o mundo ao contrário

Acho que qualquer pessoa da minha geração, ou da anterior, ou mesmo da seguinte cresceu a ter como base certos valores. Todos sabemos que dizer bom dia quando se entra num local é normal. Sabemos também que respeitar as pessoas é normal. Sabemos ainda que ser generoso e estar disponível para quem precisa de nós é igualmente normal.

Tudo isto deveria fazer parte da vida de todas as pessoas. Mas a verdade é que não faz. Nos dias que correm, alguém que dá os bons dias, que respeita, que é generoso, solidário e que está disponível para ajudar e ouvir é visto como uma pessoa especial. É visto com alguém fora de série, quase com poderes de super-herói.

No extremo oposto está o novo normal. Aquele que aprendi a ver como mal educado. As pessoas sisudas. Que não falam a ninguém. Que não ouvem ninguém. Que estão sempre ocupadas para ajudar. Aqueles que não respeitam ninguém. Nos dias que correm, isto é uma pessoa normal. Uma pessoa que a sociedade se habituou a reconhecer como correcta e justa.

É certo que os tempos estão complicados. Que as 24 horas do dia não chegam para tudo. Que a preocupação é ter dinheiro para cobrir as despesas mensais. Mas acho que aquilo que referi não interfere com nada disto. O mundo está ao contrário. E espero – apesar de duvidar - que ganhe balanço para voltar ao local de onde nunca deveria ter saído.