comprei uma guerra

Não sou pessoa de guerras. Prefiro a paz ao confronto, que evito até ao limite. Porém, esse limite foi ultrapassado pelo senhor Olá. Primeiro, andava eu há vários dias de pijama, pingo no nariz e ataques de tosse quando fui desafiado na minha própria casa. O senhor Olá apareceu por cá e desafiou-me a comer um swirl natalício. Custa, mas lá me tenho aguentado e evitado ir ao centro comercial mais próximo de pijama, robe e chinelos para comer o gelado.

Não satisfeito com o que me fez, o senhor Olá decidiu meter-se comigo novamente. Desta vez, mais cauteloso, deixou-me um saco na caixa do correio e pôs-se a milhas. Lá abri o saco e vi estes três chocolates que aqui partilho. Naquele instante comecei a babar-me e lambuzar-me todo. Porém, com os chocolates vinha um bilhete. Nele o senhor Olá explicava que são três exemplares da gama Choc´Olá, inspirada nos heróis Super Maxi, Perna de Pau e Epá. A baba não parava de escorrer e já estava quase a comê-los com papel e tudo. Mas… (porque será que nestes momentos existe sempre um mas?)

 

Eis que, reparo que o bilhete tem mais umas linhas. Palavras que preferia não ter lido. “Espero que gostes e que partilhes, sobretudo com os mais pequeninos da tua família”, deseja o senhor Olá. Tudo bem que é Natal. Que é uma época para as crianças. Mas… e eu? Não tenho direito a comer? Envias chocolates e ficas à espera que os vá oferecer ou partilhar com a minha sobrinha? Isso não se faz senhor Olá! Tu, por acaso imaginas o quanto custa resistir a estes três pedaços de desejo? Será que imaginas a relação que tenho com o chocolate? Sobretudo nesta altura do ano? É que podes não saber mas sou bem capaz de comer os três de uma vez. Ao estilo do Lucky Luke. Ainda a sombra da minha mão segura o primeiro e já eu comi os três.

 

Colocaste-me numa posição difícil. Comer isto sozinho e ficar com peso na consciência numa época especial ou morder-me todo até ao momento em que possa partilhar os chocolates com a minha sobrinha? Volto a dizer-te. Isto não se faz. E não fiques com a ideia de que sou má pessoa ou invejoso. Nada disso. Sou mesmo guloso e tu tocaste no meu lado mais frágil. Como tal, quero dizer-te, senhor Olá, que compraste uma guerra com o tipo errado. E agora, tenho que ir embora. Vou calçar umas galochas que estou a escrever-te numa poça de baba. Mas isto não fica por aqui…