29.5.13

despe-te que vou analisar o teu corpo


O nome é Blachman. E trata-se de um programa de televisão dinamarquês bastante peculiar. Neste, as mulheres ficam nuas em frente a dois homens. Não falam. Apenas mostram o corpo desnudado. De frente. E de costas. Por sua vez, os dois homens comentam aquilo que estão a observar. Analisam detalhadamente o corpo das mulheres e dizem aquilo que pensam.

“Que mamas tão alegres” e “essa vagina funciona bem?” são apenas dois exemplos daquilo que é verbalmente produzido num programa que é emitido em horário nobre numa cadeia de televisão pública dinamarquesa. De acordo com Thomas Blachman, estamos perante um programa que é uma “obra de génio” que tem como missão “discutir a estética do corpo feminino sem permitir que a conversa se torne pornográfica ou politicamente correcta.” “Agora as mulheres podem saber o que os homens pensam do corpo delas”, defende o mentor do projecto.

A produtora, de seu nome Sofia Fromberg diz apenas isto. “Temos um programa que revela o que os homens pensam do corpo da mulher. Honestamente, qual é o problema? Depois, existem as vozes que dizem tratar-se de um programa “aberrante” que “transforma a mulher num objecto.” Chegam a falar mesmo na “coisificação” do corpo feminino.

A minha primeira questão é como é possível que um formato destes seja emitido em horário nobre num canal público. A segunda, e mais importante, é o motivo que leva uma mulher a aceitar participar num programa onde não passa de um pedaço de carne. A mulher não fala. Não revela se é inteligente. Se tem sentido de humor, ou seus gostos ou o que quer que seja. Mostra-se apenas nua na esperança de receber a aprovação verbal de dois homens, como se isso fosse o melhor prémio do mundo.

Mais. O que leva uma mulher a procurar aprovação em dois homens cuja opinião tem tanto relevo como outra qualquer. Será desespero? Será uma vontade desmedida de ouvir alguém elogiar algo que ninguém elogia com frequência. Por mais que tente não consigo perceber. Como qualquer outro programa, entendo que se existe é porque alguém o comprou. Se faz parte do horário nobre é porque tem audiências para isso. E se continua a ser feito é porque existem mulheres desesperadas pela aprovação de dois homens que se limitam a olhar para o seu corpo enquanto as julgam apenas e só pelo tamanho das mamas, pela flacidez do rabo e pelo tamanho da barriga.

Lamentavelmente, esta é a face mais evidente da tal “coisificação” do corpo feminino. Lamentavelmente, são as mulheres que aceitam ser protagonistas deste processo. Lamentavelmente, existe uma produtora feminina que não vê qualquer problema neste programa que faz daquilo que ela é, um simples pedaço de carne. Que se seguirá às “mamas alegres” e às “vaginas que funcionam bem”?

47 comentários:

  1. Nem consigo comentar...é tão triste...

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  2. Sem palavras. É uma tristeza saber que este tipo de programa esteja em horário nobre, pois é sinal que tem audiência.

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    1. E saber que há mulheres que aceitam fazer parte disto. E estamos a falar de um canal público.

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  3. Ainda falam do lixo televisivo português :/

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  4. Essa vagina funciona bem?
    Não vejo como podem eles discutir a sua funcionalidade sem roçar o pornográfico ou o vulgar.

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  5. Já tinha lido sobre esse programa...
    E continuo a não ter palavras para descrever o que acho...
    É mesmo muito mau!

    Bj.

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  6. Respondendo a estas tuas questões:

    -A minha primeira questão é como é possível que um formato destes seja emitido em horário nobre num canal público. -Numa palavra: audiências!

    -A segunda, e mais importante, é o motivo que leva uma mulher a aceitar participar num programa onde não passa de um pedaço de carne. A mulher não fala. Não revela se é inteligente. Se tem sentido de humor, ou seus gostos ou o que quer que seja. Mostra-se apenas nua na esperança de receber a aprovação verbal de dois homens, como se isso fosse o melhor prémio do mundo. -As mulheres que lá vão estão certamente a ser pagas para se sujeitarem a isso e não buscam aprovação.

    Mas sim, o formato é terrível.

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    1. Eu compreendo que sejam as audiências mas estamos a falar de um canal público.

      Também ponderei essa hipótese do dinheiro mas acredito que muitas pessoas aceitem fazer parte deste espectáculo a troco de nada.

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  7. Ainda se pode considerar que as mulheres que lá vão, fazem-no para ser pagas, e quanto a isso... serão tantos os motivos que levam alguém a sujeitar-se. Mas como dizes e bem, outras irão numa perspectiva de aprovação e eu acrescentaria exibicionismo. O problema mesmo é que essas coisas dão audiências. Todos temos uma veia voyeurista e não há muita volta a dar. Às vezes a esperança que tenho é que esses concursos comecem a ser de tal forma banais, que haja um retrocesso no interesse dos telespectadores... mas não será por menos do que daqui por muitos anos e é uma visão muito optimista!

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    1. Se me dissessem que isto era um programa de cabo, achava deprimente mas não ficava chocado. Basta notar que já tivemos mulheres a despirem-se a dar notícias. Mas não acho que o lugar de um programa destes seja um canal público.

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  8. Surreal...quando acho que já vi de tudo.....
    beijos

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  9. Eu proponho à produtora Sofia Fromberg fazer também um programa em que os homens ficam nus em frente a duas mulheres. Não falam. Apenas mostram o corpo desnudado. De frente. E de costas. Por sua vez, as duas homens comentam aquilo que estão a observar! Parece-me justo!

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  10. Permite-me acrescentar que, se continua a ser feito, não é apenas porque "existem mulheres desesperadas pela aprovação de dois homens" ou mulheres em busca de 2 minutos de fama ou mulheres em busca de outra coisa qq, mas também porque há homens que participam da "coisa". E no fundo, neste programa, os protagonistas são eles, os "comentadores". Elas não passam de um pedaço de carne em exibição.

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    1. Claro. Há um misto. Mas acho que o pior é o lado delas, das que aceitam fazer parte disto a troco de nada.

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  11. Inventam cada coisa...nem tenho comentários!

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  12. As audiências sao um fenomeno difícil de explicar..e' que nem que o programa fosse feito com homens nus eu tinha interesse em ver! E nao tenho, tal como os nórdicos, pudor com a nudez, mas na mesma medida nao percebo qual a necessidade de um programa destes!

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  13. Existe mesmo o programa? ou isto é para os apanhados...!!!! :) sorrio para não chorar
    Susana

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    1. Existe mesmo. Escreve o nome no google e tens vídeos para ver.

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    2. Desculpa Bruno, estava a ser um pouco irónica. Acredito que exista (e mais se o dizes), mas a parte da emissão em horário nobre, e num canal público na Dinamarca, deixou-me na dúvida... Não quis perder tempo a confirmar a noticia, porque é uma verdadeira aberração e deprimente.
      Susana

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  14. Que medo. Esse programa é simplesmente um absurdo e uma vergonha para todas as mulheres.

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  15. As coisas que eu descubro quando aqui venho... :/ estou sem palavras!

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  16. Já tinha ouvido falar e nem quis acreditar. É realmente triste!! :(

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  17. A produtora é que devia ir la -.-

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  18. Já tinha ouvido falar, mas nem tinha percebido a dimensão da coisa. Eu sou como sou e não preciso de aprovação de ninguém. Quem gostar de mim há-de gostar como sou e pronto. Enfim, só gente doida. :/

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  19. Este povo dinamarquês é muito á frente não?...pelos vistos perante a lei das audiências vale tudo! ;)

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  20. HsB um pequeno aparte, o horario nobre na dinamarca é entre as 18h e as 20h.

    Quanto ao programa é lixo e poe em causa anos de luta pelos direitos das mulheres na minha opiniao.

    PS: Apesar de ser mau acho que seria o unico programa capaz de destronar o Big merda da TVI...e so isto diz mt daquilo que a malta gosta de ver :/

    Abraço

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    1. É um programa no mínimo esquisito...

      Não sei se destronava. Em Portugal duvido.

      Abraço

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  21. Já vens tarde com esta notícia.
    O ser humano está-se a perder aos bocados...

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    1. Não venho tarde pelo simples facto de que isto não é um blogue que pretende dar notícias. Se assim fosse, talvez viesse tarde. Neste caso, acho que não faz sentido falar em tarde ou cedo.

      Concordo com a tua segunda frase.

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  22. Deprimente :/
    E é, efectivamente, a "coisificação" da mulher :/

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