20.2.13

longe mas perto vs perto mas longe


Falei aqui de algo que considero essencial numa relação. Quando existe uma distância física acho que é fulcral as pessoas demonstrarem a quem amam que apesar da separação física sentem um amor forte. Que essas pessoas continuam a ser muito importantes apesar de não estarem ao alcance dos braços, olhos e dos lábios. E isto levou a que muitos de vocês contassem as vossas histórias. Que abrissem um pouco o livro das vossas relações. E confesso que não fiquei surpreendido com aquilo que li.

Sei que há pessoas que não acreditam nisto. Mas acredito que há pessoas que são muito melhores companheiros apesar de estarem longe de quem amam do que aqueles que estão perto. Tal como considero que um pai pode estar muito mais presente no crescimento e educação de um filho estando longe do que um pai que está perto. E o mesmo se passa com a amizade. Acho possível ter um grande amigo que quase não vemos e que essa pessoa seja muito mais importante do que alguém que vemos diariamente e que finge ser nosso amigo.

Compreendo que existam pessoas que duvidem disto. Sobretudo no que ao pai diz respeito. Mas o que será mais importante para uma criança: um pai que está perto mas que não liga ao filho, que o trata com indiferença ou um pai que está longe mas que tem uma participação activa no crescimento do descendente? Tal como no amor. O que será mais importante: um companheiro(a) que está perto mas que não mostra interesse na relação ou alguém que está longe mas que faz questão de mostrar que o amor está bem vivo?

Assumo que a minha relação com a distância possa ser moldada pelo exemplo que tenho em casa. Em pequeno recordo-me de diversos dias em que não “via” o meu pai apesar de viver na mesma casa. Ele ia trabalhar quando eu estava a dormir e regressava quando eu já dormia. Num momento como noutro fazia questão de me dar um beijo. É verdade que isto motivava uma distância física mas nunca senti o meu pai distante. E era (é e sempre será) impossível pedir um pai melhor. Cedo compreendi que aquilo que fazia era um sacrifício pela família. A minha mãe dizia-lhe que estava a perder o crescimento dos filhos (sobretudo o meu porque tenho uma irmã mais velha) mas eu sabia que ele lutava com todas as suas forças para que nada faltasse em casa. Para que o futuro dos filhos fosse seguro. E, mais importante do que isso, nunca tentou comprar-me com presentes. Ao contrário, o meu pai aproveitava todos os momentos que tinha para mostrar-me que me amava.

E aquilo que sou hoje vem disso que aprendi. Não só com o meu pai mas também com a minha mãe. Não podia exigir mais dos dois. Não seria capaz de o fazer. E é por isto que acredito que é possível estar mais presente na vida de alguém quando existe uma ausência física. Chamem-me louco. Não me importo. Eu acredito.

52 comentários:

  1. Verdade, podemos estar sentados no sofá lado a lado ,porém, é como se não houvesse ali ninguém!
    Pessoalmente acho que não é só na distância que devemos alimentar a relação, no dia a dia também, alias provavelmente dará mais trabalho... mas caso contrário passamos a ser transparentes para quem está ao nosso lado!

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  2. Concordo plenamente contigo!
    Tenho amigos de anos, em que não é necessário estarmos juntos frequentemente para saber que qualquer coisa que precise eles estão lá, até mesmo mais próximos do que alguns com quem convivo diariamente.
    No que diz respeito ao pai, mais vale um pai "ausente mas presente" do que um pai "presente mas ausente", e acho que o importante é dar valor aos momentos em que estamos juntos, mesmo que escassos.
    Quanto a relações, como já disse num comentário anterior, o importante é mostrar o quão importante a pessoa é para nós (vice-versa), perto ou longe. Quando estiverem juntos é aproveitar ao máximo.
    Por isso, em todos os casos é mostrar o quanto uma pessoa é importante para nós e receber o mesmo em troca, principalmente em casos de grande ausência "física".

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  3. Nem nada a acrescentar, subscrevo na totalidade o que escreveste.

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  4. Tenho uma história muito parecida, no que ao meu pai diz respeito... E é como dizes, não foi pelos seus muitos momentos de ausência que deixei de sentir o amor que sempre sentiu por mim. Para o verdadeiro amor (e amizade também) não há longe nem distância :) Beijo HSB

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  5. Verdade a distância fisica não é a mais importante mas a distância emocional.
    No caso de um filho como ser em desenvolvimento a presença é importante, mas aquela em que se está efectivamente de corpo e alma.
    Nas relações o mais importante não é a quantidade de tempo mas a qualidade.
    Comprar algo para compensar a a "falta de tempo" é o mais errado para com quem amamos porque é comprar o tempo..
    Infelizmente na sociedade consumista de hoje tropeçamos nisso a toda a hora .

    Concordo contigo HSB, baseio-me nesses princípios e assim sendo prefiro a loucura do " Ser".:)

    Parabéns por mais um tema que nos faz reflectir!


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  6. Cada caso é um caso.
    Tanto nas relações amorosas como nas relações de parentalidade.
    Eu tive uns pais que tb so me viam a dormir e eu nem os via ...fui criada pelas minhas trias e empregadas...e cá estou! Se tenho recalcamentos disso, tenho, tenho, muitos...

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    1. O meu caso é diferente do teu. Havia uma certa distância mas foram eles que me criaram.

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  7. Apesar de concordar contigo em alguns pontos eu não posso dizer que acredito, como tu, numa relação à distância e muito menos na educação de um filho á distância.
    Posso afirmar, por experiência própria, que para educar e amar um filho é preciso estar lá. É verdade que um pai ou uma mãe, mesmo que ausente fisicamente pode participar activamente na educação, pode mostrar interesse, carinho, amor...mas é preciso contacto. As crianças precisam de abraços, mimos, de colinho...precisam que as olhem nos olhos e lhes digam que está tudo bem. Por muito que hoje em dia queiramos acreditar que as novas tecnologias nos colocam mais perto daqueles que estão longe fisicamente, nunca se poderá substituir uma abraço por um olá no skype!
    E o mesmo se pode aplicar a uma relação...sim, podes fazer de tudo para demonstrar à outra pessoa que apesar de estares longe, estás perto...estás no coração e ela está no teu...mas quando ela se deita á noite na cama, está sozinha. Não tem a quem se chegar para aquecer os pés no inverno...não tem quem a abrace quando está mais triste....não tem quem lhe faça um cafuné quando o sono não vem...
    Mas lá está, todos somos diferentes, vivemos e sentimos de forma diferente...daí a complexidade dessa palavra chamada AMOR.

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    1. estou completamente de acordo! embora seja daquelas pessoas que acreditam que mesmo de longe podemos mostrar que nos preocupamos e que gostamos muito, pra mim a presença é tudo. faz-me falta estar junto, sentir o cheiro e o toque, poder adormecer aconchegada no colo do outro, ter beijo e abraço real e não enviado por mensagem...

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    2. Concordo plenamente também... Não consigo acreditar em relações à distância. Perdi um namorado pela distância. Ficámos amigos, que ficámos, mas deixámos de ser namorados porque como é que se namora entre dois continentes de distância? As chamadas e e-mails eram constantes, os pormenores do dia-a-dia, a palavra amiga reconfortante que às vezes precisávamos, mas isso tornou-nos amigos. Já não éramos namorados. Por outro lado tenho também o meu pai que sempre viveu longe de mim, também a um continente de distância. E apesar de tudo hoje chamo-o de pai mas apenas por respeito, não porque o sinto. A distância é lixada. Eu sou uma pessoa que precisa de presença física...

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    3. Atenção que não falo da ausência em períodos de dez anos, por exemplo. Não é essa a distância a que me refiro. Mas, mesmo assim, deixo aqui umas questões:

      - De que vale um pai que nos toca mas que não nos ama nem mostra interesse em nós?

      - De que vale um namorado(a) que se deita connosco de noite mas que mal comunica ou que raramente mostra aquilo que sente?

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    4. Respondendo ás tuas questões:

      - Um pai que mesmo que presente não nos ama nem nos toca vale quase tanto como um que nos ama, mas que não nos toca quando precisamos...

      - Um namorado que se deita ao nosso lado e não comunica nem mostra o que sente vale quase tanto como um que mostra tudo o que sente mas que não se pode deitar ao nosso lado quando é aí que o queremos...

      É difícil encontrar um equilíbrio para esta questão que levantaste. Para mim há sempre disfunção, seja no caso de haver presença física, mas não haver a espiritual ou vice-versa.
      Entendo que não te referes a ausências por períodos longos...ainda assim, pelo que percebi, são ausências curtas, mas constantes.

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    5. Compreendo que é complicado encontrar um equilíbrio mas penso de forma diferente de ti. Não sou tão fechado em relação à distância. Compreendo quem o é mas acredito que a distância pode ser muito mais importante do que a presença constante.

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  8. A ausência física não é a pior, tens razão. Mau é quando apesar de estarmos à distância de um palmo temos um oceano que nos separa. Acho que é esta ausência ou distância que mata as relações. Tal como tu, tive pais que trabalhavam de sol a sol, que estiveram distantes, num outro continente, e nunca senti que estivessem longe. Aliás, guardo as cartas que os meus pais nos escreviam e leio-as muitas vezes. Hoje, repito aquilo que vi e senti, e mesmo ausente, esforço-me para que as pequenas saibam sempre que mesmo longe, estou sempre com elas.

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    1. Essa é a maior e pior distância. É aí que tento chegar.

      Adorei o teu testemunho.

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    2. Sabes, acho que não há verdadeiramente uma definição para Amor. Não há amores iguais, porque não há pessoas iguais. O que funciona contigo e com a pessoa com que estás é uma combinação que só é possível entre os dois. Podemos teorizar sobre amor à distância, sobre dar e receber, sobre formas de amar, mas na verdade é apenas isso: teorizar. Amamos como amamos. Acredito que quando amamos tentamos fazer o melhor que sabemos ou conseguimos. E o melhor será que, cada vez que amamos (seja como amantes, amigos, pais ou filhos), o façamos conscientes do que já aprendemos noutros amores.

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  9. quanto estamos felizes e bem, (quase) tudo se ultrapassa, se soubermos gerir bem os nossos sentimentos e amor, mas não me via com um relacionamento de periodos de afastamento muito grandes.

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    1. Cada pessoa gere da sua forma essa distância. Se é complicado? Não. É mesmo muito complicado.

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  10. Onde é que eu assino???

    Beijinho e Bom Dia!

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  11. O amor de que falas é o Amor incondicional! É o AMOR!
    É o summum bonum (o bem maior)!
    Sim, és louco...e o AMOR não é louco também?

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  12. Eu acho que as feridas maiores para os filhos são as da indiferença. Concordo que pais que vivem na mesma casa mas só pensem em si, dão mau resultado. Pais à distância se a mãe ou o pai forem equilibrados os filhos compreendem. Um pai que não ligue ao filho, é pior do que um pai que não pode estar presente e que o filho compreende. Os filhos precisam imenso de companhia, carinho (não mimo) disciplina e atenção. As crianças mais do que tudo precisam que alguém acredite que são capazes, e um pai à distância pode fazer um óptimo trabalho nesse campo.

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  13. Mas convenhamos que pode ser mais fácil estar mais presente longe ou dar mais atenção do que quando estamos perto, porque quando estamos perto temos de o fazer diariamente temos de dar atenção todos os dias temos de arranjar força para diariamente ter paciência, e muito mais, enquanto que longe não o temos de fazer todos os dias a toda a hora e quando estamos longe temos mais saudades, sentimos mais a falta e estamos a precisar mais de atenção, então torna-se mais fácil querer estar mais presente, porque não estamos. Difícil mesmo e de valor é estar perto e darmos o mesmo.

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    1. Mas fazer isso diariamente é a obrigação de quem ama.

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    2. Por isso dou mais valor a quem o faz estando perto.

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    3. Mas também dou valor a quem o faz quando é obrigado a estar longe.

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  14. Eu convidava as pessoas que não acreditam no que tu disseste a vir aqui a casa viver uma semaninha connosco para ver a verdade do que disseste em acção, mas...não me cabiam cá todos!
    :DDD

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  15. Só te posso dizer que não podia estar mais de acordo contigo!

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  16. Cada palavra tua, interiorizo porque, como já mencionei, namorei muitos anos a 200 km. Muitas pessoas não compreendem e dizem que não dá certo. Dá. Infelizmente não sou a prova disso...
    Para quem verdadeiramente ama não existem distâncias.

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  17. Concordo plenamente com a Ariel Pimentel. Por mais que haja comunicação, faltará sempre o contacto físico que faz muita falta. Não digo que tenha de ser diariamente, mas se um filho só puder dar um abraço de 3 em 3 meses ou mais ao pai ou se uma pessoa só puder dar um beijo (quem diz um beijo, diz uma queca por exemplo... :) ) também com esse tempo, deve custar e bem.

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  18. Também assino em baixo do que disse a Ariel Pimentel. Não à demonstrações de amor, carinho, amizade e preocupação que substituam aquele abraço na hora certa, mesmo que sem comunicação. Eu sei que há muita gente que vive há distância e faz o melhor que pode e muita gente que vive longe e não dá valor à proximidade dos entes queridos mas cada caso é um caso e a distância nunca é o ideal ou perfeito entre pessoas que se amam (também percebi que não foi isso que quizeste dizer)
    Um abração à distância

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    1. Eu prefiro a ausência com sentimento do que o contacto e o abraço vazio de sentimentos.

      Outro abração à distância :)

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  19. Concordo...claro que há casos e casos, mas é perfeitamente possível sentirmo-nos mais próximos de alguém que está longe do que muitas vezes de pessoas que estão ao nosso lado. Tenho uma amiga na Suiça que às vezes estamos 6 meses sem nos falarmos, mas quando falamos estamos horas à conversa e nunca falta tema de conversa. Aqui está a prova...;)

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  20. gosto muito do texto.
    concordo.
    se soubesse como, partilhava-o...

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    1. Podes copiar e colocar onde queiras. Peço-te apenas que faças referência ao sítio de onde foi retirado.

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    2. já o fiz. obrigada!
      espero que concordes, como o referenciei. :)

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  21. A distância é relativa...tudo depende mesmo da forma como conseguimos fazer sentir as pessoas especiais independentemente de estarmos ao lado delas ou com largos períodos de aus~encia...e isso sim é o dificil de qualquer relação...preencher os vazios do outro ou ir a tempo de não haver vazios de relacionamento:)

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