saldos... devia ser sempre assim

Já aqui disse que a minha relação com os saldos é tudo menos perfeita. Existem momentos em que chega mesmo a ser marcada pelo ódio. Entro numa loja (seja ela qual for) e durante breves instantes olho para os artigos que se amontoam na zona dos saldos. Nada merece a minha atenção. Como tal, segundos depois já estou a observar as novas colecções. Hoje não foi excepção. A minha primeira (e talvez única) incursão aos saldos tinha apenas um objectivo. Comprar uns ténis de corrida para o renascimento da minha vida desportiva. Apesar de gostar muito dos que tenho – um dos meus problemas é perceber que há coisas que têm prazo de validade - entendi que já não estão nas melhores condições. Um enorme buraco ajudou-me a perceber isto!

Entrei numa loja de desporto e durante trinta segundos vi os modelos que estavam em saldos. Confesso que ainda experimentei um deles que foi rapidamente colocado de parte. Porquê? Porque os meus olhos sentiram-se atraídos por um modelo que não estava em promoção. Como se tratavam de uns ténis que custavam quase cem euros, nunca ousei experimenta-los. Até hoje... Para mim, gastar 84 euros em ténis de desporto é algo que me dá um aperto no coração. E outro na carteira. Porém, reparei que havia uma diferença de dez euros entre o preço da caixa dos ténis e aquele que constava no expositor. Naquele momento em que quero comprar algo, agarro-me a tudo aquilo que me dá razão para efectuar a compra. E estes míseros dez euros significam o mundo para quem tem a consciência pesada por ir comprar algo dispendioso. Pelo menos, eu sou assim.

Mentalizei-me que podia pagar os 74 euros pelos ténis e dirigi-me à caixa. “Tem uma diferença de dez euros em relação ao preço da caixa”, salientou a funcionária quando registou o artigo. “Boa escolha. Tenho o modelo feminino e são muito bons”, acrescentou. Esta frase foi boa pois deu-me mais um motivo para a compra me pesar menos na consciência. Eis que, a funcionária carrega no “enter” para concluir a compra. Foi então que os 74 euros passaram para 59,99 euros. Nesse instante, e por mais fútil que isto possa soar, senti-me muito bem. Porque tinha estipulado gastar apenas 50 euros na compra dos ténis. E só aceitei gastar mais do que esse valor por perceber que se tratava de algo que tem a missão de proteger os meus pés, pernas, joelhos e costas. E isso é algo que não tem preço. Felizmente, este pensamento acabou por ser recompensado com a inesperada redução do preço. E assim se conta a história do meu momento mais feliz nos saldos. Porque não pode ser sempre assim? Isso é que era...