Há muito que andava para ver Her - Uma História de Amor, o filme de Spike Jonze que conquistou o Oscar para
melhor argumento original. Em poucas palavras, e para quem ainda não viu o
filme, trata-se da história de um escritor solitário (Joaquin Phoenix) que,
depois do final de uma longa relação, se apaixona pela voz (Scarlett Johansson)
do novo sistema operacional do seu computador que se destaca pela inteligência artificial.
Ou seja, esta voz liga ao cliente a avisar quantos emails novos tem, relembra marcações,
faz sugestões, responde a perguntas e tudo mais. É uma espécie de “pessoa” sem
corpo.
Quando este filme foi anunciado chegou
a ser ridicularizado pelo tema que aborda. Mas, ver o filme dá que pensar. O
personagem de Joaquin Phoenix não é um caso isolado. No filme, que se passa num
futuro não muito distante, todas as pessoas andam de auricular no ouvido
enquanto conversam com o seu OS. Na rua é raro ver alguém interagir. Estão
todos de olhos no chão, a conversar com a sua voz. E a relação com um sistema
operativo também não é algo exclusivo do escritor solitário. É algo comum.
Mas, mais do que abordar esta vertente
futurista do amor, o filme também aborda as dificuldades das relações como
ainda hoje as conhecemos. O que é certo é que ver este filme levou-me a
imaginar se aquela realidade corresponde ao futuro do amor. Será que vai ser
cada vez mais virtual e menos real? Será que as pessoas vão preferir a aposta
segura de uma relação com “algo” que nos conhece muito bem evitando as
confusões normais das relações actuais? Para quem equaciona o contacto físico e o sexo, o OS tem forma de "contornar" essa situação.
Fica no ar ainda outra questão. Será
que estamos assim tão longe daquela realidade? Será que as pessoas já não estão
totalmente viciadas na tecnologia? Não ao ponto de manter uma relação com uma
voz de um qualquer aparelho mas ao ponto da vida virtual ter direito a mais
tempo do que a vida real. Encontram-se todas as desculpas para ficar em casa
entregue ao mundo virtual em vez de uma saída com amigos. E quantas pessoas
passam boa parte do dia com a cabeça para baixo focadas num aparelho enquanto perdem
diversas oportunidades das quais nem se apercebem? Her – Uma História de Amor
faz pensar nisto tudo.
Tens toda a razão. Vi o filme na altura que saiu e sem dúvida que me fez pensar nessa mesma questão. Estamos quase a tornar-nos uma espécie de robots, dependentes da tecnologia.
ResponderEliminarÉ um vício com cada vez mais adeptos.
EliminarÉ uma visão. Pessoalmente não considero que passar muito tempo com tecnologia, no mundo virtual, seja tempo perdido. É uma maneira de passar a vida tão legítima como sair à noite, ir a cafés. Para quem tem problemas de socialização e é normalmente solitário, pode facilmente falar com pessoas online. Isto não é menos real do que falar com uma pessoa cara a cara, é simplesmente diferente. É um novo mundo sim, não acho que seja melhor ou pior. É simplesmente algo a que nos temos de adaptar.
ResponderEliminarNão falei em tempo perdido. Considero, tal como tu que deve existir uma adaptação mas que esse processo nunca deve significar abdicar da vida real para viver uma vida meramente virtual e muitas vezes inventada.
EliminarComo eu escrevi no meu blog: "as pessoas andam todas de marcha-atrás". MENOS! MENOS!
ResponderEliminarÉ um dos perigos do avanço tecnológico.
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ResponderEliminarAs pessoas vivem as vidas através dos ecrãs, curiosamente muitas delas a desejar estarem a fazer o que as pessoas que não estão num ecrã estão ou estiveram a fazer e que decidiram partilhar.
E inventam as mais diversas desculpas para não o fazerem, falta de tempo, dinheiro, amigos, há mesmo quem diga que não tem com quem partilhar alguns momentos (se ficarem atrás de um ecrã nunca terão).
Não posso ir tomar um brunch a um hotel chique faço-o em casa, não posso almoçar na esplanada à beira mar faço um piquenique no parque. Existem sempre alternativas.
O que importa é sair de casa ou mesmo em casa rir, conviver, conversar, tocar, brincar, faz tão bem interagir com as pessoas.
Existem pessoas que vivem as suas vidas apenas virtualmente. Em muitos casos são vidas inventadas onde tentam ser o que não são na vida real. Outros usam o virtual para descarregar o que não têm coragem de descarregar pessoalmente. Outros acham mais fácil viver atrás de ecrãs.
EliminarPara mim o Her foi o melhor filme de 2014. Adorei. E sim, acho que já estamos muito perto da realidade que o filme retrata. Talvez não cheguemos ao ponto de ter relações com dispositivos eletrónicos, mas sem dúvida que já passamos mais tempo com as pessoas online do que pessoalmente.
ResponderEliminarTambém acho que a realidade não foge muito da história do filme.
EliminarInfelizmente temo que sim, as relações tendem a ser cada vez mais virtuais.
ResponderEliminarEu como sou pouco "virtual" sinto-me muitas vezes excluida, os encontros são, agora, marcados pelo face e quem não tem é excluido, o que acho um absurdo.
È só ir jantar a um centro comercial e ver mesas cheias de pessoas a olhar para o telemovel e a não darem a minima para quem está com eles na mesa.
Eu adoro passar tempo a deitar conversa fora com os amigos, mas faço-o sempre presencialmente, sendo certo que, são cada vez menos os que estão disponiveis para o convivio.
Claro que tambem uso o telemovel mas apenas para o minimo.
Tem de existir um equilíbrio que parece estar esquecido.
EliminarAs coisas já estão um bocado semelhantes.. Não se apaixonam por tecnologia, mas já andam a preferir a tecnologia do que a interação humana.
ResponderEliminarE essa preferência já não é assim tão nova.
EliminarVi o filme na altura em que saiu e lembro-me de comentar com uns amigos que não estamos mesmo nada longe daquela realidade.... em todos os aspectos!
ResponderEliminarMas eu adorei o filme...