o que escolher?

O cenário é simples. Revelar a nossa intimidade, o mais íntimo que temos para revelar a outra pessoa. Que não se vai limitar a ver. Irá igualmente mexer. Refiro-me a um exame médico. Quando soube que teria de ser submetido a vários exames que mexem com o mais complexo que a minha intimidade pode ter, como aquilo que revelo a poucas pessoas ao longo da vida, tinha duas opções. Descolar-me ao centro clínico onde fui toda a minha vida. Onde todos me conhecem. Ou deslocar-me a uma clínica fora da minha área de residência, onde seria apenas mais um paciente.

Do meu ponto de vista, a primeira opção tem diversas vantagens. A confiança das pessoas que lá trabalham. O facto de que esse conhecimento pode ser decisivo para que me sinta à vontade perante um cenário naturalmente constrangedor e desconfortável. E a certeza de que serei bem tratado. A segunda opção tem a vantagem de ninguém saber quem sou. Seria apenas mais um homem a submeter-me aos exames. E provavelmente só me voltariam a ver para levantar os resultados.

Também existem desvantagens. No caso da primeira opção, os boatos que podem surgir em relação ao motivo que me levou a fazer os exames. E também o facto de que não esquecer que uma mulher que conheço desde criança viu (e não só) o mais íntimo que existe em mim. Na segunda opção, a desvantagem maior será o desconhecimento sobre a capacidade clínica de alguém que vai ser responsável por um exame clínico complicado.

Escolhi a primeira opção. Em relação aos boatos, resolvi o assunto à nascença. Quero fazer isto por causa disto. E assim, resolveu-se o assunto. Quanto à exposição a que fui sujeito. Não vou mentir. Foi bastante complicado e mexeu comigo. Mas, por outro lado, senti-me seguro por saber que estava em boas mãos. Sempre que me cruzar com e enfermeira, irei lembrar-me desta manhã. Isso é um facto. Mas, se forem necessários novos exames, voltarei a fazer a mesma escolha. Sem hesitar.