Ele tem tudo. Vive rodeado dos melhores
luxos que o dinheiro pode comprar. Algo que o ordenado de ceo da
multinacional onde sempre trabalhou permite pagar. Conduz um
Lamborghini Aventador LP 700-4 Roadster porque entende que ser dono
de um Ferrari seria bastante modesto para si. Vive no condomínio
privado mais luxuoso de Lisboa, onde pagou milhões pela casa onde
vive. Roupa só compra na House of Bijan, em Beverly Hills, onde vai
uma vez a cada dois meses, sendo que já prometeram inscrever o seu
nome na montra ao lado de clientes como Spielberg e Bill Clinton.
Como gosta de estar em forma, treina diversas vezes por semana. Na
companhia de dois personal trainers. Se fosse acompanhado apenas por
um seria monótono. Janta diariamente no Solar dos Presuntos em
Lisboa pois comer em casa é triste. Frequenta os melhores bares da
cidade e tem garrafa em todos eles. Ou seja, tem tudo aquilo que o
dinheiro pode comprar.
Ela tem pouco. Vive com aquilo que
aprendeu a ter e desconhece o significado da palavra luxo. É aquilo
que o ordenado mínimo que aufere num emprego precário consegue
pagar. Anda de transportes públicos e faz parte do caminho para o
trabalho a pé porque o passe que cobre a distância completa é excessivamente caro para o seu orçamento. Vive num pequeno apartamento
arrendado onde habitualmente falta a luz e onde a canalização
antiga impede que a água corra com a pressão desejada. Não se
lembra da última vez que comprou roupa. Por norma fica com as peças
que as amigas já não usam e que nela ganham nova vida devido à
elegância das suas curvas e também à inegável beleza do seu
rosto. Gosta de desporto mas não tem dinheiro para frequentar um
ginásio. Como tal, aproveita as caminhadas diárias para manter a
boa forma que a caracteriza. Janta sempre em casa. Várias vezes por
semana recorre a enlatados baratos porque isso permite canalizar
dinheiro para outras coisas. As saídas nocturnas raramente vão além
do café simpático da sua rua. Ou seja, tem aquilo que o seu
ordenado permite comprar.
Ele tem cinco amigos próximos.
Daqueles que ficam para a vida. Em comum todos eles têm o facto de
não conhecer a sensação de conduzir um Lamborghini. Também
desconhecem a sensação de comprar roupa na loja mais exclusiva do
mundo. E não têm o hábito de jantar fora todas as noites. Além
disso, quando saem com o amigo, ficam-se pelas imperiais, que são
bem mais económicas. Curiosamente, ela também tem cinco
amigas de quem é muito próxima. Em comum todas elas têm o facto de
lhe oferecerem as roupas que já não usam e que ela tanto adora,
apesar de vestir as mesmas com uma temporada de atraso em relação
às amigas. Quando vai com elas ao café bebe apenas um café e pede
um copo de água recusando divertir-se o resto da noite na companhia
das amigas que frequentam as ladies night mais badaladas da cidade.
Ele tem uma conta recheada. Vive
rodeado de luxos. Mas não é invejado por nenhum dos amigos. Porque
dos seis é o único que diariamente regressa para uma casa vazia. Os
outros cinco têm relações longas sendo que três deles já são
pais. Já ele, chega a casa, roda a chave e não está ninguém para
o receber. Ele, que tem mais dinheiro do que os amigos todos juntos é
que os inveja. Porque desconhece o significado de amar e de ser
amado. Nunca teve uma relação de durasse mais do que uma noite ou
que fosse além das jóias dispendiosas que ofereceu a algumas
raparigas que desapareceram assim que se apanharam com a jóia.
Ela tem uma conta com poucos euros.
Vive sem conhecer o significado de luxo. Mas é invejada por todas as
amigas. Porque é a única que tem o homem dos seus sonhos à sua
espera quando regressa a casa. As outras cinco estão fartas de
oferecer o coração e o corpo a homens que desaparecem depois de uma
noite de sexo com promessas falsas de amor eterno. Ela, que usa as roupas
que elas já não querem é que é invejada por elas. Ela, que afinal
é a mulher que todos os homens desejam.
Ele tem tudo. Mas apenas aparentemente.
Ela não tem nada. Mas apenas aos olhos mais distraídos. Ele é
feliz. Mas somente aos olhos de quem mede a felicidade por bens
materiais. Ela é infeliz. Mas apenas aos olhos de quem sonha com um
Lamborghini. Na realidade, ele é infeliz no meio do luxo. Na
realidade, ela sente-se a mulher mais feliz do mundo, mesmo
desconhecendo o significado de luxo.
Dá vontade de ler mais e mais, daria uma linda história com certeza.
ResponderEliminarObrigado. Pode ser que se desenvolva :)
EliminarO dinheiro nao compra felicidade...ajuda em algumas coisas, mas tambem traz interesses.
ResponderEliminarUma coisa é certa. Nenhum dinheiro no mundo compra amor.
Eliminarwwooooowww. É que é isso mesmo! Ser feliz está nas pequenas coisas. Um dos problemas da infelicidade de muita gente hoje em dia prende-se com isso: as pessoas sabem o preços de tudo mas não sabem avaliar o valor de nada. E os pequenos "nada"s podem ser tudo o que precisamos :)
ResponderEliminarSimplesmente perfeito :)
EliminarE eu continuo achar que o dinheiro não é tudo, ajuda a realização de alguns sonhos e projectos, mas com o pouco podemos fazer muito, ter sensações boas. Claro que mais dinheiro me daria mais conforto, consequentemente mais felicidade, mas rapidamente me iria cansar daquilo que é conquistado com pouco esforço. quando sei que tenho de lutar mais para ter algo, a conquista é sempre melhor. Infelizmente há muitos eles e muitos elas... :D felizmente desvalorizo os bens materiais, é desejável ter mais gente dotada de valores do que dinheiro.
ResponderEliminar[:/ longo comentário... ]
Acho que o dinheiro é fundamental em muitas coisas mas no amor não tem qualquer valor. É importante na saúde e em outras coisas mas isso depende da pessoa.
EliminarIsto já parece o romance de Grey... já reparaste que ELES é que são sempre os bem sucedidos e com muito dinheiro? E que TODOS dizem que o dinheiro não traz felicidade mas ninguém quer ser pobre?
ResponderEliminarEU acho o dinheiro uma coisa importante. E o dinheiro não só compra felicidade como também compra, muitas vezes, saúde.
Agora é bonito dizer-se que o dinheiro não importa, isso porque normalmente somos uns tesos (eu incluída) e não temos onde cair mortos e gostamos que gostem de nós, pobres. Mas o dinheiro é muito importante. O dinheiro abre muitas portas, muitos contactos, outra realidade.
Consegue-se ser feliz com pouco dinheiro? SIM! Mas não é por seres milionário que vais ficar infeliz.
Aliás basta ver a quantidade de pessoas infelizes por estarem sem emprego e consequentemente sem dinheiro...
EliminarPorque se estivessem desempregadas mas tivessem milhões na conta bancárias o povo andava todo alegre, até os benfiquistas se esqueciam do campeonato.
Já expliquei a minha opção num texto mas se quiseres podes trocar eles por elas na história. É igual.
EliminarNão tenho duvidas de que o dinheiro não compra amor. E tenho algumas reticências em relação à felicidade. O que é ser feliz? Ter uma casa de luxo? Um carro caro? Roupas de marca? Se isso for ser feliz, claro que o dinheiro compra felicidade.
Onde acho que o dinheiro pode ser realmente importante é na saúde. Sobretudo naqueles tratamentos que custam largos milhares de euros.
Belo texto! Para ser feliz não é preciso muito...
ResponderEliminarPara mim não é :)
EliminarA história é de quem?
ResponderEliminarÉ mera ficção criada por mim.
Eliminarestes teus textos deixam-me com vontade de um dia ler uma livro teu... =)
ResponderEliminarQue belo elogio. Não sei que te dizer. Quem sabe um dia... Mas não penso nisso :)
EliminarMais um texto excelente - já se está a tornar imagem de marca ;)
ResponderEliminarE agora a ler o teu texto, e lembrando-me do post da "Bombaaaaa", fizeste-me lembrar a música da Floribela "não tenho nada, mas tenho tudo" xD
Confesso que também pensei nessa música ao reler o texto :)
EliminarObrigado
Gostei das tuas palavras, mas acho que não é assim tão linear como querem pintar, se ela é feliz assim é uma caso raro, e se ele não é feliz assim é outro, porque a realidade não é assim tão "cor de rosa"!
ResponderEliminarA realidade não é assim porque os valores estão todos trocados. Pessoalmente revejo-me mais nos valores dela no que nos luxos dele.
EliminarEu também sem sobra de dúvidas, mas nem sempre um abraço apertado chega para compensar a tristeza de mais uma conta para pagar, não sei se me faço entender...
EliminarPercebo o que dizes. Não resolve mas ajuda muito e dá muita força para lutar.
EliminarMuito bom, mesmo!
ResponderEliminarvidademulheraos40.blogspot.com
Obrigado Paula :)
EliminarE tudo é tão subjectivo, verdade? :) Adorei :)
ResponderEliminarSo true :) Obrigado.
EliminarGostei :) embora o amor e uma cabana nem sempre acabe num "happily ever after"
ResponderEliminarTambém é verdade :)
Eliminaros bens materiais são efémeros...nada se compara ao valor de sentimentos verdadeiros, como amor e carinho!
ResponderEliminarEstou contigo :)
EliminarEu adoro ler os teus textos, são lindos!Quem me dera saber escrever assim...
ResponderEliminarMuito obrigado pelo elogio. É pena não saber quem és para poder dar uma resposta melhor.
EliminarÉ verdade que há uma boa dose de inspiração e isso depende da vida de cada um. Depois existem algumas regras básicas para escrever que devem sustentar um texto, seja ele qual for.
Se gostas e queres escrever, luta por isso.
:)
ResponderEliminarGostei muito deste texto... Mas, mais uma vez, fica a faltar o resto...
Espero um dia destes ver a história toda!
Beijinho
Quem sabe se as histórias não se vão desenvolvendo :)
Eliminarbeijos
Lá está... Afinal vais de encontro à minha opinião no comentário anterior
ResponderEliminar"Ele tem uma conta recheada. Vive rodeado de luxos. Mas não é invejado por nenhum dos amigos. Porque dos seis é o único que diariamente regressa para uma casa vazia.".
É assim que penso :)
EliminarAh! Continua a história por favor! Apetece ler mais!
ResponderEliminarPode ser que tenha desenvolvimentos ;)
EliminarAdorei o texto e digo o mesmo, fica a apetecer ler mais :)
ResponderEliminar