o ego. o problema do ego.

Gosto de frases. Das especiais. Daquelas que me são dirigidas quando menos espero. Das lamechas. Dos clichés que toda a gente usa. Daquelas que foram ditas por personalidades de outros tempos. Das que me fazem pensar. Daquelas que se transformam em ideais de vida. Das que queremos tatuar no corpo e na nossa vida. E também daquelas que nunca esqueceremos. Acho que podia ficar horas a descrever o tipo de frases que captam a minha atenção.

 

“Para o mundo podes ser apenas uma pessoa mas para uma pessoa podes ser o mundo”, é uma daquelas lamechas de que gosto. É bom ouvir isto de alguém especial naqueles momentos em que estamos sem força para nada. Espero que toda a gente sinta o poder de uma frase destas. Mas, mais importante do que sentir o poder destas palavras é bom não esquecer que se trata somente de uma hipérbole sentimental provocada pela paixão e atracção que se sente por alguém.

 

Esta frase lembra-me uma brincadeira que um colega meu costuma fazer nos treinos. Quando alguém metia conversa consigo, fazia um círculo, à sua volta, na areia. Depois dizia: “Desculpa, mas só cabe aqui um.” Era uma espécie de mundo – daí lembrar-me da frase. E ele, no alto do seu ego ocupava todo o território mundial. O seu ego era tão grande que ele acabava por estar sozinho.

 

E se com ele era uma brincadeira para excluir colegas das conversas, com outras pessoas é uma realidade. Há quem não perceba que “o ego é o maior inimigo do Homem.” É verdade que podemos ser o mundo para uma pessoa. Mas, no final do dia, no final da semana, do mês, do ano e da nossa vida, a realidade é só uma: o homem nunca será maior (nem tão importante) do que o mundo. Continuará a ser apenas um pequeno ponto perdido numa multidão de milhares de milhões de outros pontos (e também de outros egos que colidem por falta de espaço).

 

Podem gritar. Espernear. Subir a mais alta das montanhas. Domar o animal mais feroz do mundo. Inventar aquilo que ninguém inventou. Fazer o que ninguém ousou fazer. Ganhar prémios e distinções como ninguém ganhou. Podem fazer tudo isto. Porque, nada muda. Vão continuar a ser um ponto minúsculo com um ego gigante e excessivamente presunçoso. E tal como o meu amigo que brincava com os círculos, vão ficar sozinhos. Ou melhor. Acompanhados pelo ego que os controla como se fossem uma marionete.