Aos Domingos, costumo ler a crónica de
João Miguel Tavares na revista que acompanha o jornal Correio da
Manhã. Confesso, que por vezes é mesmo a única página que capta a
minha atenção. Além disso, gosto de ouvir os seus comentários no
Governo Sombra, programa emitido pela TVI24. E a conjugação de
ambos resultou numa magnífica crónica de João Miguel Tavares. Há
algum tempo, o João (acho que se porventura passar os olhos por aqui
não ficará incomodado com o facto de estar a usar apenas o seu
primeiro nome) disse na televisão, durante um debate acalorado
“há-des” quando, num português correcto deveria ter dito
“hás-de”, algo que motivou algumas queixas por parte de quem
estava mais atento.
Na sua última crónica, o João relembra
velhos tempos. Recorda a altura em que quando era um puto corrigia
todas as pessoas que não sabiam falar, referindo que o Hades (Deus
grego da morte) era o inferno de Dante. No mesmo registo, diz que é
uma forma da vida vingar-se dos orgulhosos. E acrescenta mais
exemplos, referindo que no local onde cresceu diz-se há-des em vez
de hás-de, tal como se diz ouvisto em vez de ouvido. Depois,
segue-se a comparação com a Lapa, onde se diz piqueno em vez de
pequeno e onde se tratam os filhos por você em vez de tu. Depois,
João diz, e bem, que podemos ler muitos livros e frequentar apenas
restaurantes agraciados com estrelas Michelin que nada disso irá
alterar os anos formativos que estão vincados em nós e que vão
sempre surgir quando se participa numa conversa mais acesa.
Por fim, o João esclarece que tem a
obrigação de falar português correcto na televisão. Salienta
ainda que não pretende usar estas palavras para desculpar a
ignorância. E conclui com duas frases brilhantes. “Mas se há
pessoas que gostam de pôr a maior distância possível entre aquilo
que foram e aquilo em que se tornaram, eu não sou uma delas. Por
isso, consolo-me com o ser em vez do haver”, escreve.
E é por isto que eu gosto do João.
Porque não finge que não errou. Porque não diz que foram as
pessoas que ouviram mal. Porque não usa uma qualquer desculpa para
tornear o erro que cometeu. Aliás, quem nunca errou? Gosto do João
porque cada vez há menos Joões. Cada vez mais existem os
deuses que nunca erram. Que não aceitam críticas. Que estão sempre
certos. E não aceitam que alguém ouse dizer: erraste. E as suas
duas últimas frases dizem tudo. Até porque existem pessoas que
julgam que se tornaram em algo fora de série quando na realidade
nada são e só se tornaram em deuses nas suas pobres mentes.
Concordo em parte nao com tudo. Pelos vistos houve uma certa tentativa de justifação e passar as culpas para as pêpas da lapa e afim...
ResponderEliminarDo que conheço da pessoa (não conheço pessoalmente) julgo que não. Acho que pretendeu dizer que nunca vai deixar de fazer isso.
EliminarBelo texto como sempre ! eu gosto muito do João Miguel Tavares e de tudo o que ele escreve e adoro o blogue dele ! bom fim de semana e bom Carnaval ! beijos
ResponderEliminarEu sou fã das suas crónicas e humor. É uma referência, sem dúvida.
EliminarA humildade é uma virtude, cada vez mais rara.
ResponderEliminarvidademulheraos40.blogspot.com
Mas todos gostam de dizer que são humildes...
EliminarJá tinha visto esta história no blog do autor... Errar é humano...
ResponderEliminarBom fim de semana!
Há aquela piada que diz "herrar é umano"
Eliminarbom fim-de-semana
Admitir que errámos é uma virtude que poucos têm...é pena que não haja mais joões à nossa volta.
ResponderEliminarBom fim de semana
Os tais joões fazem muita falta.
EliminarBom fim de semana
mais João Miguel Tavares aqui: http://paisdequatro.clix.pt/
ResponderEliminarExcelente blogue de uma família feliz.
EliminarTambém gosto muito de o ouvir/ver no Governo Sombra.
ResponderEliminarpippacoco.blogspot.pt
Delicio-me com esse programa.
EliminarAinda há quem saiba assumir os erros. Também gosto das crónicas, raramente perco uma.
ResponderEliminarSão poucos mas felizmente ainda existem.
EliminarLeio sempre o João Miguel Tavares gosto da forma irónica e mordaz com que escreve e as histórias que ele conta sobre os filhos e da mulher, coisas banais do dia a dia mas que nos revemos.
ResponderEliminarPartilho a tua opinião.
EliminarLeio as crónicas dele, o blogue e já tinha lido esse texto.
ResponderEliminarEssa é uma calinada que qualquer pessoa manda. Não se justifica a crucificação.
Quanto maior a visibilidade, maiores as vergastadas. Que ele deu um erro "inaceitável" na televisão é um facto. Mas a forma como fala do mesmo revela a sua grandeza porque vivemos num mundo de cagões que nunca erram.
EliminarAdorei o texto. É a minha primeira passagem por aqui mas, de certo, não será a última.
ResponderEliminarA humildade está em vias de extinção mas ainda existem pessoas a ter atitudes que a exemplifiquem. É bom admitir que não há nada de mal em errar. Aliás, sou da opinião que só não erra quem nada faz (não corre esse perigo).
bom fim de semana
Nesse caso espero que tenhas gostado Su. Partilho a forma como analisas o tema.
EliminarVolta sempre que quiseres :)
Boa semana
:)
ResponderEliminarNão costumo ler as crónicas deste senhor :)
Vê no blogue dele que vais gostar :)
EliminarAdoro ler o JMT..E o meu pai tb..Aliás, a primeira coisa que faço qd chego a casa dos meus pais ao Domingo, dps de os cumprimentar, claro, é perguntar:
ResponderEliminar"Paiiiiiiii, onde está a revista do pai do Gui?"..eheheh..sinceramente, não sei como ele aguenta..Haja sanidade mental:) Já conheces o blog?
http://paisdequatro.clix.pt/
Que belo momento :)
EliminarSim, conheci o blogue quando a Cocó na Fralda falou do início dele.