a minha carta para gisele bündchen

Olá Gisele Bündchen, como estás? Bem, espero.

Primeiro, quero pedir desculpa por estar a tratar-te por tu. Não o faço por ser mal educado. Nada disso. Até me orgulho da educação que os meus pais me deram em casa e que nenhuma escola consegue ensinar. Mas isso, é outro tema. Bem, o que quero dizer-te é que te trato por tu porque odeio distâncias, gosto da proximidade entre as pessoas e ainda porque não chegas a ser um ano mais velha do que eu.

Agora, vou directo ao assunto que me leva a escreve-te estas linhas. Devo dizer-te que estou preocupado com o futuro. Não por mim. Por ti. Temo pelo teu futuro profissional. Bem sei que és a manequim de maior sucesso da actualidade. Após uma pesquisa fiquei a saber que ganhas cerca de 34.4 milhões de euros por ano. Para teres uma ideia, o Cristiano Ronaldo ganha 12 milhões por ano (só em ordenados). Sei que falam de ti como um anjo. Mas a verdade é que temo o teu futuro profissional, com ou sem asas nas costas.

E esta preocupação tem origem na minha sobrinha, de apenas cinco anos. Calma. Não te rias dessa maneira. Sei que estás, neste preciso momento, a chamar-me louco por ousar comparar uma criança com uma top model que ganha mais do que o dobro da segunda manequim com melhores rendimentos no mundo. Devo dizer-te que o meu objectivo não é bem comparar-te detalhadamente com a minha sobrinha. Porque, se o fizesse, ias ficar a perder em todos os pontos de comparação.

Porém, existem algumas questões que quero colocar-te. Esta é a primeira. O que acontece quando entras numa sala? Fazes aquilo a que se chama “encher” um espaço apenas com a tua presença? Antes de responderes, exclui aqueles momentos em que estiveste horas a ser produzida. Enquanto não recebo a tua resposta explico-te que a minha sobrinha não enche uma sala. Enche a casa toda e chega a alastrar-se aos vizinhos do lado, de cima, de baixo e até de outros prédios. A sua presença aumenta as batidas cardíacas de todas as pessoas num raio de 23 km2. Será que fazes isto?

Infelizmente (ou felizmente porque já ouvi dizer que tens mau feitio em certas ocasiões) nunca privei contigo. Por isso, não sei o que fazes na companhia da família e amigos. Mas, a minha sobrinha faz o que te vou explicar de seguida e que ainda ontem voltou a fazer. Assim que abre a porta parece que surge, de forma mágica, uma passerelle à sua frente. Nela, caminha com mestria, segurança e classe. No final da mesma, estou sempre eu. Assim que nos encontramos, sou brindado com um beijo. Depois, mostra-me a roupa que carrega no corpo. Peça a peça. Como se fossem as mais belas criações do mundo, do estilo daquelas que costumas usar. Estás a imaginar? Para teres uma ideia, até dobra a perna para me mostrar as botas que, segundo ela fazem barulho ao andar. Não percebeste esta parte? Eu explico. Para ela, tudo o que tem salto faz barulho ao andar. É assim que define o calçado que usa. Resumindo, não sei se tens este poder quando entras num local. Ela tem, garanto-te. E ser tio babado não influencia as minhas palavras.

Já me alonguei bastante e também não te quero massacrar. Queria apenas dizer-te que temo que o teu futuro possa ser ofuscado por uma simples criança de cinco anos. Estás avisada. Aproveito ainda para agradecer o tempo que gastaste a ler esta missiva.

Sem outro assunto, subscrevo-me com os meus melhores cumprimentos.

homem sem blogue

PS – Não penses que te odeio. Até acho que és gira e que tens um corpo escultural.