sinto-me perdido

Vivi a maior parte da minha vida sem telemóvel. Depois, passei alguns anos com aparelhos que serviam apenas para telefonar, numa primeira fase, e mais tarde, para enviar mensagens. Porém, ao longo dos últimos anos, o telemóvel passou a ser parte de mim. Uma extensão da minha vida. Tenho os meus amigos ao alcance de uma tecla, de um email ou de um qualquer chat de conversação grátis. Parece que a minha vida está dentro daquele pequeno gadget.

E a verdade é que tudo isto exerce mais poder em mim do que seria de esperar. Hoje, estou sem internet no telemóvel. Ou seja, voltei a ter um aparelho dos antigos. Faço e recebo chamadas. Envio e recebo mensagens. Nada mais! E isto faz-me sentir impotente e perdido. Sinto-me longe do mundo. Parece que não sei viver assim. E isto é preocupante. Até porque, há alguns anos eu vivia sem nada disto. E continuava a encontrar-me com os meus amigos. Não havia atrasos. Era tudo muito mais simples. É incrível o poder que um pequeno aparelho consegue exercer sobre alguém.

Serei um nomofóbico? Será que sofro de nomofobia? Que, para quem não sabe é o medo causado pela possibilidade de ficar sem contacto através do telemóvel. Ou será que está e a “doença” mais popular deste século? Acho que estou a precisar de ir a uma reunião de nomofóbicos anónimos. “Olá! Chamo-me Bruno e sinto-me perdido quando o telemóvel tem problemas.” Brincadeiras à parte, acho que me faria bem abdicar do telemóvel durante uns dias. Só não sei se seria capaz.