um balanço é quando um homem quiser (e o deste blogue é hoje)

A poucos dias dos onze meses de vida decidi fazer um balanço deste espaço. Porque tal como o Natal, um balanço é sempre que o homem quiser. Já referi diversas vezes mas volto a dizer. A versão original deste blogue (refiro-me ao aspecto visual) foi criada em cerca de trinta minutos. Nas horas seguintes nasceram os primeiros textos. Desde então, aquilo que mudou foi o visual. E o número de visualizações e seguidores. Quanto a mim, continuo a ser a mesma pessoa que era no primeiro dia de vida deste espaço.

Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, este espaço não foi criado a pensar em sucesso (seja lá isso o que for quando nos referimos a um aglomerado de textos que estão disponíveis a todos de forma gratuita). Também não foi criado a pensar em visualizações ou muito menos em seguidores. Se fosse esse o meu único objectivo não escondia este blogue de quem me conhece. Andava por aí a gritar que criei um blogue. Pedia a todas as pessoas que o publicitassem nas redes sociais e se possível que dissessem que sou o maior. Porém, não sou assim. Se gosto que as pessoas passem por aqui? Sim, adoro. Se as visualizações ditam regras para a minha escrita e para os temas que abordo? Não, nunca!

Aquilo que aqui está registado desde o primeiro dia é aquilo que penso. Sinto. Observo. É o mundo visto pelos meus olhos e com o meu cunho pessoal. Não há invenções. Não crio histórias que não vivi para depois fazer de mim o protagonista e herói desses momentos. Não me faço a pior pessoa do mundo para que tenham pena de mim. Porque sei que há pessoas que vivem bem pior do que eu. Aliás, sempre que falo de crise é porque a sinto. Não porque viva rodeado de luxos e me apeteça brincar aos pobres para que sintam compaixão pelo que escrevo. À parte das minhas vivências gosto de fazer com que se sintam parte deste espaço que também é vosso. Por isso coloco questões. Falo de mitos. E também de episódios de vergonha. Claro que não podiam faltar os desafios que gosto de vos colocar. E com os quais me têm surpreendido. Ou seja, sou igual a cada um de vocês. Podia ser o vosso vizinho da porta do lado com todos os defeitos e qualidades que qualquer pessoa tem.

Quanto ao conteúdo daquilo que escrevo. Ser uma cópia não é uma das minhas regras. Aqui, onde a escrita é pessoal ou muito menos na escrita profissional. Gosto de dar o meu cunho pessoal a tudo aquilo que faço e a todos os projectos pessoais ou profissionais que passem a ter o meu nome. Se escrevo sobre coisas que já foram debatidas noutros espaços? Claro que sim. Se o faço com intenção? Não. A blogosfera é gigante e não a consigo consumir na sua totalidade. Além disso escrevo sobre vivências e felizmente não vivo sozinho no meu próprio planeta. Acho que só assim poderia falar sobre algo que ninguém experimentou ou observou na vida. Quanto à mestria das palavras. Essa não uma qualidade minha. Por isso, se alguém passa por aqui à procura de pérolas literárias, está a perder o seu tempo. Nunca "vendi" este espaço como um luxo feito de letras nem o farei porque não é esse o meu objectivo. E mais sincero não podia ser.

Hoje, disse que gosto de viajar porque adoro conhecer novas culturas e novas pessoas. E isso é o que sinto em cada texto que publico. Viajo pelo mundo apesar de poder estar de pijama sentado no sofá da minha casa. E cada um de vocês dá-me a conhecer novas perspectivas, novas formas de pensar e isso ensina-me muito mais do que possam imaginar. E com estas experiências tenho crescido. Seria burro se não aproveitasse aquilo que me ensinam para ser uma pessoa melhor. Graças a vocês tenho aprendido a relativizar muitos problemas. Graças às vossas histórias e testemunhos passei a ver algumas situações com outros olhos.

Ao longo destes meses conheci imensas pessoas. E felizmente posso dizer que a maior parte delas acrescentaram algo à minha vida. Posso também dizer que fiz amigos. Mentia se dissesse que não apanhei nenhuma desilusão. Mas também estaria a mentir se dissesse que não aprendi com aquilo que de mau aconteceu. Há sempre algo a aprender. E a blogosfera não é excepção. Aliás, tendo em conta que a maior parte das pessoas está por detrás de um computador, este é um mundo propício à ilusão de algo que não é real. E já fui vítima disso mesmo.

Somando os prós e os contras, faço um balanço extremamente positivo desta aventura que há onze meses não fazia parte dos meus objectivos. E se não tinha objectivos nessa altura, continuo a não ter hoje. Tal como não terei amanhã. Vou deixar que a vida me leve. Com uma única promessa. Saborear cada segundo da viagem que estiver reservada para mim.