22.3.13

o timing do amo-te


“Amo-te”, é provavelmente a expressão que assusta, incomoda, aborrece e chateia mais pessoas. Porque é dita cedo demais. Porque é dita tarde demais. Porque é dita a toda a hora. Porque nunca é dita. Porque é sentida. Porque não é sentida. Porque é fingida. Porque é ensaiada. Porque é banalizada, retirando o real valor de algo tão forte.

Muitas vezes ouço pessoas dizerem-se chocadas porque alguém lhes disse amo-te quando se conhecem há pouco tempo. Afirmam logo que é impossível amar num curto espaço de tempo. Será mesmo assim? Acho que não. Porque duvidamos dos sentimentos dos outros? Não serão essas pessoas aquelas que melhor sabem aquilo que sentem? No meu caso, sei quando amo. Sei quando gosto e sei quando não sei aquilo que sinto. E não preciso de um certo período de tempo para dizer a alguém “amo-te.” Basta que o sinta. E ninguém me conhece melhor do que eu. Por isso, ninguém me pode dizer que aquilo que sinto não é amor e que estou enganado.

Além disso, acho possível amar num curtíssimo espaço de tempo. Tal como acho possível amar alguém com quem não se tem uma relação que não passe pelo contacto visual ou pouco mais do que isso. Por exemplo, dois funcionários de uma multinacional que trabalham num grande edifício e que se cruzam poucas vezes. Tal como acho possível passar uma vida ao lado de uma pessoa sem a amar. Por mais que se tente amar essa pessoa.

Se acho que a expressão “amo-te” foi banalizada? Acho que sim. Mas defendo que quem a usa como usa a expressão “tenho fome” sabe que o diz sem sentir. Sabe que ao dizer algo mágico adquire uma espécie de cartão de acesso à cama de alguém. E esse tipo de “amo-te” é aquele que desaparece pela manhã ou passados alguns minutos no banco de trás de um carro. Trata-se de um “amo-te” aldrabão dito por pessoas mentirosas que brincam com sentimentos.

Aceito que digam que este tipo de pessoas e esta banalização de algo que só devia ser dito com sentimento faz com que muitas pessoas não acreditem naquele “amo-te” que está carregado de emoção e verdade apesar de ser dito naquele período de tempo em que muitas pessoas só aceitam ouvir “gosto de ti”, “gosto de te conhecer” ou “vamos ver o que é isto que sinto.”

É certo que o justo pagará sempre pelo pecador. Infelizmente, é uma das regras da vida nos dias que correm. Mas isso não invalida que ainda existam pessoas sinceras que sabem que não estão a dizer algo belo cedo demais. E a verdade é que o timing para dizer “amo-te” nunca será escolhido por quem ouve. Apenas por quem o diz.

32 comentários:

  1. Nunca o disse sem sentir.Mas tenho a noção que já ouvi,sem saberem o que de facto significa.
    Acho que muitas das vezes as pessoas não sabem o que realmente sentem e como nunca Amaram,pensam que o que estão a sentir é Amor.
    É comum confundirem Amor com Paixão e elas de facto,embora fortes em sentimento,são quase o oposto.
    Não existe tempo,ou hora certa...mas sente-se.

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    1. A tua última frase diz tudo e realmente há muitas pessoas que confundem sentimentos.

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  2. Hoje vejo AMO-TE como uma palavra banalizada e confundida.
    Para mim será sempre o maior patamar do amor

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  3. Amo.te nao é para ser dito como.bom dia ou como boa noite numa msg de tlm. O amo.te é aquela palavra que nos faz sair de orbita se o que mais queremos é que o outro nos ame :)

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    1. Concordo mas acho que deve ser dita sempre que quem a sente acha que deve dizer ao outro isso mesmo :)

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  4. Assim como é difícil ou não ter uma definição para o Amor, isto porque é um sentimento e sente-se apenas, o amo-te é uma palavra que acho que não precisa de um timing certo, diz-se quando se sente, infelizmente e como algumas pessoas são como são, usam essa palavra muitas vezes com outras intenções, nunca condeno nem irei condenar quem diz cedo ou tarde demais, acho que devemos dizer sempre quando é sentido e do outro lado nunca deve haver um julgamento.

    Abraço e bom fim-de-semana.

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  5. O meu primeiro Amo-te veio após vários meses (se não ano de namoro). Não sou capaz de dizer palavras que não sinto, a não ser por impulso (qdo estou zangada). Mas cada pessoa é diferente de outra.

    Agora questiono. Será que depois de ouvir muitos anos "Amo-te" esse amor permanecerá para sempre, mesmo que não acabem juntos? É que começo a pensar que sim...

    A palavra Amo-te poderá estar banalizada, mas para mim não. Só a disse quando realmente sentia.

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  6. Tanto eu como o meu marido temos muito bem interiorizado que a palavra AMO-TE é especial e já a dissemos embora raramente.
    Temos um pacto, quando deixarmos de amar vamos dizer.
    Assim torna tudo mais claro e não vulgarizamos a palavra.

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    1. Eu digo várias vezes mas nunca irei banalizar a palavra. Gosto desse pacto e acho que é a primeira coisa a fazer quando um casal deixa de se amar.

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  7. Infelizmente a palavra "Amo-te" foi através dos tempos banalizada , foi sendo despida do seu verdadeiro e talvez por isso e quanto a mim ela requeira presença, gestos , uma continuidade.

    Quando dizes : " acho possível amar alguém com quem não se tem uma relação que não passe pelo contacto visual ou pouco mais do que isso" aí não percebo muito bem... Então nesse caso ama-se o quê? Os gestos? as atitudes ? ou aí não será mais a imagem que se tem da pessoa!?..

    O amor verdadeiro é um sentimento sublime e carregado de emotividadee . Todos nós queremos que gostem de nós, mas amar é algo bem mais forte porque tende a ser para a vida e é mais exigente. Hoje o amor é "descartável" porque muito confundido.

    Eu porque acho um sentimento tão profundo, não digo essa palavra ás primeiras, mas digo que quem amo continuo a amar! :)

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    1. Sim, acho possível amar uma pessoa através dos exemplos que referes. Acho que pode existir um bom conhecimento de outra pessoa apesar da ausência de um contacto intenso entre ambos. É um dos encantos do amor :)

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  8. Eu sou da opinião que há coisas que se precisamos de dizer é porque algo está errado ;)

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    1. É um ponto de vista interessante. E concordo, mais do que dizer, é preciso demonstrar que se sente ;)

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  9. Concordo,mas também temos de admitir que há pessoas que o dizem sem o sentir,só para engate mesmo.

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  10. Eu acho que banalizaram tanto o amo-te, que lhe retiraram todo o sentimento que antes tinha, e tinha bastante.
    Se me dissessem amo-te eu tenho a certeza que ficava a olhar de lado e a pensar "que raio"...

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    1. Mas já viste que podes pensar isso e estares perante o grande amor da tua vida...

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  11. Eu simplesmente não digo, sou incapaz de dizer "amo-te" se não o sentir, por isso é que talvez o tenha dito poucas vezes. Não iludir ninguém com falsos sentimentos também é um bom princípio...infelizmente não é requisito de muita gente.

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  12. Os Americanos tem muito esse dilema do tempo certo, tudo parece definido e no amor nada esta definido, o tempo certo é relativo.
    Ainda assim, não creio que os Portugueses tenham banalizado a palavra amor, mas já não diria o mesmo do povo Brasileiro, onde esta palavra lhes sai da boca com demasiada facilidade para o meu gosto.
    Certa ocasião fui atendido numa pastelaria por uma senhora que me chamou sem exageros de amor para aí umas trinta vezes.
    Eu até teria gostado, não fosse o cliente seguinte também ele ter tido o mesmo tratamento, o que me deixou um bocado triste, porque fui trocado com uma limpeza.
    Fora de brincadeiras, não gosto que chamem por amor nem muito menos por querido,por pessoas com quem eu não tenho intimidade.
    São palavras fortes, significam muito e não devem ser usadas por tudo e por nada, senão deixam de ser valorizadas.

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    1. Concordo com o teu ponto de vista. E também não compreendo isso de chamar amor a quem não se conhece.

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  13. :)

    Concordo... Amo-te não deve ser desperdiçado... Deve ser dito quando sentido e nunca banalizado...

    Uma coisa que me faz confusão, são os casais que se tratam por "Morzinho" ou "Mor"... Mas nada contra!

    Beijinho e boa semana!

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    1. Compreendo o que dizes mas não me faz impressão que os casais se tratem por esses termos. Mas faz-me impressão que se tratem assim pessoas que não se conhecem de lado nenhum.

      beijos e boa semana

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  14. Só o disse a uma pessoa na vida. Depois, depois é uma longa história. Nunca mais repeti :) para mim é demasiado determinante, demasiado forte para ser desbaratado, mas isto sou eu que sou...picuinhas :)
    P.S.: o "amo-te" aos filhos fica fora deste contexto

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  15. És um poeta :P Eu só tive um amor e só disse uma vez Amo-te, aliás digo várias vezes mas sempre à mesma pessoa. Todos dos dias :)

    http://qaoquadrado.blogspot.pt/

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