Há alturas em que percebemos que vale
a pena ter um blogue. E o Jhonatan Matos proporcionou-me um desses
momentos. Apesar dos milhares que quilómetros que nos separam, o
Jhonatan descobriu o blogue e ficou animado com a ideia de “interagir
com um blogueiro do outro lado do Atlântico ” Autor do blogue
Estilhaços Mentais, partilhou uma bela crónica, intitulada
observação, já publicada no seu blogue.
Não sei o impacto que o texto terá em
quem o ler. Quanto a mim, fiquei com vontade de conhecer a Anne,
beber uma (ou várias) cerveja e até dançar ao som dos ritmos quentes do Brasil no tal
Bar do Bamba. Só dispensava os cigarros que fuma.
"Crônica noturna: observação
Eu a observava.
O seu cigarro despejava uma fumaça
dançante e a sinfonia de vozes, nas mesas do excêntrico bar,
formavam uma harmonia de gargalhadas embriagadas. O estabelecimento
em que a moça, chamada Anne, se encontrava era conhecido,
singelamente, como “Bar do Bamba” e carregava elementos contidos
na noite da Ilha da Magia como misticismo, encanto, anarquia e
pluralidade. Nesse ambiente, as tribos se chocavam, não com
violência, mas com presença de espírito. Ah, o espírito. Esse
parecia não estar preso as convenções de uma sociedade engravatada
e amarrada pela rotina, mas sim livre para gritar e beber.
Anne estava acompanha apenas por uma
cerveja e seus cigarros. Os goles e tragadas eram seus gestos mais
comuns. O batom vermelho e sua maquiagem escondiam os cílios tristes
e solidão desesperada, seu vestido preto, magnificamente justo em
seu corpo curvilíneo, também escondia a angústia da menina que se
banhava, sozinha, sob a luz das velhas luminárias do bar. A donzela
do batom vermelho era fuzilada pelos sedentos olhares masculinos e
pela contida inveja das mulheres. Sim, Anne era linda de um jeito
original: sua delicadeza era agressiva, o penetrante olhar era
disperso, sua ofegante respiração era suave, os movimentos eram
cuidadosamente desastrosos e sua deselegância era fina.
Quando a madrugada começava a rasgar a
noite, Anne se levantou. Para a donzela foi um dia qualquer. Ela
chegou com sua sensualidade despretensiosa, bebeu uns drinks, fumou o
velho e habitual cigarro adocicado e foi embora. Para mim foi arte.
Estilhaços que agora sobrevivem, somente, no diário de um boêmio.”
Gostei de ler =)
ResponderEliminarTambém eu :)
EliminarMuito.
ResponderEliminarÉ um belo texto.
EliminarNao é bem o meu estilo de leitura...Mas quem tem jeito para escrever escreve bem sobre qq coisa.
ResponderEliminarAbraço
Nem mais!
EliminarAbraço