Júlio Isidro, a quem ouso chamar tio
Julião apesar de não o conhecer e de só me ter cruzado com ele duas ou três
vezes a nível profissional, tem 70 anos. Eu ainda estou nos 33. Sou novo
demais, até porque ainda não tinha nascido, para me recordar do Fungagá da
Bicharada, programa que existiu entre 1974 e 1976. Sou também bastante novo
para me recordar de O Passeio dos Alegres, um programa do início dos anos
oitenta que tinha o poder de parar Portugal. Tendo nascido em 1981 já tenho
idade mais do que suficiente para me lembrar de Clube Amigos Disney. E de
vários outros programas de Júlio Isidro.
Apesar dos meus 33 anos sou velho o
suficiente para perceber que o tio Julião é um homem com um conjunto de talentos
que poucos têm em Portugal. Criativo é uma das suas melhores características. É também um
comunicador nato. E sem dúvida um dos melhores apresentadores que temos em
Portugal. Estas qualidades ficaram bem patentes no dia em que, enquanto tomava
o pequeno-almoço de pijama, lhe ligaram para apresentar o programa das manhãs
da RTP (vídeo aqui).
Percebo que a televisão já não é o que
era. Multiplicam-se os reality shows que existem porque o público consome esse
produto. O público é diferente do que era. O mundo é diferente do que era. Os
canais são cada vez mais. E a luta pelo topo é feroz. E nesta luta aposta-se em
tudo. Mulheres e homens bonitos. Com mais ou menos talento. Algo que se vê na
apresentação, na representação e por aí fora. São as regras do jogo e considero que existe espaço para todos.
Aceito (apesar de não concordar) que
digam as pessoas tiveram o seu tempo. Aceito que defendam que os programas
vivem é de gente nova e de caras bonitas. Mas acho que isto não deve ser levado
ao extremo. É tal e qual uma equipa de futebol onde a juventude precisa de
estar misturada com a experiência para que tudo corra bem. Mas algures no
tempo, e este fenómeno não é exclusivo da televisão, a experiência perdeu-se e
deixou de ser um trunfo passando a ser uma pedra aparentemente difícil de
carregar.
Cresci com Júlio Isidro, perdão, com o
tio Julião na televisão, onde era presença assídua. Que para mim continua a ser o mesmo
homem que sempre foi. Ou melhor, ainda com mais talento. E mais experiência.
Acho que merecia mais sem que fosse necessário roubar o lugar a alguém. O tio
Julião é cá dos nossos. E tendemos a esquecer quem nos deu tanto.
Concordo a 200%, eu que nasci bem antes e por isso assisti a todos esses programas e muito mais importante, tenho assistido a como é possível manter-se digno, atualizado e sem pisar ninguém pelo caminho. Parabéns Júlio Isidro e obrigada pela merecida homenagem a um profissional da melhor categoria.
ResponderEliminarEra um texto que andava aqui preso há muito. Hoje viu a luz do dia. Obrigado pelas tuas simpáticas palavras.
EliminarTambém não sou do "tempo" do Júlio Isidro, mas concordo em absoluto com o texto.
ResponderEliminarQue os novos profissionais da televisão ponham os olhos nele: ainda têm muito que aprender!
Bjs
É um poço de sabedoria.
EliminarBeijos
Bem verdade, e que melancolia agora...
ResponderEliminarÉ sempre bom recordar :)
Eliminar