à vontade e à vontadinha

A confiança é uma das coisas mais difíceis de conquistar. Aliás, acho que a confiança só se adquire mesmo por conquista. Não é algo que se venda. Que se compre. Também não se aluga. E muito menos se empresta. E também não se troca por outra coisa qualquer. Ou se conquista ou não se tem. Algo simples para mim.

E isto que acabei de referir está bem vincado na minha mente quando conheço alguém. Quando sou inserido num grupo de pessoas que já se conhece há vários anos. Lentamente vou apalpando o terreno que piso e conquistando o meu espaço. Com essas pequenas conquistas chega a confiança. Que pode ser apenas de um membro daquele grupo de pessoas ou que até poderá ser partilhada por todos. Até lá, o meu comportamento é controlado pela barreira imposta pela ausência de confiança. Isto não significa ser falso ou agir de forma diferente daquilo que sou. Significa apenas saber qual é o meu espaço. Onde acaba a minha liberdade e onde começa a da outra pessoa.

Como tal, não percebo aquelas pessoas que acabam de conhecer alguém e passados cinco minutos de convívio julgam ter a confiança necessária para fazer o que os outros amigos fazem. Entendem que podem fazer piadas, por exemplo de cariz sexual, com a pessoa. Julgam que podem meter a mão no prato e roubar uma batata frita. Que podem entrar no carro e fumar um cigarro sem pedir autorização. E podia passar horas nisto.

Sempre ouvi dizer que “à vontade não é à vontadinha” e há pessoas que deviam andar com esta frase escrita na palma da mão de modo a agirem de forma correcta com a confiança que (não) têm. Para mim, atitudes destas são meio caminho andado para nunca existir confiança.