tudo tem um preço. mas nem tudo está à venda

Uma das frases mais sábias que ouvi ao longo dos últimos tempos diz somente isto: “Tudo na vida tem um preço mas nem tudo tem de estar à venda.” E não podia concordar mais com isto. Em primeiro lugar, porque sou uma pessoa que acredita que tudo na vida tem um preço. Todas as coisas têm um preço. Todas as pessoas têm um preço.

Mas, quero acreditar que ainda existe quem saiba que tem um preço mas que não esteja disposto a aceitar esse valor para se vender. Aliás, acredito que existem pessoas assim. Que não se vendem. Que preferem manter-se fiéis ao que são. Ao que defendem. E aquilo em que acreditam. Pessoas que preferem viver com menos mas sendo puros. Contudo a apesar de ter apenas 31 anos, começo a achar que posso dizer que esta questão do preço de algo ou de alguém é coisa do passado. “Ainda sou do tempo em que se debatia isto”, penso. E tenho esta forma de pensar porque, nos dias que correm, as pessoas não se vendem. Oferecem-se. E fazem-no com uma completa ausência de critérios.

As pessoas oferecem-se a quem dá mais jeito. Hoje, vou oferecer-me a este. Daqui a uns minutos canso-me e ofereço-me a outro. E daqui a uma hora irei oferecer-me a uma terceira pessoa. E já agora, aproveito e falo mal das duas anteriores. Só para apimentar este processo em que me dispo de valores por completo. Depois disto, vou olhar-me ao espelho. E sei que o reflexo será feio. Horroroso. Mas posso jurar que estou a ver um super-herói. Observo um fato justo todo catita. Um logótipo no peito. Uma máscara e até uma capa. Sou mesmo bom! Serei o super-herói do meu mundo. Pelo menos do mundo que tenho hoje. Pois amanhã vou ser rei de outro mundo qualquer. Daquele a que me ofereça em primeiro lugar. E irei rir-me. Sozinho em frente ao espelho.

E é isto. Uma pessoa vender-se passou a ser obsoleto. A nova tendência passa pela oferta. Mas, em certo momento das suas vidas, estas pobres almas vão perceber que tudo na vida tem um preço. Vão também perceber que nem tudo está à venda. E vão lamentar o facto de se terem oferecido a troco de nada.