31.1.13

assim fizessem todos


Nos momentos de euforia esquece-se muita coisa. Em certos casos até se esquecem as origens e aquelas coisas simples que nos tornam únicos. Como por exemplo o nosso idioma. Que, a meu ver é uma das coisas mais belas que temos. Somos um povo que se adapta a todas as línguas. E se não considero que isto seja algo necessariamente mau, entendo que devíamos ser mais defensores do que é nosso. Sobretudo nos momentos certos.

No desporto, isto acontece com frequência. No futebol, quantos atletas já discursaram em inglês ou espanhol quando conquistam prémios ou quando falam em momentos importantes? Muitos. Demais, diria. Porém, quando menos se espera, surge um exemplo que nos dá alento. Pelo menos a mim, deu. Para quem não sabe, está a decorrer a Taça das Nações Africanas de Futebol. Nesta competição está a dar que falar a selecção de Cabo Verde que na primeira presença na competição conseguiu apurar-se (até ao momento) para os quartos de final. Este feito é motivo mais do que suficiente para serem os mais procurados pela imprensa internacional que cobre o evento.

A comitiva aceita falar com todas as pessoas. Em troca só têm uma condição. Que as respostas sejam dadas em português. A justificação não podia ser mais simples. “Somos um país lusófono”, dizem. “Um dos males do português não se afirmar internacionalmente é que gostamos de ser gentis com os estrangeiros e falamos a língua deles. Somos mais de 200 milhões de falantes no Mundo, se todos fizermos força no português talvez levem a nossa língua mais a sério, até reconhecendo-a como oficial nos organismos internacionais. Cabo Verde pode não ter o peso internacional de Brasil, Angola ou Portugal. Mas faz a sua parte. Assim fizessem todos”, explicou Gerson de Matos, o assessor da selecção de Cabo Verde.

Gosto destes pequenos grandes exemplos. A selecção está a viver um momento único. Algo que não sabem se voltará a acontecer. Neste momento podiam falar em inglês, francês, alemão ou chinês que ninguém acharia estranho. Porém, aproveitam a glória para defender aquilo que os distingue dos demais. Assim fizessem todos...

precisa-se de heróis. está aí algum?


Uma das rotinas de uma grande amiga minha é deslocar-se ao IPO de Lisboa. É lá que uma amiga dela luta pela vida com todas as forças que tem. E a pessoa em questão necessita normalmente de três transfusões de sangue por dia. Durante a visita de hoje, uma enfermeira falou com a minha amiga. Apelou-lhe para dar sangue. Um apelo que os funcionários andam a fazer a todas as pessoas que conhecem e com quem se cruzam. É que o IPO está a ficar sem sangue. As reservas são cada vez menores e o risco da falta de sangue é uma infeliz realidade crescente.

Depois de ouvir isto de uma pessoa que desabafa comigo com as lágrimas nos olhos restou-me ir à procura de heróis. Não precisam de capa nem de fatos especiais. Também não precisam de super poderes ou algo do género. Basta apenas dar sangue. Espero que estejam muitos por aí. Acredito que sim. Até porque hoje somos nós os heróis. Mas amanhã podemos precisar de um.   

ainda o sexo...


Conheço várias pessoas que mantêm relações com base apenas numa única coisa. Sexo! Dizem que não querem envolver-se emocionalmente com ninguém. Explicam as suas razões. Compreendem-se. E são felizes apenas e só com as relações sexuais que saciam os desejos que sentem. Isto é algo que não censuro. Ambos sabem ao que vão. Sabem as regras e concordam com as mesmas.

Depois, conheço pessoas que gostam de ter uma booty call. Aquela pessoa a quem ligam somente quando desejam uma relação sexual. É uma pessoa que só serve para isso. Para matar o prazer de outro. Mais, conheço pessoas que vivem bem neste papel. Quer seja no lugar de quem liga ou no de quem vai a correr assim que o telemóvel toca. E muitas vezes são pessoas casadas ou com longos namoros.

O que será que leva alguém a aceitar o papel de booty call sabendo que nunca vai passar disso? A esperança de que um dia o seu papel passe a ser outro? Algo que nunca acontece. Pois, dos casos que conheço, quando uma pessoa acaba uma relação, nunca fica com a booty call. Essa será sempre isso. Nada mais do que isso. Apesar de existirem sempre palavras que dão a entender que essa pessoa é especial e única. Palavras que têm apenas como objectivo manter essa pessoa por perto.

Quando me pedem conselhos digo sempre o mesmo. Algo que aplico à minha vida. Costumo dizer que a minha vida é um filme onde sou o realizador e o protagonista. E estes papéis vão sempre ser meus. Nunca serei o actor secundário da minha vida. Aqui, o protagonismo será sempre meu. E para mim, alguém que aceita ser booty call está a dar o protagonismo da sua vida a outra pessoa.  

verdade ou mito #3


Dizem que o make up sex é o melhor que existe. Depois de uma acesa discussão entre duas pessoas que se amam, nada melhor de que uma bela sessão de sexo pautada pelos sentimentos que estão à flor da pele. Além disso, estes intensos momentos fazem com que se esqueça o motivo da discussão. Verdade ou mito?

30.1.13

és irresistível. estás despedida!


Se um dia, a minha chefe viesse ter comigo e dissesse que me ia despedir por eu ser irresistível e uma ameaça ao seu casamento não sei qual seria a reacção. Ficaria de peito inchado com tamanho elogio e massagem ao ego? Ficaria sem reacção por ser algo sem qualquer lógica? Ou perguntava onde estava a câmara de filmar pois só podia ser para os apanhados? E se este despedimento seguisse para tribunal e o juiz desse razão à minha chefe?

Parece brincadeira mas é uma história verídica. A única alteração é que o funcionário irresistível não sou eu mas Melissa Nelson, uma assistente dentária do Iowa, nos Estados Unidos da América. Sendo naquele país, não me surpreende que este despedimento não seja considerado uma discriminação ilegal à luz dos direitos civis daquele estado por ser baseado em sentimentos e emoções. Convém salientar que os argumentos utilizados pelo patrão são de que Melissa usava roupa muito justa, o que é uma distracção.

Se as mulheres não mostram nada são umas púdicas. Se gostam de saias curtas e de decotes generosos são umas oferecidas. Se não dão “baldas” ao patrão são uma ameaça para o casamento do chefe e são despedidas.

as filhas dos sexistas


Há pais que julgam que os comportamentos que têm em casa não influenciam o futuro dos filhos. Pensam que basta dizer as palavras certas nos momentos adequados para que os descendentes saibam fazer as escolhas correctas nos momentos que as exigem, sem pararem para pensar em tudo o que viveram com os pais. Uma espécie de “faz o que te digo, não faças o que eu faço.”

Porém, a verdade é que os filhos têm quase sempre os pais como termo de comparação. Aquilo que se vive em casa acaba por ser visto pelos filhos como algo correcto, justo e que deveria acontecer em todo o mundo. Para o bem, e para o mal, os comportamentos dos progenitores acabam por marcar as suas vidas. De acordo com um estudo, pais sexistas podem influenciar as ambições profissionais das filhas. Pode ler-se que pais com ideias igualitárias sobre género têm filhas com maiores ambições na carreira.

Será por causa disto que (ainda) existem tantas mulheres/pessoas que acham muito bem que os homens tenham um ordenado mais elevado do que o de uma mulher que ocupe o mesmo cargo? E será por causa do que vivem/aprendem em casa que ainda existem muitos homens que sentem vergonha por terem um ordenado mais baixo do que o da mulher? Podem parecer pensamentos do século passado mas ainda há muita gente a pensar desta forma.

receita para a felicidade


Raramente tive dúvidas sobre este aspecto ao longo da minha vida. Porém, cada vez mais tenho como uma certeza inabalável que a receita para a felicidade não passa por uma conta de multiplicar euros e mais euros. Também não passa pelo apartamento com dez quartos naquela zona de luxo onde todos sonham viver. E muito menos passa pelo carro mais luxuoso do mercado ou pelas roupas mais caras e ainda pelos acessórios que adornam o visual de uma forma vistosa.

Arrisco dizer que a receita para a felicidade é muito simples até. Para mim, bastava-me estar em Cuba. Ter onde dormir. Estar perto de um bar de música cubana. E ter uma (ou muitas) garrafa de José Cuervo Especial Gold e muitos copos de shot. No corpo bastavam umas calças de ganga (ou calções) e uma t-shirt já com aspecto velho.

Misturava isto tudo e consumia diversas vezes ao dia. Com especial incidência para a noite. Onde a música cubana cantada ao vivo, a dança e os brindes com as pessoas especiais se destacavam. Seria muito feliz apenas com isto. Disso não tenho dúvidas.   

não me adapto


Não percebo aquelas pessoas de duas caras. Aquelas que sorriem à frente de alguém mas que espetam o maior número de facas possível nas costas assim que essa pessoa se volta. Aquelas que passam anos a falar mal de alguém, a criticar as suas atitudes mas que depois fazem-se os melhores amigos dessas pessoas. Aquelas que falam mal pelas costas mas que bajulam pela frente. Tento compreender e encontrar motivos para tais comportamentos mas não chego a nenhuma conclusão.

A única coisa que vou percebendo é que este tipo de atitudes começam a deixar de ser uma excepção para ser uma norma. Agora percebo porque tenho pouco mais do que cinco amigos verdadeiros. Percebo também que deve ser por abominar quem se rege por esta forma de ser que não me adapto a muitos sítios. E espero nunca me adaptar.    

29.1.13

elas estão sempre em vantagem


Existem vários domínios onde elas estão na dianteira em relação a eles. O primeiro é o facto de terem o poder de gerar uma vida. Este é o principal. Mas não é o único. A realidade é que elas estão quase sempre em vantagem em relação a eles. Até nas coisas mais simples da vida...

Imaginem a típica saída a dois. Não importa se é o primeiro encontro, o terceiro ou o décimo. Também vamos esquecer os sentimentos que estão para lá do físico. A verdade é que, por mais que possa ser negado, chega sempre aquele momento em que eles pensam qual será o aspecto do corpo delas que está coberto pela roupa. E acho que não minto se disser que elas também gostam de os imaginar sem roupa. Isto, por norma, acontece naqueles momentos em que domina o desejo físico. São os sentimentos carnais que falam mais alto. Algo perfeitamente normal. Aquilo que em muitos casos pode levar a uma noite de sexo, com ou sem amor.

Quando surgem estas dúvidas, eles têm muito em que pensar. Qual será o aspecto das pernas delas sem as calças justas. Como será o rabo sem os saltos altos? Será que o peito vai descair sem o soutien? Provavelmente, estas são as dúvidas principais. Por sua vez, enquanto eles pensam no que referi, elas pouco têm em que pensar. Será grande ou pequeno? E será que o sabe usar ou é trapalhão? Acho que estas são as grandes dúvidas delas. Ou estou enganado e passa-lhes muito mais pela cabeça?

De uma coisa julgo estar certo, elas estão em vantagem. E acho que não me engano se disser que quanto maior for o desejo menores são as dúvidas.

amor cuerdo no es amor


Volta e meia dá-me para escrever sobre amor. Primeiro, porque nunca se esgota o assunto mesmo que se escrevam dezenas de textos sobre este tema ao longo de um dia. Em segundo e talvez mais importante, porque o amor está presente em todos os dias e quiçá em grande parte dos momentos das nossas rotinas quotidianas.

Num momento rotineiro de ontem, deparei-me com esta frase. “Amor cuerdo no es amor”, da autoria de José Martí. Pois bem, se o meu fluente espanhol (leia-se um qualquer tradutor online gratuito) não me engana, isto quer dizer que amor sadio não é amor. E não podia estar mais de acordo. Acho que o amor vive da loucura. Da falta de lógica. Daquilo que faz bater o coração que por sua vez domina a razão que impera no cérebro.

É certo que deverá existir sempre um equilíbrio entre a emoção e o coração. Mas isto é a teoria. E se assim fosse, na prática não existiam loucuras por amor. Ninguém mudava de vida por alguém que conhece há pouco tempo. Ninguém fazia milhares de quilómetros para estar com alguém durante poucas horas. Entre muitas outras loucuras como gastar centenas de euros em flores que são espalhadas pela casa para um dia especial. Por isso, estou de acordo. Amor sadio não é amor.

agora escrevo eu #1

Obrigado a todos aqueles que enviaram textos para o desafio Agora Escrevo Eu! Estou maravilhado com a qualidade dos textos que tenho recebido. Passava horas a ler as vossas palavras perfeitamente articuladas. Relembro que quem estiver interessado ainda pode enviar a sua participação. É um desafio sem prazo de validade e irei publicar os textos pela ordem de chegada. Aqueles que não tiverem uma referência ao autor(a) é porque assim foi desejado. Como é o caso deste.

“A calma. Sabia onde ir buscá-la. Estava lá dentro, guardada como um salva-vidas. Onde estava sempre, no seu silêncio de lábios cerrados, nas unhas cravadas nas calças de ganga ou na parte de dentro do braço onde não chegavam os olhares indiscretos. Era aquele céu azul, por cima de um campo dourado e o cheiro a calor das tardes de Verão. O instante a meia água, sem horizonte ou fundo, um quase silêncio interrompido a espaços pelas bolhas de ar do regulador. Aquele eu secreto, sem lágrimas ou riso, tinha-lhe nascido há muito tempo atrás, quando precisara de nascer para viver lá fora no mundo. Um refúgio, um esconderijo secreto, um jogo. Conseguia estar por dentro e por fora, sentada à secretária a escrever e a viver lá longe onde o tempo ou a dor não a alcançavam. E então sonhava. Que os dias não eram cinzentos, sonhava com um quarto banhado pela luz matinal, com uma mão a procurar o seu cabelo e com o beijo tatuado na memória.”

o problema do chichi


Será que existe uma alergia a casas-de-banho que se alia a uma certa dose de exibicionismo? Quero acreditar que não mas começo a achar que sim. Pois é a única explicação que encontro para aquelas pessoas que optam por urinar na via pública (normalmente ao lado do carro com a porta aberta) quando têm uma casa-de-banho a aproximadamente cinquenta metros de distância. É certo que não estão sinalizadas mas em bom português, Pingo Doce, Continente, Leroy Merlin, Jumbo, Max Mat e afins significam casa-de-banho pública disponível. Conheço um caso diário de um homem que urina para a parede exterior do Pingo Doce. Será que foi mal atendido e está a vingar-se?

Ou será mais asseado fazê-lo na rua, não lavar as mãos e depois cumprimentar várias pessoas ao longo do dia? E já que estamos numa de dúvidas. Porque será que existem pessoas que não lavam as mãos nas casas-de-banho do trabalho quando a partilham com outras pessoas da empresa? Alguém tem resposta para isto? A minha sobrinha diria apenas “ca nojo.”

28.1.13

a vida do faz de conta


Mais vale parecer do que ser. Mais vale fingir do que ter. Mais vale dar uma de rico do que assumir que se é pobre. Esta é a mentalidade reinante dos dias que correm. Cada vez mais, as pessoas escondem-se atrás de aparências que enganam um grupo reduzido de indivíduos. Sem nunca se aperceberem que os verdadeiros enganados são os próprios.

Ao excesso de aparências e maquilhagens junta-se a falta de originalidade. O que importa é seguir um molde estabelecido por alguém. O que está a dar é a fulana X? Então vou vestir o que ela veste. Calçar o que ela calça. Comer o que ela come. Assim serei aceite pela sociedade. O que está a dar é o sicrano Y? Então vou fazer tudo o que ele faz. Vou furar as orelhas, apesar de não gostar de brincos. Vou usar uma crista apesar de achar o penteado horroroso. E vou tatuar-me apesar de achar que as tatuagens são feias. Assim, vou ser aceite pela sociedade.

A estas cópias juntam-se outras. As comportamentais. Não te vais embebedar? Então não sais comigo nem te adaptas à discoteca. Não és sexy? Então não és minha amiga nem vais sair comigo. Se não vais ficar nas nuvens com algumas drogas não fazes parte do meu grupo. Se não és magra, não és minha amiga que não me dou com gordas.

Estas são algumas regras do mundo de hoje. E muitos passam o tempo a tentar não perder este comboio do faz de conta. E têm como exemplos pessoas que são tudo menos isso. Indivíduos que passam a vida em festas com roupa que devolvem no dia seguinte, ainda com a etiqueta colada. Pessoas que estão sempre nas nuvens com mais um pouco de uma qualquer droga oferecida por aquele amigo porreiro que sonha ser famoso. Estas são as tais pessoas que vivem no mundo das aparências. Que desfilam flûtes de Perrier-Jouët quando no banco não há dinheiro para uma garrafa da água mais barata do mercado.

E quando percebem a realidade e o peso deste comboio constatam que perderam anos de vida. A vida é muito curta. Os flûtes de Perrier-Jouët são fabulosos. Mas a cerveja bebida da garrafa também é muito boa. E o efeito é o mesmo. Basta ver o Carnaval do Rio.

just pic me


Sempre gostei de fotografia. Quando era mais novo, ainda na altura do rolo, tentava ser o fotógrafo de serviço das férias familiares. Nunca captava as melhores imagens. Mas era o autor daquelas que faziam toda a gente sorrir. Nem que fosse porque faltava a cabeça a alguém.

Com o passar dos anos e com a entrada no jornalismo passei a ter uma relação mais estreita com a fotografia. É raro o dia em que não estou com um fotógrafo e como sou curioso, faço perguntas sobre esta arte e vou aprendendo um pouco mais sobre este fascinante mundo.

Como este blogue é feito sobretudo de palavras decidi criar o just pic me. A partir de hoje, este é o blogue onde coloco fotografias que vou tirando ao longo dos dias. Não pretendo que seja um blogue de fotografia porque não tenho talento nem conhecimentos para almejar tal coisa. É apenas um simples álbum de fotografias que está disponível para quem quiser passar por lá.

Porém, a criação do just pic me não significa que este deixe de ter fotografias. O que é certo é que não terá textos. Esses são exclusivos deste vosso canto. Ali, vão estar apenas imagens. Espero que gostem e que se sintam tão à vontade como por aqui.  

vergonha com bolinha no canto superior direito


Por mais que se negue, há uma altura em que os adolescentes começam a descobrir a pornografia. Aliás, parte deles não se limita a descobrir. Apaixona-se e nunca mais a larga. Na minha adolescência, a Internet não era o que é hoje. Como tal, essa descoberta era feita quando alguém aparecia na escola com o dvd da sex tape da Pamela Anderson. Pouco se falava de sites com imagens de mulheres nuas que se destacavam pela ginástica corporal. Porém e além disto, alguns optavam por ir ao clube de vídeo alugar cassetes vhs de filmes pornográficos.

Por norma, quem o fazia gostava de se gabar de tal acto. Achavam-se uma espécie de entendidos na matéria porque viam uns quantos filmes. Achavam-se os maiores porque tinham coragem de levantar filmes para adultos no clube de vídeo. Contudo, escondiam que aquilo que faziam era sempre marcado pela vergonha. E que isso acaba por dar sempre mau resultado.

Recordo-me de dois amigos que foram vítimas da "vergonha pornográfica". Um deles tinha a mania de se “esconder” na zona dos filmes para adultos. Lá, abria as capas para ver como era o filme (para quem não sabe (ou não se recorda) os filmes para adultos têm as fotografias do filme por dentro) antes de fazer a escolha. Muitas vezes, limitava-se a ver mulheres nuas sem levantar qualquer filme. Até que um dia, ao pegar numa capa atirou ao chão outras dez. Ficou todo vermelho de vergonha e não voltou a frequentar o espaço.

Outro amigo, que também gostava de se gabar de ir ao clube de vídeo, era aquilo a que chamo um "pornográfico tímido Speedy González". Com receio de ser visto a escolher um daqueles filmes, entrava no clube de vídeo, pegava numa cassete ao calhas e ia embora. Algo que fazia em poucos segundos e quando o clube de vídeo estava vazio. Tal como o outro, este também foi vítima da vergonha. Pois, em diversas ocasiões acabou por alugar filmes homossexuais. Porém, este não desistiu nem mudou de estratégia. Aceitava correr o risco.

Pessoalmente, nunca fui de alugar este tipo de filmes. Mas mentia se dissesse que não olho para a secção. Olho. Volto a olhar. E ainda olho mais uma vez. Para mim, é a secção onde se encontram os melhores títulos que se podem dar a filmes. E farto-me de rir com a originalidade de quem dá nome aqueles projectos. Aliás, eu próprio inventei alguns que posso oferecer a quem quiser e que são sempre o mote para uma divertida tertúlia sobre o tema.

moda que não percebo


Por mais anos que viva, há modas que nunca irei compreender. A mais recente está relacionada com os leilões de virgindade. Não consigo perceber os motivos que levam uma mulher a “oferecer” a sua primeira noite de sexo a um estranho a troco de dinheiro. Até compreendia se ouvisse quem o fez revelar que tomou tal atitude para angariar dinheiro para uma operação que vai salvar a vida de um familiar. Apesar de continuar a ser bastante discutível era algo moralmente menos chocante para mim.  Agora, quando leio que a pessoa em questão vendeu a sua virgindade para comprar um apartamento, o caso muda de figura. Ou quando dizem que o fizeram porque viram outras a fazer e pensaram: porque não? E nem sei o que dizer quando fico a saber que as mães dizem-se orgulhosas deste tipo de decisões. Acho que é apenas mais um exemplo da época do vale tudo.

27.1.13

tal e qual uma carroça

A vida no campo é tal e qual uma carroça. Simples. Bela. Cativante. Apaixonaste. E dá sempre vontade de andar nela.

26.1.13

não é a mesma coisa

Vir a Vila Nova de Milfontes e não poder deliciar-me com um croissant do Mabi é a mesma coisa do que ir a Roma e não ver o Papa. Há estabelecimentos que não deviam fechar para férias e o Mabi é um deles.

Enviado do meu iPhone

25.1.13

quanto mais me afasto mais perto fico

Afasto-me mas quanto mais me afasto, mais me aproximo. Fico longe da confusão. Do betão. Das dores de cabeça. Até do cinismo. E aproximo-me da paz. Da Natureza. De boas memórias. Do calor de uma lareira que arde como poucas. E até das minis ou médias baratas no café do costume.

Afasto-me das intrigas e aproximo-me das boas conversas e talvez de um copo de whisky que aquece a garganta nestas noites frias. Afasto-me do olhar constante para o relógio e aproximo-me da ausência de tempo. Afasto-me das dores de cabeça e aproximo-me das gargalhadas que nos deixam com dores no estômago de tanto rir.

Afasto-me da cidade e aproximo-me do campo. Olá paraíso. Olá Alentejo. Olá Vila Nova de Milfontes. Vamos namorar os dois. Como sempre fazemos. Como tanto gostamos.

Enviado do meu iPhone

romântico sofre

Por norma existe a ideia de que o romantismo anda sempre de mãos dadas com o sofrimento. Verifica-se uma tendência em aceitar muito mais facilmente alguém que percebe de amor se for uma pessoa que sofreu muito em vez de outra que nunca experimentou a dor neste campo. Se sofreu, sabe o que diz e é certamente um romântico. Se não sofreu por amor, é um falso moralista que se deve achar especialista no assunto.
 
Será que esta ideia está relacionada com o facto de grandes histórias de amor estarem ligadas à dor e ao sofrimento. Contos que apaixonaram milhões de pessoas em todo o mundo. Será isto que leva a que a dor seja automaticamente associada ao amor e aos românticos. Ou será que não existe amor sem dor? Será que não é possível amar e ser amado sem experimentar o lado negro de uma vida a dois? Ou, mais uma vez, será que tudo isto está relacionado com as tais histórias de amor pautadas pelo sofrimento.
 
Ou será ainda que o amor sem dor seria chato, aborrecido e entediante? Será que é na dor que se conhece a verdadeira dimensão do amor que nutrimos por alguém? Pessoalmente, acredito que exista amor sem dor. Por outro lado, acho que poderá ser chato, aborrecido e entediante. Por fim, quanto mais escrevo, mais perguntas surgem na minha cabeça. Lá está, o amor é simples… mas nas tais mensagens de valor acrescentado que têm solução para tudo.

é sempre a mesma coisa

Não é novidade que sou “viciado” em cinema e série televisivas. É daquelas coisas que quanto mais consumo, mais quero consumir. E este vício saudável ensinou-me diversas coisas ao longo dos anos. Por exemplo, fiquei a saber que, tanto nos filmes como nas séries, as portas de casa estão sempre destrancadas. Qualquer pessoa pode entrar em casa. É como se vivessem num mundo onde as fechaduras ainda não foram inventadas.

 
Aprendi também que depois de uma noite tórrida de sexo e paixão nunca se toma banho nem se trata da higiene pessoal. São horas de sexo e mais algumas de mimos até que o Sol nasce. Nessa altura, a pessoa (que não está na sua casa) acorda, veste-se e vai trabalhar. Em ocasiões especiais partilha-se um pequeno-almoço.
 
Fiquei também a saber que existe uma atracção para o perigo. Quando em fuga, os perseguidos escolhem sempre os piores caminhos e as piores soluções. É como se fossem orientados pelo GPS Perigo que os guia até às piores situações possíveis.
 
Aprendi ainda que os bons têm poderes sobrenaturais. Facilmente conseguem magoar um exército sem sofrer um arranhão. Em alguns casos, são os vilões que detêm estes poderes. Facilmente dizimam dezenas de pessoas e só morrem quando são atropelados por dez camiões e cinco comboios de seguida.
 
Há muito que sei tudo isto. Sei que acontece e que irá continuar a acontecer. Mas a verdade é que não me farto nem do cinema nem das séries.

o sucesso da infidelidade

Um telemóvel está a fazer muito sucesso no Japão. Será que adivinham qual é? Não! Não é o iPhone. Não! Também não é o BlackBerry. Não! Não é um modelo xpto de elevada tecnologia que tira as melhores fotografias. Aliás, o telemóvel destaca-se por ser básico e de simples uso.
 
O telemóvel em questão é o F-Series da Fujitsu, um gigantesco sucesso de vendas. Porquê? Pelo facto de ser o aparelho predilecto dos infiéis. É que o F-Series tem uma função que automaticamente esconde os avisos de chamadas não atendidas e ainda as mensagens de texto e voz dos contactos definidos pelo utilizador.
 
Apesar da sua simplicidade, estas características fazem com que seja um sucesso junto daqueles que traem por permitir que o façam sem levantar suspeitas. É certo que a traição é algo que a maior parte das pessoas abomina. Mas, do ponto de vista puramente comercial é um nicho de mercado como tantos outros. E posto isto, acho justo dizer que já nada me espanta.

24.1.13

qui nhen tos !!!

Vou aparar a lã (a forma como sempre descrevi um corte de cabelo) e quando regresso reparo que o blogue tem quinhentos seguidores. Podia vestir o meu fato de basófia e dizer: "estava a ver que nunca mais lá chegava." Podia vestir o fato de candidata a miss mundo e dizer: "é o dia mais feliz da minha vida." Podia ainda vestir o fato de tonto e fingir que não reparei que somos cinco centenas e aguardar que alguém o referisse num comentário. Podia fazer tudo isto mas estaria a ser falso. Comigo e estaria a ser mentiroso com quem lê o que escrevo.

Na realidade, Quando olhei para o número senti um misto de alegria e espanto. Cerca de 20% de alegria e... (deixa-me fazer as contas...) 80 de espanto. Espantei-me com a primeira dezena de seguidores. Espantei-me com a primeira centena. E espantei-me com os quinhentos seguidores em nove meses.

Por mais que tente, é algo que não consigo compreender. É bom mas não sei explicar. Obrigado aos quinhentos. Obrigado a quem não é membro. Obrigado a todos os que passam por cá e deixam a sua marca.

Fizeram-me ganhar o dia. Não porque somos cinco centenas. Fazem-me ganhar o dia desde 12 de Abril de 2012. E isso, nunca esquecerei.

Enviado do meu iPhone

vamos a isto?

Para mim, ter um blogue significa interagir com o maior número possível de pessoas. Interacção essa que pode ser feita por email ou através de um comentário que deixam no meu espaço ou que eu deixo no vosso. Ao longo dos meses que tenho este blogue, tudo isso tem sido uma experiência maravilhosa. Gosto de conhecer pessoas e debater os pontos de vista que podem coincidir com o meu ou ser completamente opostos.
 
Ou seja. Aprecio imenso os vossos comentários. Alguns deles são verdadeiras histórias que mereciam ser um post em vez de um simples comentário. E é essa a minha ideia. Vou lançar um desafio. E este só será uma realidade se vocês assim quiserem. Se mostrassem interesse, avança. Se não acharem piada, fica na gaveta.
 
O que proponho é o seguinte. Gostava que me enviassem um email com aquilo que vos apetecer dizer. Pode ser uma declaração de amor para alguém. Podem ser aquelas palavras que já deviam ter sido ditas há muito tempo a uma certa pessoa. Pode ser um pedido. Pode ser aquilo que vocês quiserem. Não há limites.
 
Mas parte de nós tem blogues e podemos fazer isso mesmo no nosso espaço, podem perguntar. É verdade. E o meu objectivo não é que deixem de escrever no vosso blogue para que eu publique no meu. O que se passa é que muitas pessoas não têm blogue. E, das que têm, parte revelou a identidade aos amigos e a quem lê. Neste desafio, existe a possibilidade de optarem pelo anonimato. O texto pode ser assinado com o vosso nome, com o nome que usam no blogue ou pode ser publicado sem qualquer assinatura.
 
Este é o meu desafio. Uma ideia que já tinha há algum tempo e que espero ser do vosso agrado. Volto a referir. Não há limites para o conteúdo do texto. Quem quiser participar, pode enviar um email para homemsemblogue@gmail.com com Agora Escrevo Eu no assunto. Vamos a isto?

uma questão de nervos

Ao longo dos anos em que joguei futebol, poucas foram as vezes em que me senti um “profissional.” Uma delas foi quando joguei na primeira divisão. A outra, foi no início dessa época, quando fui sujeito a todos os exames físicos que um jogador profissional faz quando assina por um clube. É que até essa altura, os exames médicos não passavam de perguntas, às quais respondia sim ou não.
 
Naquela altura, quando tinha 14 anos, fiz todos os exames possíveis e imaginários. Até fui obrigado, assim mandavam as regras, a fazer o teste de despistagem do HIV. Fui a diversos postos clínicos e há um, em particular, que nunca esquecerei.
 
Desloquei-me a um prédio, mais especificamente ao quarto andar, onde existia uma clínica. Era o último exame que me faltava. Ia fazer um electrocardiograma. Toquei à campainha e apareceu uma mulher atraente que deveria ter vinte e muitos anos. Volto a lembrar que tinha 14.
 
Disse que vinha do clube x para fazer o exame. Depois, encaminhou-me para uma sala. Fechou a porta e disse: “dispa-se da cintura para cima. Descalce os ténis e tire as meias.” Assim fiz. Para quem não sabe, este exame é feito com ventosas coladas no peito, pulsos e tornozelos. Para aplicar as mesmas, coloca-se um gel específico nas zonas das ventosas. Foi então que a mulher perguntou se eu queria aplicar o gel ou se preferia que fosse ela a fazer. Acho que não preciso de explicar qual foi a minha opção naquele cenário. Porém, a decisão acabou por não ser a mais acertada…
 
Assim que começou o electrocardiograma, fez-me uma pergunta: “Está nervoso?” “Eu? Não, porquê?”, respondi. “É que tem o coração a bater muito depressa”, disse-me. Na altura fiquei calado. Mas, em abono da verdade, qual seria o puto de 14 anos que não ficaria com o coração a bater mais depressa num cenário daqueles?

mai quê? maikai...

Actualmente, raramente passo uma semana sem comer sushi. Mas nem sempre fui assim. Em tempos era incapaz de ouvir conversas que versassem sobre arroz e peixe cru. Tinha uma mente fechada sobre o tema e isso fazia com que não estivesse disponível para provar o que quer que fosse.
 
Com os tempos fui abrindo a minha mente e passei a fazer parte do grupo dos três. Aquelas pessoas que estranham quando comem sushi pela primeira vez. Que fazem caretas quando levam a comida à boca. Na segunda ocasião, as coisas melhoram mas a pessoa não fica convencida. Até que, com a terceira oportunidade chega o vício de uma comida com um reduzido teor de gordura e bastante rica em fibra.
 
Quem gosta de sushi sabe que não é fácil encontrar bons restaurantes que não estejam nas grandes cidades. Nos dias que correm, a oferta ainda não é muito vasta. Felizmente, começam a surgir pessoas corajosas que apostam nesta área. Através da revista do Expresso fiquei a saber que tinha aberto um restaurante de sushi a poucos quilómetros da minha casa. Ontem, finalmente fui provar a comida do Maikai e a experiência não podia ter sido melhor.
 
Como já referi, fico feliz por haver quem tenha coragem para apostar num restaurante destes numa zona relativamente calma. Depois, não minto se disser que comi o melhor sushi de sempre. E o que dizer do sake quente? E tudo isto com um atendimento simpático, atencioso e cuidadoso. Como a casa tem apenas quatro meses, decidi escrever sobre a mesma. Até porque disponibilizam um serviço de take away. No facebook e no site podem encontrar mais informações. E volto a dizer. Ainda bem que há quem aposte em negócios “longe” das grandes cidades. Neste caso, da Margem Sul do Tejo, mais especificamente na Aldeia de Paio Pires.

23.1.13

nem sei que título dar a isto

Estar em casa permite-me treinar mais cedo e evitar o período de maior afluência no ginásio. Evitar a confusão permite-me falar mais entre os exercícios. O que fiz hoje.

O tema da conversa era a estreia de Odisseia, o novo programa de Bruno Nogueira e Gonçalo Waddington. Disse que tinha apreciado o primeiro episódio e revelei o gosto pelo humor menos convencional. A conversa prosseguiu e comecei a falar dos actores portugueses que aprecio mas que, na minha opinião, são pouco aproveitados em televisão. Isto prolongou-se e dei por mim sentado num aparelho a falar sobre um actor que surpreendentemente não é despedido.

Foi nessa altura que vivi aquilo que chamo de momento "ups! my bad." Estava a conversar com um amigo quando uma senhora se aproxima de nós (estavam três pessoas a treinar aquela hora e o meu amigo é o dono do espaço). Sorridente, aproximou-se cada vez mais. Comecei a pensar: "está a gostar da conversa e vai dar a sua opinião." Ela olhou nos meus olhos, sorriu e disse apenas: "ainda vai usar a máquina?"

Foi a minha vez de sorrir. Depois pensei: ups! my bad, e fui à minha vida.

Enviado do meu iPhone

o amor é a coisa mais básica do mundo

Para muitos, o amor é a coisa mais complexa do mundo. Ninguém consegue explicar porque se ama. Quem se ama. Como é possível amar quem nos trata mal. Como não conseguimos terminar uma relação com alguém nocivo para a nossa vida. Nem o que fazer quando uma relação corre mal.
 
Para tentar responder a isto escrevem-se livros. Manuais de amor. Com respostas para todas as perguntas que qualquer pessoa possa ter. Uma espécie de livro de receitas em que o cozinhado acaba sempre da mesma maneira: foram felizes para sempre. Mas mesmo estes manuais não retiram a aparente complexidade do amor.
 
Porém, o amor é a coisa mais básica do mundo. Quem o diz não sou eu. São os canais de música. É que basta enviar uma mensagem para um número de valor acrescentado para saber o nosso futuro. Escrevem-se os dois nomes e na resposta vem a percentagem de compatibilidade do casal. A troco de uns bons cêntimos vislumbra-se o futuro sentimental.
 
Em caso de compatibilidade, existe um outro número que nos revela o nome dos filhos do casal. Ou seja, não só sabemos a compatibilidade como ficamos a saber que vamos ter filhos, qual o sexo dos mesmos e os nomes que devemos escolher. E ainda dizem que o amor é complicado…
 
Espero que todas as pessoas que reparam nestes anúncios tenham a mesma reacção que tenho. Ou seja, soltar uma boa gargalhada. É verdade que o amor pode estar em todo o lado. Mas dificilmente estará numa mensagem de valor acrescentado.

aqui mando eu (e nunca durmo)

Ontem, deixei aqui uma justa homenagem ao meu sofá, por tudo aquilo que me proporciona e vivemos juntos. É um facto que não posso negar. Mas, a verdade é que a minha vida nem sempre foi assim. Esta relação tem poucos anos. Antes disso, vivia uma relação semelhante mas com o meu quarto, mais especificamente com a minha cama. E foi assim durante os anos que vivi em casa dos meus pais.
 
Isto não quer dizer que não tivesse um sofá na casa dos meus pais. Quer é dizer que não mandava nele. Na casa dos meus pais o sofá é aquilo a que chamo território sagrado do meu pai. O sofá é dele. É quase um "ditador" daquele objecto. Além do poder sobre o sofá, o meu pai acumula ainda outro. O de comandar o comando, passo a redundância, da televisão. Este objecto parece que tem cola. Como tal, não pode ser retirado das suas mãos.
 
E tal como um polícia, que está sempre de serviço, mesmo quando não está a trabalhar, o meu pai está sempre a mandar no sofá e no comando, mesmo quando está a dormir. “Pai, vai-te deitar. Estás aí todo torto a dormir no sofá”, disse eu vezes sem conta. Nitidamente assustado por ter sido acordado quando não esperava, a resposta era sempre a mesma. “Não estou nada a dormir. Estou a ver televisão”, dizia-me com o comando sempre preso à mão. (Sempre que tentava tirar o comando das suas mãos acordava).
 
Eu repeti aquelas palavras vezes sem conta mas arrancar o meu pai do sofá era uma tarefa hercúlea. Muitas vezes acabava por desistir e ia eu dormir. E o meu pai, ficava mais uns minutos no seu território sagrado. Como tal, acredito que o meu futuro será este. Aquilo que nutro pelo meu sofá acabará por tornar-se numa relação destas. Aliás, só me falta o filho para me mandar dormir enquanto digo que estou a ver televisão. Porque, tenho que assumir, já tenho uma relação de grande proximidade com o comando da televisão. Ainda não tem cola... mas para lá caminha.

ver para ajudar

Adoro cinema. Desde o E.T. à saga Saw, passando por muitos outros tipos de filme. Gosto de tudo e vejo o máximo que consigo. Aliás, é raro o dia em que não vejo um filme. Porém, emociono-me poucas vezes. É preciso muito para uma longa-metragem mexer comigo e quiçá deixar-me a lacrimejar. Todavia, acho que isso vai acontecer em breve, com O Impossível, que chega amanhã aos cinemas. Já vi o trailer diversas vezes e acabei sempre da mesma forma. Emocionado. Acho que a culpa disto é da própria história e das imagens bastante fortes que se misturam na perfeição com esta brilhante música. E se fico assim com aqueles breves minutos, temo a minha reacção durante o filme.
 
Mas não tenho dúvidas, O Impossível é daqueles filmes para ver no cinema. Pelo argumento baseado numa história verídica, pelos actores – Naomi Watts, nomeada para melhor actriz nos Óscares – e ainda pelo facto de parte da receita de bilheteria nacional reverter para o fundo de emergência da Cruz Vermelha, que tem como finalidade, perante um cenário de emergência nacional ou internacional, criar as condições necessárias para que a sua intervenção seja rápida e eficaz junto de quem tem a vida, saúde ou dignidade ameaçadas.

22.1.13

o dia em que mais pensei em ti, o meu corpo é um mapa de guerra e dois pensamentos

Há dias em que dá para pensar em tudo. Outros em que não se pensa em nada. E outros ainda em que se pensa num aglomerado de ideias que se transformam em memórias que provavelmente têm pouca relevância para terceiros. Acho que o meu final de tarde foi assim, como descrevo na última frase.
 
Cada vez mais empenhado na minha resolução para este ano, que consiste em treinar muito mais e alimentar-me ainda melhor, cumpri à risca mais um treino. No final do mesmo, quando o corpo já pedia descanso, surge o desafio para uma aula de spinning. Fui incapaz de dizer que não. E lá fui eu pedalar como se não houvesse amanhã. Passadas duas músicas, já olhava para o relógio, que parecia não avançar. Para quem já fez uma aula destas, sabe que há-de tudo como nas lojas dos chineses. Pedala-se devagar, depressa, ainda mais depressa e numa velocidade muito superior às anteriores. A carga começa fraca e acaba bastante dura. Pedala-se sentado, em pé e alterna-se o em pé e o sentado. Foi durante tudo isto que mais pensei no Lance Armstrong. No fraude em que se revelou. Por outro lado, pensei também nas pessoas que têm saído em defesa da modalidade. Naqueles que criticam a forma de pensar em que se diz “se toda a gente fazia, ele está desculpado” e que defendem os ciclistas que treinam diariamente sem recorrer a drogas ilegais para aumentarem o rendimento. A esses, um grande bem-haja. Se quarenta minutos custam, imagino horas a fazer aquilo.
 
 
O segundo momento que acabou por se transformar numa memória já foi debatido há muito, aqui. Na altura, falei da depilação masculina, da qual sou adepto. E não o faço apenas por questões estéticas, que é um argumento que não pode ser ignorado. Enquanto atleta, é muito mais prático não ter pêlos. Para massagens e não sou. Porém, quando o faço, acabo sempre por comparar o meu corpo com um mapa de guerra. Melhor, com as cicatrizes que um soldado guarda de uma batalha. É que tenho, principalmente nas pernas, várias de marcas de pitons. E o curioso é que cada uma delas conta uma história, tal como uma cicatriz de guerra. Olho para elas e visualizo o momento em que aconteceu. O campo de futebol, a equipa adversária e o autor da marca.
 
Por fim, ainda houve tempo para alguns sorrisos. O primeiro, quando um amigo se lembrou de dizer que “um homem sem cornos é como um jardim sem flores” durante uma animada conversa, marcada pela paródia. O último sorriso, estava guardado para esta foto, que faz parte de um “programa de motivação” desportivo que sigo com atenção e de onde já retirei algumas frases que coloquei no blogue.
 
 
E é isto. Dezenas de linhas sobre coisas que me deram que pensar, que me fizeram viajar no tempo e que me fizeram sorrir. Provavelmente, vai soar a algo vazio de conteúdo. Acredito perfeitamente que assim seja para quem tem uma distância dos acontecimentos diferente da minha. Mas, a verdade é que me soube bem recordar e partilhar.  

o sexo da crise ou a crise do sexo?

Primeiro veio a crise económica. Agora é a crise do sexo. Ou será o sexo da crise? Confuso? Pois bem, parece que nós (os homens) estamos a perder o desejo sexual. Segundo uma notícia que vi, um em cada dez homens está a perder vontade de viver momentos íntimos com a parceira. Porquê? Sobretudo por causa da crise.
 
Ao que parece, tudo o que envolve a crise (stress, instabilidade profissional, falta de emprego, entre muitas outras coisas) faz com que eles percam interesse pela vida sexual. Sem querer desvalorizar os autores do estudo, não vejo as coisas desta forma. Não compreendo que alguém perca o interesse pela mulher ou namorada porque Portugal, ou a própria pessoa, atravessa tempos complicados. Será que a situação piora por causa do sexo?
 
Compreendo e aceito se me falarem em doença. Por exemplo, se me disserem que um homem com uma depressão passou a ter um menor desejo sexual. Não argumento isto. De resto, poucas são as pessoas que neste momento podem dizer que se estão a marimbar para a crise. Poucas podem gabar-se de não sentir qualquer efeito na economia do casal ou da família. Infelizmente, eu não faço parte deste grupo. Pertenço aqueles que passaram a ter como amiga íntima uma calculadora.
 
Porém, não concebo que isto se traduza numa vida sexual menos activa. Aceito que seja uma desculpa para casais que não vivem uma boa fase e que se socorrem de tudo para culpar o estado da relação. Também aceito que a crise seja um bloco de gelo na cama a partir do momento que se discute economia nos momentos íntimos. Também aceito que a crise seja um bloqueio sexual a partir do momento em que os discursos políticos ocupam o lugar dos beijos e das carícias na cama.
 
Como tal, excluindo alguma doença como uma depressão ou a falta de interesse do próprio casal, não imagino o sexo a viver períodos de crise. Aliás, o sexo deve ser um balão de oxigénio que nos regenera quando tudo corre mal. É o acto mais íntimo que um casal pode viver. São os sentimentos e desejos no seu estado mais puro. É o que nos devolve o sorriso, motiva e dá força para continuar a tentar sobreviver num mundo cruel.
 
E aceito que digam que é uma teoria patética ou tola. Mas, uma coisa é certa. Nenhum Pedro Passos Coelho ou Vítor Gaspar vai transformar a minha vida sexual numa aborrecida aula de economia onde o clímax é quando toca para os alunos abandonarem a sala. A crise pode chegar a muito lado. Mas no meu quarto nunca irá entrar.

eles (também) já sabem o que custa

De acordo com os médicos, as contracções durante o trabalho de parto provocam as dores mais intensas que um ser humano pode sentir. E este facto é aquilo que principalmente diferencia os homens das mulheres. São elas que passam por isto. São elas que geram vida. É por isto que elas estão um patamar acima deles, na minha humilde opinião.
 
Porém, eles também já podem vivenciar aquilo por que elas passam durante o trabalho de parto. Como? Submetendo-se à mesma experiência protagonizada por dois apresentadores holandeses. Foram colados eléctrodos nos abdómens de ambos e a intensidade dos choques dos mesmos foi semelhante às dores que elas sentem quando estão a dar à luz. Ao longo de 120 minutos, Dennis Storm e Valerio Zeno viveram um trabalho de parto que não culminou com o nascimento de dois bebés.
 
Inicialmente, ambos acharam piada à experiência. Até se riam das dores que consideravam ser perfeitamente normais. Até que perguntaram se a dor seria insuportável com o aumentar da potência nos eléctrodos. “Vocês vão gritar de dor”, garantiu a enfermeira que auxiliou este parto fictício. E a verdade é que ela não mentiu, como prova o vídeo. Um dos apresentadores precisou de ajuda para respirar, acabando por desistir da experiência.
 


Eu já não tinha dúvidas nenhumas sobre aquilo por que uma mulher passa durante o parto. Mas, depois de ver a agonia destes homens, ainda lhes dou mais valor. Só fico com uma dúvida. Será que eles deviam ser sujeitos a uma experiência destas para perceberem o que custa e não falarem da boca para fora?

não sei viver sem ti

Estás sempre disponível para mim. Sempre com vontade de me acolher. Seja num momento bom ou num período mau. Esteja eu radiante e feliz ou de rosto fechado e triste. Ou apenas cansado. A verdade é que estás sempre presente para mim. Não fazes perguntas. Não me julgas. Simplesmente, estás lá para o que for preciso. Seja para limpar uma lágrima ou partilhar um sorriso. Além disso, aturas tudo o que te faço. Sempre. E sem refilar ou fazer ar de frete. Até gostas de levar umas palmadinhas. De amor ou quando estou furioso com algo. Posto isto, era justo fazer-te esta homenagem. Até porque vivemos aquilo a que se pode chamar uma relação perfeita e já não sei viver sem ti. Obrigado sofá. Sem a tua companhia, a minha vida não era a mesma coisa.

21.1.13

ponho as mãos no fogo

Nunca fui pessoa de utilizar de modo fácil e gratuito a expressão “ponho as mãos no fogo” por quem quer que seja. Sou conhecido de muitas pessoas. Tenho poucos amigos. Tenho ainda menos pessoas a quem confio a minha vida. Mas pôr as minhas mãos no fogo por outra pessoa é algo que não digo da boca para fora só porque sim ou porque fica bem no momento da fotografia ou ainda porque pareço inteligente ao tomar tal atitude de coragem perante outra pessoa.
 
Cada vez mais as pessoas fazem juízos de valor sobre alguém com base nas palavras. Nas belas palavras que articuladas de forma correcta soam a perfeição. Depois, cria-se dentro na nossa cabeça uma imagem que poderá não ser real. Esta imagem pode também ser criada através de atitudes encenadas que aparentam ser reais. Porém, para algumas pessoas tudo isto são verdades tão sólidas como a fortaleza mais resistente do mundo. Depois, lá está, vem a expressão pôr as mãos no fogo por essa pessoa.
 
Hoje em dia, acredita-se em tudo. Não se duvida de nada. Se fica bem à vista e se soa bem ao ouvido, tem que ser de qualidade inquestionável. E tudo isto é válido. Até ao momento em que se descobre que o sólido castelo de betão não passava de um frágil castelo de cartas que se desmorona ao primeiro sopro ou espirro. Nessa altura, questiona-se tudo. Nesse momento, aparecem alguns amigos que dizem o clássico (e correcto) já te tinha avisado que não devias confiar tanto nessa pessoa.
 
Acredito em pessoas. Espero nunca deixar de acreditar. Porém, não deixo que me digam com quem posso ou devo falar. E ainda que me tentem guiar segundo orientações e desejos pessoais que se destacam por finalidades que só importam a quem tenta fazer de uma pessoa apenas mais um peão de um qualquer jogo de xadrez. Estas são atitudes correntes em muitas pessoas que levam alguém a meter as mãos no fogo por elas. Resumindo. Acredito. Mas desconfio. Não por maldade. Mas por precaução.
 
Ao longo dos anos, conheci pessoas que metem as mãos no fogo por tudo e por nada. Contudo, sempre que passo por uma qualquer unidade hospitalar presto atenção à unidade de queimados. E esta, está sempre lotada de pessoas que têm as mãos queimadas. As tais pessoas que confiavam cegamente em alguém por razões que só elas podem justificar.
 
Hoje voltei a ter um exemplo destes. Dei por mim num espaço onde todos olham para as mãos queimadas. Todos menos eu. Pessoas que me olhavam de lado quando eu dizia certas coisas e revelava a minha opinião sobre um assunto específico. Na altura, era criticado. Quase ridicularizado. Porém, agora sou o único que sorri por não ter as mãos marcadas pelo fogo. E desenganem-se aqueles que pensam que quero fazer disto um troféu pessoal. Nada disso. Só não quero que chegue o dia em que as minhas mãos vão estar no meio das chamas. Por isso, continuarei a acreditar. Mas com desconfiança. Até perceber que não existem motivos para desconfiar. E isso evita queimaduras desnecessárias.

preso num fetiche

Uma das definições de fetiche é: objecto a que é prestada adoração ou que é considerado como tendo poderes sobrenaturais. Se assim é, posso revelar-vos um dos meus fetiches. O DVD do filme A Fúria do Último Escuteiro. Acho que não minto. É um objecto de poderes sobrenaturais a que presto adoração. Isto faz com que este seja o meu filme fetiche. Confesso que já devo ter visto a actuação de Bruce Willis no papel de Joe Hallenbeck mais de uma dezena de vezes.
 
Não sei explicar os motivos mas sempre que este filme está a dar na televisão, vejo. A partir desse momento, o comando bloqueia e só me permite aumentar o som. Nada mais do que isso. E apesar de conhecer o filme do princípio ao fim, fico colado como se não soubesse o que vai acontecer em cada cena.
 
Quanto tento perceber o que faz deste filme um fetiche do qual não me consigo ver livre, só chego a uma única conclusão. As falas. É que, no meu entender, A Fúria do Último Escuteiro consegue ter as melhoras falas da história de Hollywood. Ok… Podem não ser as melhores. Mas são as mais originais. Ok… Também podem não ser as mais originais. Mas são as mais divertidas. Não… também não são. Mas são aquelas que nunca mais nos saem da cabeça. Deixo aqui apenas dois exemplos para não vos passar este vício de Joe Hallenbeck.
 

 

A melhor fala de sempre de Hollywood
 
Já é a segunda vez que falo de cinema hoje. Será porque não estou a trabalhar? Será que apanhei o vírus precoce dos Óscares? Não sei… O que vos posso dizer é que não se atrevam a ver este filme. Se ignorarem este conselho… não digam que não avisei.

isto cansa

Trabalhar cansa. E quem o diz não sou eu. É a minha sobrinha de apenas cinco anos. Diz que vem cansada do colégio porque farta-se de trabalhar. Aquilo é uma canseira, conta. São projectos, actividades e muito mais. É o suficiente para ficar de rastos e fazer uma comparação ao mundo dos adultos.
 
Mas, se por um lado fica cansada. Por outro, fica motivada. É que já sabe o que quer ser quando for crescida. Médica de bebés e dentista, são as suas opções. “Não podes ser as duas coisas. Escolhe uma”, disse-lhe a minha mãe. “Posso sim”, respondeu. “Então vais ter de estudar muito”, insistiu a avó. “Está bem”, disse a pirralha que se diz cansada após um dia de colégio.
 
Quanto a mim, fiquei feliz com as opções. Por ser tio? Sim, mas não só. É sempre bom saber que as consultas de pediatria e as idas ao dentista passam a ser de borla na família.

escolhe viver

Durante algum tempo, os filmes vão estar nas bocas do mundo. Fala-se dos melhores do ano passado. Daqueles que merecem distinções nos festivais internacionais de cinema. Dos flops. Dos blockbusters. Até das bandas sonoras, melhor ou pior sucedidas. Eu, que gosto de participar nas conversas que discutem tudo o que envolve a sétima arte, faço ainda algo mais. Nesta altura, recordo os filmes que marcaram a minha vida.
 
Tendo nascido em 1981, existe um filme que marcou a minha vida e talvez a minha geração. Chama-se Trainspotting, é de Danny Boyle e estreou em 1996, quando eu estava perto de celebrar 16 anos. Para quem não conhece, este filme conta a história de um grupo de amigos – entre eles Ewan Mcgregor – viciados em heroína, que vivem em Edimburgo, sem qualquer esperança para as suas vidas. Roubam, consomem heroína, voltam a consumir heroína, consomem ainda mais um pouco enquanto as amizades se destroem, tal como a vida.
 
Recordo-me como se fosse hoje que o filme era visto como algo marginal. Muitos consideravam que não era nada mais do que um incentivo para o consumo de drogas. Mas, para mim, nunca foi. Já vi Trainspotting diversas vezes e foi um filme muito importante para a minha adolescência, numa altura em que muitos amigos meus começaram a fumar os primeiros charros. Para mim, este filme sempre foi um alerta para os perigos do vício de drogas pesadas. Um alerta para uma porta que, quando aberta, dificilmente volta a ser fechada. Um alerta para um mundo de destruição e isolamento. É por isto que defendo que todas as pessoas devem ver este filme. Quem nunca viu, pode faze-lo aqui.
 
Uma melhores parte é o monólogo inicial do filme. Algo que por si só já dá que pensar. E estas linhas são apenas o cartão de apresentação de um filme fantástico que nos permite ainda descobrir uma banda sonora de elevada qualidade. Aconselho o filme. Aconselho a vida. E, na altura não tive dúvidas. Escolhi viver!
 
“Escolhe viver. Escolhe um emprego. Escolhe uma carreira, uma família. Escolhe uma televisão grande, máquinas de lavar roupa, carros, leitores de CD´s e abre-latas eléctricos. Escolhe a saúde, colesterol baixo e um plano dentário. Escolhe uma hipoteca com juros fixos. Escolhe a tua primeira casa. Escolhe amigos. Escolha roupa de desporto e malas a condizer. Escolhe um fato completo entre uma grande variedade de tecidos. Escolhe o faça você mesmo e fica a pensar quem tu és aos Domingos de manhã. Escolhe ficar no sofá a ver programas que não deixam que a tua mente se desenvolva enquanto enches a boca de junk food. Escolhe apodrecer no final da vida, beber num lar miserável que envergonha os filhos que escolheste colocar no mundo para te substituir. Escolhe o teu futuro. Escolhe viver."

20.1.13

striptease para elas

Felizmente, com o passar dos anos as idas ao futebol deixaram de ser vistas como algo maioritariamente (ou quase exclusivo, se preferirem) masculino. Algo que eles gostam de fazer sozinhos ou na companhia de amigos, aproveitando os momentos antes e pós jogo para beber umas cervejas e comer umas bifanas e uns couratos numa roulotte.
 
Existem cada vez mais mulheres a embelezar os estádios de futebol. Umas porque vão com os maridos, namorados ou amigos e outras que vão com o grupo de amigas que já fez das idas ao futebol um ritual. Pessoalmente, fico feliz por ver cada vez mais mulheres nos estádios. Mais. Por ver mulheres que não se limitam a assistir ao jogo durante os 90 minutos. Refilam com o árbitro, gesticulam e dão tácticas. E tudo isto torna o espectáculo ainda mais belo.
 
O que é certo é que a presença delas nos estádios transformou-se num nicho de mercado que começa a ser cada vez mais explorado. Primeiro foram as iniciativas no dia dos namorados e no dia da mulher. Agora, elas já são alvo de campanhas publicitárias. O Paços de Ferreira pretende angariar mais sócias e para ser bem sucedido nessa missão, o clube “alicia” as mulheres com uma dança sensual protagonizada por dois jogadores do clube. No final da mesma, surge a seguinte frase: “Mulheres: se vestirem a camisola, nós despimos a nossa.”
 

 
É certo que a campanha não tem tanto mediatismo como se fosse feita pelo Cristiano Ronaldo, Javi Garcia ou David Beckham. Mas gostei. Por ser dedicada apenas a elas e por misturar a presença das mulheres no estádio com os festejos do golo. Também fico feliz pelo facto desta ideia ter sido posta em prática por um clube português. Que venham mais iniciativas destas!

19.1.13

and the oscar goes to...

... Argo. Depois de ter visto Guia para um Final Feliz, Argo e 00:30 Hora Negra entrego a "minha" estatueta dourada ao filme de Ben Affleck. No meu entender é o melhor dos três. Acho que Guia para um Final Feliz é apenas uma revelação, apesar de ser muito bom. E isso já é um belo prémio para a longa-metragem.

Quanto a Argo e 00:30 Hora Negra, prefiro o primeiro. Dois grandes filmes com argumentos baseados em factos verídicos. Dois filmes com excelentes desempenhos. Mas, para mim, Argo vale mais enquanto filme. Porém, 00:30 Hora Negra tem a seu favor o relevo do argumento e a proximidade temporal do mesmo, o que pode ser suficiente para sair vencedor. Se dependesse de mim, Argo ganharia o Oscar e Ben Affleck estaria nos nomeados para melhor realizador.



Enviado do meu iPhone

18.1.13

morre


Pela primeira vez – pelo menos que eu saiba – desejaram a minha morte. “Morre”, foi o comentário deixado por uma pessoa de sensibilidade duvidosa no meu blogue e que ainda pode ser lido pois não o apaguei. Será que a tal pessoa, extremamente sensível, desejou que a minha vida chegasse ao fim porque fui o responsável pelo atentado que derrubou as torres gémeas, nos Estados Unidos, no dia 11 de Setembro de 2001? Ou será que foi porque fui o autor do atentado ao centro de Londres que vitimou cinquenta pessoas? Ou será ainda por ter sido o culpado do atentado que aconteceu em Madrid, no dia 11 de Março de 2004?

Nada disto! Na mente da tal pessoa sensível sou culpado de algo muito mais grave. Sou o autor do atentado “erros de engate (não cometer)” que vitimou várias pessoas no dia 18 de Janeiro de 2013. Ao que parece, cometi o pior erro da história do mundo das palavras online ao revelar um episódio que aconteceu com um colega meu.

Num registo mais sério, não compreendo o que leva alguém a desejar a morte de outra pessoa por algo tão banal como um simples texto num modesto blogue. Um blogue pequeno, que não incomoda ninguém e que não tem como regra geral asneiras ou maus tratos a terceiros. Compreendo que existam imensas pessoas que não gostem do que escrevo. Isso é perfeitamente normal. E aceito. Tal como aceito e respondo a qualquer pessoa que deixe um comentário a dizer que não gosta do que escrevo ou que não partilha da minha opinião sobre um assunto que tenha sido debatido neste espaço.

Esse é o preço de ter um blogue disponível para todos. Aliás, se não gostasse destes debates de opinião podia adoptar uma medida simples: moderar os comentários. A partir desse momento só publicava o que me interessa e aquilo que me enche o ego. Mas nunca foi o meu desejo. Estabeleci regras necessárias para tomar essa atitude. E gosto de saber a vossa opinião. Gosto de debater os assuntos com quem passa por cá. Afinal, este blogue é dessas pessoas e são essas pessoas que fazem deste espaço aquilo que ele realmente é.

Agora, desejar a morte? Isso é algo que me custa a compreender. Quais os motivos que levam alguém a desejar a morte a outra pessoa? Nem quero pensar que seja inveja. Tola a pessoa que inveja alguém como eu. Maldade? Pessoas vazias de conteúdo e valores? Nem sei. Mas, se não gostam do que escrevo – o que é perfeitamente normal – não passem por cá. Se decidirem continuar a aparecer, deixem a sensibilidade extrema à porta. E como dizem os brasileiros (e bem)... deixa a vida me levar!