o burro, a corda e a cenoura

As avaliações físicas fazem-me sempre recordar aquela imagem do burro que tem uma cenoura à sua frente, presa numa corda que está igualmente preso ao seu corpo. E quanto mais o burro corre para apanhar a cenoura, mais ela foge, acabando por estar sempre à mesma distância. Nunca fui adepto de avaliações físicas. Já era assim quando me submetia às baterias de testes motivados pelo futebol e continuo a ser assim nesta fase da minha vida, em que faço menos avaliações.

 

No início deste ano, decidi realizar uma para saber qual o melhor treino para aquilo que preciso. Na parte da gordura corporal, descobri que tenho um excesso de aproximadamente três porcento. Este foi aquele momento em que me senti aliviado por descobrir que não estou tão mal como pensava. Depois chegou a parte do burro, da corda e da cenoura. E esse momento começa sempre com um “mas”. Mas, disseram-me, aquele valor que vês ali é o indicado para a tua idade. Um atleta pode descer até aos sete porcento de gordura corporal. Por isso vamos acrescentar mais dois porcento ao teu objectivo de treino.

 

Esta percentagem é a cenoura. Neste momento, corro que nem um louco atrás dela. Mas sei que quando lá chegar, a cenoura vai afastar-se para outro local, para um novo objectivo. E sei que voltarei a correr atrás dela. Mas neste caso não me importo que assim seja pois é algo benéfico para a minha saúde e bem-estar. O mesmo já não posso dizer das pessoas que usam e abusam dos burros, das cordas e das cenouras para nos motivarem apenas para alcançarem algo que desejam.