roupa rasgada e um coxo

Duas das minhas fraquezas quando entro numa loja de roupa passam pela roupa rasgada e também peças com um ar velho aparentando ser bastante antigas. Quanto à roupa rasgada, já tive um maior encanto por essas peças mas ainda tenho uma camisa de ganga e uns calções, do mesmo material, que uso com alguma frequência.

Quando me cruzo com alguém e quando a roupa é tema de conversa as reacções são quase sempre as mesmas. As pessoas mais velhas recordam que no seu tempo ninguém queria ter a roupa rasgada. Os mais novos costumam brincar perguntando se caí, se fui assaltado ou algo do género. Por fim, há quem goste e há quem não ache piada e todos acertam quando dizem que a roupa rasgada consegue ser mais cara do que a restante.

Num destes dias, quando fui levar uma das injecções diárias na barriga – algo que felizmente já acabou – mantive um diálogo engraçado com a enfermeira que me deu a maioria das injecções e que conheço desde que era criança.

Enfermeira – “Olha para isso. Estás todo rasgado”, disse, entre outras coisas.

A conversa prolongou-se e a nós (enfermeira, eu e a minha mãe) juntou-se a assistente do meu dentista que disse que já tinha comprado roupa semelhante para a sua filha (de meses) e que as reacções eram idênticas.

Enfermeira – “Mas no teu caso, a camisa rasgada nem fica mal”, diz-me.

Eu – “Porquê?”

Enfermeira – “Como tens a perna nesse estado (com talas gessadas) e anda assim (com muletas) a pessoa olha para a camisa e fica a pensar que aconteceu tudo de uma vez. Por isso, fica-te bem”, gracejou.

Nada como uma boa dose de humor. Cai sempre bem. Neste caso específico sabe ainda melhor.