saber ganhar na derrota

Saber ganhar é a coisa mais fácil do mundo. Levanta-se os braços. Dá-se uns pulos. Recebe-se uns abraços. Tira-se umas fotografias. Dá-se beijos no troféu (mesmo que seja imaginário). Unem-se as palmas das mãos e espera-se pela ovação que celebra a conquista (mesmo que se esteja numa sala vazia). Isto é algo nato. Que todos sabemos fazer.

Porém, saber perder é algo ao alcance poucos. E saber perder não é o mesmo que gostar de perder. São coisas distintas. Saber perder é ter capacidade suficiente para fazer uma auto-análise e perceber que alguém merece mais a conquista. É perceber que apesar de se ter dado o melhor, houve alguém que conseguiu superar o nosso melhor. É saber felicitar quem ganha em vez de enfiar a cabeça na terra tipo avestruz para não assistir às celebrações.

É o mesmo que aquelas pessoas que não são capazes de assumir os seus erros. Pessoas que por norma não sabem ouvir uma crítica e perceber que a mesma foi feita com o intuito de melhorar algo referente a um aspecto específico. Pessoas que cometem o mesmo erro 75 vezes. Pessoas que são corrigidas 75 vezes. Pessoas que nessas 75 vezes dizem que estão bem e que todos os outros é que estão mal. Pessoas que nunca erram porque simplesmente adaptaram o significado de erro no seu dicionário de vida. Erro passou a ser algo exclusivo dos outros.

Ganhar não é ter a prateleira cheia de troféus e menções. Isso pode fazer de alguém um vencedor mas apenas isso. E há pessoas com prateleiras bem recheadas – nem que seja apenas nas suas cabeças - que cedo vão cair no esquecimento. Que cedo vão passar de moda. Que em breve vão ser apenas passado. Porém, há muitas pessoas cujas prateleiras albergam apenas pó. Nada mais do que uma gigantesca acumulação dessas ténues partículas. Mas são pessoas que sabem perder. Melhor, que sabem ganhar na derrota. Que têm uma atitude digna nos momentos complicados e de desilusão. E esses é que são os verdadeiros campeões.