Quase todas as pessoas sabem, pelo
menos na teoria, que é nos momentos maus que se descobrem os verdadeiros
sentimentos dos outros. É quando as coisas correm mal que se percebe, entre
muitas outras coisas, o elo de ligação, mais forte ou mais fraco, que une duas
pessoas. Quando tudo está bem, tudo corre bem. Quando as coisas estão mal, a
visão deixa de ser cor-de-rosa para ser real.
Actualmente vivo um momento menos bom.
No sentido que sofri aquela que é considerada a segunda pior lesão desportiva a
nível de recuperação (em primeiro lugar estão as lesões do ligamento cruzado do
joelho). Uma lesão que me obrigou a ser operado. Que exige calma e que me mudou
a vida por completo. Há mais de duas semanas que não meto o pé no chão. E há
mais de duas semanas que preciso de ajuda para quase tudo. Poucas são as coisas
que posso transportar sem uma grande ginástica e sem arriscar ir com o pé ao
chão motivando uma nova ruptura (algo que aconteceu a um rapaz que esteve
comigo no hospital). Não consigo conduzir, como tal preciso de ajuda para ir ao
posto médico levar a injecção diária na barriga. Considero que vivo um momento menos
bom não pela lesão em si mas, em grande parte, por sentir que estou dependente da
minha família para coisas tão simples às quais não dava importância nenhuma.
E ao longo destes dias tenho aprendido
diversas coisas em relação às pessoas que me rodeiam e que estão mais ou menos
próximas de mim. Já deu para surpresas e para desilusões. A começar por algumas
pessoas que tinham o dever (moral, para não dizer mais) de se inteirar da
situação – algo que está ligado à lesão em si e como tudo aconteceu – mas que
se preocuparam com outras coisas. Pessoas que prometem visitar-me, até iam ao
hospital, mas cujas promessas são vazias. Pessoas que me usam, consoante o
jeito, para alcançar os seus objectivos mas que nem uma mensagem são capazes de
enviar.
Isto não é um lamento ao estilo de
coitadinho de mim que ninguém me liga. É apenas uma constatação e um desabafo.
Melhor, é uma lição que se aprende em momentos como este. Não mais do que isso.
Até porque as únicas pessoas por quem colocava as mãos no fogo sabendo que não me
iam falhar não falharam. O meu lamento e a minha tristeza eram grandes se este
grupo restrito de pessoas me falhasse. Mas isso não aconteceu. E é por isso que
são as pessoas mais importantes da minha vida. De resto, são lições que se
aprendem e que nos ensinam.
Aprender agora, para saber o que daí adiante poderás contar!
ResponderEliminarUma lição em aprendizagem.
EliminarÉ quando se separa o trigo do joio :\
ResponderEliminarUma grande verdade.
EliminarInfelizmente, não há outra forma de aprender essa lição. Provavelmente será a parte positiva de toda esta situação pela que passas. Eu pelo menos sou optimista e penso sempre que até o pior dos momentos da minha vida me trouxeram imensa clareza mental e, consequentemente, muito mais paz. Espero que isso aconteça contigo também, a par com as tuas rápidas melhoras ☺
ResponderEliminarHá sempre algo de positivo e uma lição a aprender.
EliminarObrigado :)
Explica-me como é que alguém te usa , estando tu nesses preparos?
ResponderEliminarÉ algo anterior à lesão e sobre alguém de quem não quero falar no blogue.
Eliminarjá passei pelo mesmo... :/ não é fácil
ResponderEliminarforça nisso e boa recuperação!
Acaba por se tornar fácil.
EliminarObrigado :)
As melhoras e a vida é mesmo isso que descreve, pelo menos dá para fazer uma selecção do bom e do menos bom.
ResponderEliminarPrefiro ser tratado por tu Helena, pode ser?
EliminarAprendemos a fazer uma selecção que acaba por ser imune às desculpas que encontramos noutras ocasiões.
É uma situação mto mto chata. Compreendo... e desejo rápidas melhoras.
ResponderEliminarA questão das injeccções é que me suscita uma curiosidade: Eu aqui há uns anos fui operada ao pé (Foi partido portanto não tem nada a ver em termos de lesão) mas tomava tb umas injecções diárias na barriga (Sei que é uma coisa comum. conheço várias pessoas que em caso de cirurgias aos membros inferiores tiveram de as Tomar. Que tem a ver com circulação sanguínea e bla bla blá).
Mas eu e essas pessoas davamos as injecções a nós próprios.
São essas que tens de tomar ou ou são outras especiais?
é que ter de ir diariamente ao centro de saúde sem ter autonomia para tal tomar uma injecção é a treva.
São essas mesmas. Para evitar problemas como tromboses. Existe um pequeno senão que é o meu pavor a agulhas. Sou incapaz de olhar quando me tiram sangue, por exemplo. O mesmo se passa com a minha mulher e com os meus pais. Como posso contar com os meus pais e com a minha mulher e como o posto é perto de casa, acabo por ir lá.
EliminarMas já perdi conta ao número de vezes que me perguntam porque não dou a injecção. É daquelas coisas que podendo evitar, evito. Se tivesse mesmo de ser, dava.
Ah eu percebo.
EliminarEu as primeiras também não consegui dar. Foi o meu irmão que é diabético que tratou desse tema. Mas depois um dia ele não estava e tinha de tomar e ... olha fechei os olhos, agarrei na seringa e pronto...
É mesmo horrível!!
Bem o mais importante é que recuperes rapidamente e tudo volte ao normal.
As pessoas que eventualmente percas pelo caminho é porque na verdade não valiam assim tanto a pena... como dizia o outro "É um abre olhos"
Todas as pessoas dão o exemplo dos diabéticos. Também espero que segunda-feira leve a última. Senão ainda tenho mais seis pela frente.
EliminarObrigado pelas melhoras.
É mesmo isso, um abre olhos :)
E são nos momentos de maior fragilidade física e consequentemente emocional que estamos em estado de alerta e apercebemo-nos das desilusões e das pessoas que nos falham. Se não passasse por isso talvez nunca saberia que aquela pessoa iria falhar. As suas rápidas melhoras
ResponderEliminarOi Sara, trata-me por tu, pode ser?
EliminarSó em momentos destes é que temos a lucidez necessária.
Obrigado.
Com certeza. Assim farei. Obrigada ;)
EliminarObrigado eu :)
EliminarE quando tu fazes as coisas correrrem mal? Há sempre duas versões de uma história.
ResponderEliminarClaro que falho. Mas no caso que refiro não falhei. Isso sei. Não ao ponto de não ter sequer uma mensagem de telemóvel ou no facebook. Mas também confesso que a surpresa não é grande.
EliminarInfelizmente é nos piores momentos que se destinge quem é ou não o verdadeiro amigo!
ResponderEliminarInfelizmente ou felizmente porque sempre se aprende algo.
Eliminar"Até porque as únicas pessoas por quem colocava as mãos no fogo sabendo que não me iam falhar não falharam."
ResponderEliminarE é isso que interessa, apenas. O resto é o que é. Simplesmente. Nas expectativas, por vezes desiludimo-nos. Não te desiludas mais portanto. Já o confirmaste ;)
Beijinhos e umas rápidas melhoras
Z.
Essas nunca me falharam. E é só com essas pessoas que tenho expectativas elevadas porque sei que o risco de cair é nulo.
EliminarDe resto é tudo um processo de aprendizagem.
Obrigado.
Beijos
É isso mesmo!
EliminarÉ como se costuma dizer: so faz falta que cá está!
Beijinhos
Z.
Nem mais.
EliminarBeijos
Há muita gente que enche o peito para dizer que é amigo. Mas é em alturas como estas que realmente se vê. Quem, de facto, se preocupa, é como dizes. Tu sabes que não te falham. Os outros... bem, os outros são apenas conhecidos. Não amigos ;) as melhoras!
ResponderEliminarExiste um filtro e alguns vão ficando para trás. É assim :)
EliminarObrigado
Como ja tinha dito antes, é nestas alturas que se apanha as desilusões.
ResponderEliminarEu tambem já me vi "presa" em casa durante quatro meses e só tive a visita de duas pessoas.
Támbem, como tu, senti-me usada antes da incapacidade aparecer. Compreendo bem o que sentes.
Enquanto podemos ajudar não se cansam de pedir ajuda, e quando fui eu a precisar, vi que afinal só dava jeito enqanto andava bem.
Ouvi desculpas do arco da velha. " não tenho pachorra para aturar malucos " " não quero estar junto de pessoas com más energias" " resolvi afastar-me para manter a minha saude mental", Enfim......
E o meu problema de saude era só uma hérnia na coluna que me impossibilitava de andar e conduzir e eu precisava de ajuda para ir à fisioterapia e a consultas, e claro que tambem me fez falta companhia para conversar e passar o tempo ( quatro meses ).
Quem já passou por algo semelhante percebe como ninguém aquilo que pretendo explicar. Não cobrei nada a ninguém, não pedi que prometessem que me visitavam, que isto e que aquilo. As pessoas é que sabem o que dizem e quando dizem da boca para fora. E nem me incomoda que não cumpram com o que dizem. Serve de aprendizagem. E felizmente tenho tido surpresas de várias pessoas de quem não esperava mais do que uma simples mensagem. E isto é muito bom.
EliminarNunca mais me esqueço quando me respondeste prontamente a um email que te mandei a contar a minha mal fadada história de amor. As tuas palavras significaram muito na altura. Aprendi que não podemos esperar dos outros aquilo que nós faríamos. É tentar apenas cada dia ser melhor
ResponderEliminarBeijinhos e rápidas melhoras.
Patrícia Fonseca
Não precisavas de falar disso. Não foi nada do outro mundo e voltaria a fazer tudo da mesma forma. Eu é que te agradeço.
EliminarBeijos
Nunca mais me esqueço quando me respondeste prontamente a um email que te mandei a contar a minha mal fadada história de amor. As tuas palavras significaram muito na altura. Aprendi que não podemos esperar dos outros aquilo que nós faríamos. É tentar apenas cada dia ser melhor
ResponderEliminarBeijinhos e rápidas melhoras.
Patrícia Fonseca
É por ter perfeita consciência dessa realidade que penso, e muita vez, que seria bom que todos passassem por um momento problemático para ver se conseguiam aperceber-se do que significa o sofrimento seja ele qual for, e se assim, porque o viveram na pele, se aprendiam o que é a verdadeira solidariedade e amizade.
ResponderEliminarÉ por já ter vivido situações dessas, do "amigo" dos momentos bons que digo, e sem qualquer pejo: amigos desses não quero, obrigada.
Continuação das melhoras.
As pessoas só aprendem quando os vivem. De resto é só teorias.
EliminarObrigado!
Esta semana, o meu afilhado de 10 anos disse-me "a minha professora diz que os amigos vêem-se quando se está na prisão ou no hospital"! Eu, que não gosto muito de generalizações, respondi-lhe "eu nunca estive no hospital nem na prisão e não tenho dúvidas de que a tua mãe é a a minha melhor amiga". Mas, no fundo, percebo a mensagem por detrás da frase e este teu post vem mesmo a propósito... :(
ResponderEliminarA mensagem tem um fundo de verdade. Infelizmente tem.
EliminarInfelizmente :(
EliminarSem dúvida, sempre ouvi dizer que é nos momentos de aperto que conhecemos as pessoas verdadeiramente, e concordo.
ResponderEliminarE é mesmo verdade.
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