apenas vergonha #2

Os telemóveis são o caminho mais rápido para a vergonha. Sobretudo para pessoas como eu que enviam mensagens escritas com convicção sem prestar muita atenção ao destinatário. Estou sempre convencido que o texto vai para a pessoa certa. O que muitas vezes não acontece. O episódio que relato hoje passou-se no WhatsApp.

Então porca, que é feito?, escrevi. Realço que na realidade não escrevi porca. Escrevi outra palavra que também começa por “p” e que se refere à profissão mais antiga do mundo. Acrescento ainda que não estava a responder a nenhum classificado do Correio da Manhã. Nem estava a falar com uma mulher. Estava a enviar (ou a pensar que enviava) uma mensagem para um grande amigo com quem tenho uma relação que nos permite usar estes termos um com o outro.

Como acontece quando envio uma mensagem destas, fico com um sorriso maroto e guardo o telemóvel enquanto aguardo pela resposta que dará continuidade a uma animada conversa. E assim fiz. Até que o telemóvel vibrou...

“Desculpa! Quem és?”, foi o que recebi de volta. Foi então que percebi que a mensagem não tinha sido enviada para o meu amigo mas para um antigo jogador de futebol do Porto cujo nome é praticamente igual ao apelido do meu amigo. Por motivos profissionais gravei o contacto do jogador (chegou a representar a selecção em diversas ocasiões) e tive azar (ou falta de jeito) no envio da mensagem.

Enquanto li a mensagem, mudei de tonalidade vinte vezes. Até que percebi que eu tinha o número dele gravado mas que ele não sabia quem eu era. Voltei a sorrir, pedi desculpa e enviei a mensagem para o destinatário desejado. E é isto. Apenas vergonha.

PS – Este texto deu-me vontade de me meter com esse amigo. Vou enviar mensagem nos termos do costume. Já seguiu. E para a pessoa certa. Ufa!