30.5.13

há limites (que algumas pessoas desconhecem)

Tenho o maior respeito por quem trabalha com contacto directo ao público. Nada tenho contra os vendedores de cartões de crédito que costumam estar nos diversos centros comerciais. Não concordo com a abordagem simpática do “posso oferecer-lhe algo” quando o objectivo é vender um cartão mas respeito que o façam. Aliás, estão somente a cumprir uma indicação superior. Pelo menos é aquilo que penso.

Também não acho piada ao facto de me chamarem “jovem”, “amigo”, entre outras coisas mas compreendo que tentem ser afáveis de modo a atrair a atenção de um potencial cliente. Também não me agrada que não aceitem o meu primeiro (e educado) “não. Obrigado, mas não estou interessado” mas percebo que a persistência seja uma arma que costume resultar com algumas pessoas que acabam por ser vencidas pelo cansaço.

Acredito que tudo isto faz parte de uma estratégia mais ou menos agressiva estabelecida pela empresa e que tem de ser praticada na perfeição pelos funcionários que são premiados consoante o número de clientes que consigam angariar. Nada disto me causa impressão. São as regras deste jogo. E algo que respeito. Mas há limites que certos funcionários desconhecem. Ontem, num centro comercial lisboeta, fui interceptado em duas ocasiões diferentes por uma funcionária deste tipo de vendas. “Jovem, dá-me um minuto?”, perguntou na primeira vez. “Não. Obrigado mas não estou interessado”, disse, oferecendo ainda um sorriso. Cerca de uma hora depois, nova abordagem. “É agora que o jovem me dá um minuto?”, insistiu. “Não. Ainda não vai ser desta”, respondi. E afastei-me.

Cerca de vinte metros à frente do quiosque destes comerciais parei numa máquina atm para levantar dinheiro. Para meu espanto, surge um rapaz por trás de mim. “Trabalha ou estuda? Para lhe oferecer algo”, foi o diálogo do rapaz. Estive a segundos de ser mal educado. Podia critica-lo por não se apresentar. Por não dizer quem é nem ao que vem. Informação que descortinei porque dei-me ao trabalho de procurar alguma identificação na pessoa. Podia também ter dito que a sua abordagem era errada porque estava a incomodar-me numa acção pessoal e longe da sua área de acção. Contudo, limitei-me a dizer “não estou interessado” antes de lhe virar as costas. Compreendo que o objectivo é vender. Mas há limites. Limites que este rapaz desconhece por completo. E que servem apenas para dar má imagem a empresa que representa.

23 comentários:

  1. É a pressão que eles recebem de cima...Afinal é o emprego deles.Mas claro que ha limites ...

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    1. Este tipo de abordagem faz com que perca o desejo de comprar aquilo que mais desejo no mundo.

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  2. Aconteceu-me uma situação similar, mas num contacto telefónico... Em que após se identificarem eu disse que não estava interessada...
    MAs dado que eu não estava interessada ofereciam-me uma máquina de café ou não sei mais o quê em troca de 10 minutos meus el algum sitio perto de minha casa para assinar o contrato e receber a dita oferta... ao qual, mais uma vez e ingenuamente, eu agradeci e recusei...
    E a conversa continuou... quando finalmente ela me pediu novamente 10 minutos do meu tempo, eu lhe disse que já os tinha gasto... e que os outros 10 minutos que me estava a pedir já tinham destino...

    Muito contra vontade lá terminou a chamada...

    Sim, é simples, podia simplesmente ter desligado a chamada pois fui importunada sem qualquer tipo de cuidado em saber se a hora era ou não oportuna... Não o fiz porque é o trabalho de alguém...

    Já não há respeito...

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    1. Nesse caso adoro a abordagem do Seinfeld.

      "Pode dar-me o seu número de casa"

      "Porquê?"

      "Para eu lhe ligar por volta das dez da noite. Não gosta, pois não? Então não me faça o mesmo"

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    2. Vou ver se não me esqueço dessa para a próxima!

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  3. Não tenho nada contra o trabalho dessas pessoas. Afinal, estão a ganhar o deles e apenas cumprem ordens superiores. Mas pelo que eu me apercebo, nunca vejo ninguém a falar com eles, toda a gente foge! O que me leva a questionar: será realmente esta a melhor estratégia?

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    1. Concordo contigo. Mas acho que muitas pessoas, sobretudo mais velhas, ainda vão no engodo da oferta. Sem perceberem que nada é grátis.

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  4. São vendas agressivas, incomoda-me muito, muito. Há outras, noutro ramo de negócio, que têm uma abordagem quanto a mim infeliz: "Posso ver as suas unhas?". Se me perguntassem "Quer conhecer/experimentar um creme?! ainda era capaz de dizer que sim... Agora, mostrar as unhas assim...

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  5. A unica coisa a reter Hsb é que á 1ª abordagem a funcionaria te apelidou de jovem e nao de senhor...e na 2ª abordagem ja depois de ter tido tempo para refletir te voltou a chamar de jovem. Devias estar grato lol ou entao aborrecido por como ha uns tempos disseste, mesmo com barba tens cara de puto e ng te leva a serio xD

    Agora mais a serio, concordo ctg que estas abordagens sao no minimo aborrecidas pq tb fico danado qd isso me acontece mas tento smp dar o devido desconto pq basicamente é o ganha-pao dos mesmos.

    Abraço

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    1. O jovem até nem me incomoda muito apesar de ser uma abordagem nada profissional. Mas a estratégia deles é péssima.

      Abraço

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  6. Eu acho piada porque sei sempre que se for com roupa do trabalho, eles abordam-me... se for com roupa de fim-de-semana ignoram-me completamente. E numa das ocasiões já disse isso a um deles. Não me parece uma abordagem correcta o "julgar pelas aparências"...

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    1. Eu também costumo ser ignorado com a roupa mais descontraída. E assim se cometem erros graves.

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  7. Odeio as vendas agressivas.
    Mas a verdade é que eles cumprem ordens. Conheço as realidades dos call-centers, contadas por pessoas que me são próximas e vivem ou viveram nessas realidades. Eles são obrigados a insistir até à exaustão, até ao cliente lhes desligar o telefone na cara. Se não o fizeres, és acusado de falta de poder de argumentação :/
    Uma coisa é certa: eu não me imagino MESMO nesse tipo de trabalho, não tenho estofo para impingir coisas às pessoas.

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    1. Eu sei que eles cumprem ordens mas quem dá ordens não percebe que está a falhar?

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  8. Realmente há mesmo limites...e invadirem-nos a privacidade não me parece nada nada bem!

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  9. Pois comigo erram no alvo, porque quanto mais me tentam impingir o que quer que seja menos vontade tenho de a adquirir. Por acaso tenho um desses cartões barclays que tanto oferecem, mas não foi preciso ninguém me oferecer. Eu quis, fui à net, preenchi o que tinha de preencher e já está. Sei que não dei a ganhar nenhuma comissão a ninguém, mas a oferta que eu queria só era oferecida em adesões online, por isso não tenho culpa. Acreditas que, já depois de eu ter preenchido os papéis e de os ter enviado, me ligaram a perguntar se eu queria um cartão? Eu respondi que já tinha feito o pedido. A funcionária disse logo: "ah, sim? mas olha que se quiser eu altero o pedido, faz agora outro comigo e pode ganhar ou um telemóvel, ou uma máquina fotográfica ou uma máquina de café". E eu, "pois, mas isso eu já tenho tudo e o que eu quero é o tablet que a senhora não tem para me dar". E ela insistiu, "mas o telemovel isto e aquilo, etc", e eu já me estava a passar, voltei a frisar que eu queria mesmo era o tablet e que não era de bom tom estar a ligar a chatear alguém que já tinha feito o pedido de cartão. Lá desligou, meio contrafeita. Agora, sempre que passo por funcionários desses nos supermercados digo que já tenho. Na maioria das vezes não acreditam, pensando que eu estou a mentir para me esquivar, e então perguntam se estou satisfeita, como que para me apanhar na mentira. E eu respondo, satisfeitíssima. O tablet então dá-me um jeito que nem imaginam. E eles ficam logo com cara de tacho. LOL
    Desculpa se me alonguei muito, mas entusiasmei-me com a conversa. :)
    beijinho

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    1. Ela disse isso para ganhar a comissão que não deste a ninguém. Vale tudo!

      beijos

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