bom? sou o melhor!

“A antiguidade é um posto”, é um dos mais famosos provérbios ditos pelo povo português. Esta frase é ainda uma muleta para muitas pessoas. Sobretudo incompetentes e limitados. Indivíduos sem a menor vontade de evoluir na carreira e, porque não, na vida e em tudo o que fazem. Em vez de assumirem os erros para corrigir essas mesmas falhas apoiam-se nestas palavras para tentar esconder aquilo que é evidente e que está aos olhos de todos.

 

“Estás a errar. Isso não é assim, repara nisto, que está bem feito”, diz-se a uma dessas pessoas, que podem ser apelidadas de antigos dos bons. “Eu? A errar? Não seja tolo. Eu já aqui ando há muito tempo. Antes de fazer isto já eu fazia. Por isso eu é que sei e eu é que sou bom. Aliás, sou o melhor”, respondem, usando aquilo que para eles é um certificado de autenticidade e qualidade. Mas será que é mesmo assim?

 

Será que o simples facto de eu fazer algo há mais tempo do que alguém significa que seja melhor do que essa pessoa? Que seja superior? Que lhe tente passar um atestado de estupidez? Que tente “tapar o Sol com a peneira”, recorrendo a outro ditado popular, para esconder aquilo que me limita e que apenas eu não percebo como sendo uma limitação.

 

Mantendo ainda o registo dos provérbios e palavras históricas, “os cemitérios estão cheios de pessoas insubstituíveis”, é uma frase que se adequa a este tipo de pessoas. E se é verdade que ninguém é insubstituível, é igualmente um dado adquirido que a antiguidade não é sinónimo de melhor qualidade em relação aquilo que é mais recente. Por mais que se tente vender outra ideia, algo mais recente pode ter uma qualidade muito maior do que algo mais antigo. E só não vê isso quem não quer. Até porque, e concluo com outras palavras sábias que aprecio sobremaneira, “o pior cego é aquele que não quer ver.”