lembrei-me do vigarista que no outro dia foi descoberto, aquele que andava a enganar toda a gente!!! Até os jornalistas "sérios" de lacinho e gravata...há bom e mau em todo o lado.
    Estou com a Maria Misteriosa importa é que cada um mostre as suas verdadeiras cores, como tu!

    Jinho HSB

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  3. Grandes e simples verdades... Gostei de ler! Mais do que haver "bons" e "maus" em todas as profissões (que existem!), há muita gente que não mostra a sua "...true color" e vai indo e concordado conforme lhe convém... ;p

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    1. As pessoa não têm noção de que existem jornalistas "sérios" muito maus. Sem qualquer ética profissional.

      E que pode existir o oposto no jornalismo social ;p

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  4. Acima de tudo tem de haver respeito pelo profissionalismo dos jornalistas quer els sejam de jornais diários, jornais económicos, revistas de generalidade ou de especialidade...ou revistas cor-de-rosa! Eu cá assumo...todos os fds compro a Nova Gente :) ...tal como compro o Expresso, a revista Premiére, a Visão :)

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  5. Estás a ver como é que são os jornalistas?? Descontextualizaste a minha declaração e tudo! :p

    Penso que tenha explicado o meu ponto de vista ao longo dos comentários a que fui respondendo.

    Eu leio muitas vezes, não porque as compre para mim, mas tenho de as comprar no meu local de trabalho e lei-as nas minhas pausas. Mas a Maria é mesmo a revista que mais vende??? Deve ser por causa das dúvidas que esclarece :)

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    1. Eu??? :)

      Limitei-me a pegar na tua pergunta e a falar sobre a mesma. A Maria vende muito por diversas razões. Tamanho. Preço. Resumos de novelas e histórias da vida real.

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  6. Eu compro uma única revista "cor de rosa", porque me interessa...
    :)

    Beijos

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  7. Penso que no teu post acabaste por dizer tudo: há profissionais de todo o tipo em qualquer àrea, há pessoas que se prestam a muitas coisas para terem 3 minutos de fama e as pessoas compram porque o ser humano tem uma propensão própria para a curiosidade. Acho que não podias ter sido mais claro e assertivo, parabéns*

    http://ovagoencanto.blogspot.pt/

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    1. Penso da mesma forma de que tu. E acreditem que há pessoas que fazem mesmo tudo por dois segundos de fama.

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  8. Concordo contigo, todos são jornalistas e devem ser bons profissionais. Agora diz-me, achas que um bom jornalista, se tiver oportunidade, continua a ser jornalista de imprensa cor de rosa, ou prefere passar para outra, dita mais séria?
    vidademulheraos40.blogspot.com.

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    1. É uma bela questão. Mas existem jornalistas do social que não passam a vida a vasculhar a vida dos outros. Fazem entrevistas, reportagens interessantes e têm a oportunidade de conhecer muitos locais. Depois, há outra vertente. O jornalismo social é quase todo semanal. O sério é - parte dele - diário. O que implica mais horas de trabalho e muito mais stress. A isto junta-se o dinheiro. Cada caso é um caso mas acredito que boa parte dos jornalistas gostaria de fazer aquele tipo de peças que podem fazer cair um Governo, por exemplo.

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  9. Mas convenhamos que a imprensa "cor-de-rosa" pouco tem de objectiva, imparcial e verdadeiro. Eu pelo menos penso assim.

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    1. Será? Ou será que não aprecias o conteúdo. O que é necessário analisar é a forma como o jornalista fez o seu trabalho e não o tema.

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    2. muitas vezes o que publicam como verdade vêm dias depois publicar como mentira! não confirmam as fontes antes de esparramarem as coisas numa revista? Alguém diz e eles simplesmente assumem como verdade porque acham que vai vender

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    3. Confirmar as fontes é a obrigação de qualquer jornalista.

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  10. I love the smell of gossip in the morning... Eu e toda a gente. Quem diz que não lê revistas "sociais", mente. TODAS as publicações têm a sua vertente cor de rosa, agora que algumas são más demais.... Até os noticários televisivos... Qualquer escandalo , calamidade ou notícia sensacionalista é tema de abertura para garantir audiências, e quanto mais dramático, melhor

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  11. tenho a dizer que relativamente as revistas cor de rosa não acho piada nenhuma. o q me interessa a mim se A, B ou C esteve naquele restaurante, se vestiu isto ou aquilo,etc, etc lol NÃO ME ACRESCENTA MESMO NADA!
    RELATIVAMENTE ao trabalho do jornalista tal qual qualquer outra area profissional...e penso que todo o profissional será um excelente profissional se pontual, imparcial" o q acredito nem sempre seja fácil", neutro, objectivo, e não se deixar "comprar" :)

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    1. A pessoa tem de ser sempre imparcial. Se não consegue ser num determinado assunto, não escreve sobre o mesmo.

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    2. heheh por vezes é capaz de ser difícil resistir! :)

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    3. Mas o jornalista tem a obrigação de ser superior a isso, excepto alguns casos pontuais como o jornalista que vibra com um golo de Portugal, por exemplo.

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  12. existe um quiosque de revistas na familia.... e digo-te que as pessoas COMPRAM as revistas SIM!!!
    e o correio da desgraça...vulgo CM....
    credo...tanta desgraça junta a contrastar com a vida cor di rosa...
    maus profissionais??? há-os em todos os ramos :P
    beijosssssssss

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  13. Eu não consigo abrir a revista Maria sem passar os olhos pelo Diário. Acho sempre que a pessoa que escreve aquilo deve divertir-se à brava :) Quem será que escreve aquilo?

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    1. Será que sei? Será que não sei? Isso agora... ;p

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    2. Não me digas que és tu... :)
      Se conheceres diz-lhe que tem aqui uma fã! :)

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  14. HSB,

    Que vontade de comentar em muitos dos teus posts... Mas o tempo, ai o tempo!! :)

    Paro neste.
    Com muita facilidade se julga este tipo de revistas e, pelo que te leio, correspondentes jornalistas. Tenho algum cuidado em fazê-lo...

    Não as compro. Mas, de vez em quando, folheio uma ou outra. Nada como ir cortar o [pouco] cabelo (ai, a vaidade, eheheh), para aí estarem duas ou três no cabeleireiro.

    Sabes porque é que as gosto de folhear?

    Eu estudo temáticas como o Corpo e a corporeidade, e essas revistas são uma óptima fonte de investigação. Temas como moda, new look, sexo, casou ou descasou e o porquê, mais gordo(a) ou mais magro(a), a lipoaspiração dermoestética, and so on... falam imenso do ser humano. Se têm tiragens de milhares, como dizes, são compradas. As pessoas que não aparecem nessas revistas e as compram tentam identificar-se com o que nelas vem, ou “evadir-se” das suas vidas para entrar nas de outros(as). Quando preparo conferências (ou quando preparar as minhas futuras homílias), tento (tentarei) sempre aterrar os temas “metafísicos” para o concreto. Se entro imediatamente no campo moral, corro o rico de não ir a questões que, a meu ver, são mais importantes.

    Por isso, se em geral não julgo com facilidade, também não o faço com estas revistas. Mesmo não concordando com a forma como muito é apresentado, por incrível que pareça, muito pode surgir de uma revista cor-de-rosa, azul, verde, multi-color, etc.

    ;)

    Grande Abraço!

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    1. Gostei da forma como analisas o tema. Os meus parabéns!

      Grande abraço :)

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  15. Tenho uma amiga de revista cor-de-rosa neste momento e ela sp foi boa jornalista em vários sectores, inclusive jornalismo televisivo. Aliás, qdo estudávamos já se "via" que ia ser uma óptima jornalista.
    E confesso: não tenho paciência para ler essas revistas, saber nomes. Prefiro ler outro tipo de revistas.
    Como a minha mãe diz, "por isso é que o mundo não tomba". :)

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    1. Ler ou não é uma decisão de cada um. Mas assumir logo que o jornalista é mau é um erro crasso :)

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  16. A expressão "cor-de-rosa" caso não saibas,é uma maneira de referir o jornalismo que trata de assuntos relacionados com celebridades,vidas pessoais e pessoas.
    O termo "cor-de-rosa" está associado com o fazer o leitor sonhar e se tornar curioso.
    O exemplo do Miguel Relvas não se encaixa nesta área porque o jornalismo social não tem notícias sérias,aquilo é uma espécie de passatempo que torna o povo ainda mais ignorante.
    Basta ver por aí os sites de notícias a publicarem os vídeos mais visualizados,um artista que se torna reconhecido por não sei quê,fotos de universitárias numa página para ganharem mérito pela aparência,etc.
    Agora,sinceramente:achas que estas banalidades devem ser exibidas ao mundo?Qual é o objectivo destas notícias na sociedade?
    Meu caro,isto não acrescenta nada,só suscita críticas e vê-se sobretudo o nível de jornalismo!!!
    Quanto à imprensa:eu nunca leio nem compro revistas "cor-de-rosa",são mesmo desinteressantes e patéticos.(e grande parte do que sai ou são boatos ou as notícias variam de revista para revista mas se calhar,os leitores preferem acreditar nisso porque ser culto, na cabeça deles dá trabalho)

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    1. Isilda, obrigado pelo teu comentário. Porém, discordo por completo. Aliás, permite-me que te diga (e peço desculpa se estiver errado) mas parece-me que não tens contacto com qualquer pessoa dos "bastidores" de uma qualquer publicação.

      Caso não saibas, não existe jornalistmo cor-de-rosa. Existe jornalismo da área do social. Porque se esse é cor-de-rosa. Qual é a cor do desporto? E do económico? e de todos os outros?

      Dizes que o exemplo do Miguel Relvas não se enquadra. A licenciatura dele não é um aspecto da sua vida privada? Se ele a comprou ou não (algo que deve ser desmascarado) não é pessoal?

      Dizes que no social não há notícias certas. Então diz-me uma coisa. O que é mais importante para as pessoas? Ver uma notícia de um qualquer telejornal onde mostram duas pessoas que lutam por uma árvore que está no terreno dos dois ou saber que uma qualquer celebridade portuguesa, que vai ás festas dizer-se rica e isto e aquilo, na realidade está falida e deve dinheiro a todos os seus empregados que sempre foram mal tratados e vítimas de abusos? O que será mais relevante?

      Dizes que o social é feito de boatos. Estás enganada. Em duas coisas. Muito do que lês no social é verdade. Mais, somos um país de brandos costumes. Se estivessemos em Inglaterra, nos EUA ou Itália, seriam escritas muitas coisas que morrem na gaveta porque os jornalistas são simpáticos. Em relação aos boatos. Existem em todos os lados. Ou por acaso acreditas que todos os dias aparecem dez clubes interessados em comprar um qualquer jogador que joga em Portugal. Caso não saibas, são os empresários e os clubes que passam essas informações de modo a aumentar o valor comercial de um atleta.

      A imprensa está cheia de boatos. TODA ela.

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  17. Durante anos e enquanto produtora de imagem estive em muitas produções e entrevistas cor de rosa e tanto haveria para dizer...

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  18. Eu compreendo que as pessoas gostem de as ler ou ver o que não compreendo é que gostem de aparecer nelas! :)
    Também não compreendo porque se chamam de "cor de rosa" porque a maior parte das vezes só trazem problemas para as pessoas que nelas aparecem.
    xx


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