6.2.13

gritos e ofensas


Ontem, ouvi (e participei em) diversas conversas sobre a recepção de Cristiano Ronaldo na chegada a Guimarães. “Messi! Messi! Messi!”, foi o que João Garcia gritou e que irritou o jogador português. Segundo li no jornal A Bola, este homem gritou primeiro pelo seu verdadeiro nome. Mas não obteve reacção. Mais tarde, em declarações à Guimarães TV, João Garcia admitiu o erro mas defendeu-se afirmando que ficou irritado porque Cristiano Ronaldo não prestou atenção a duas meninas que esperavam pela sua chegada ao estágio da Selecção Nacional. Estes são os factos.

Como se trata de futebol, isto basta para longas horas de discussão. De um lado estão aqueles que defendem que não se deve insultar um português. Existem aqueles que acham absurdo uma pessoa deslocar-se a um local específico para ofender outra pessoa. Depois, existem ainda aqueles que se insurgem contra o jornalista que pediu ao jogador para comentar o caso. Há também aquela falange de pessoas que entendem que foi um episódio perfeitamente normal na vida de um atleta de alta competição.

Para mim, o episódio é normalíssimo na vida de um atleta de alta competição. E convém recordar que não é um atleta qualquer. É o jogador que luta com Messi pelo único lugar disponível no trono do melhor dos melhores. Aposto que deve ser raro o dia em que Cristiano Ronaldo não ouve o nome Messi dito por alguém que não simpatiza consigo. Falando em simpatia, acho que o facto de Cristiano Ronaldo ser português não pode ser usado como argumento que obriga que todos os portugueses gostem de si. Ele não é o primeiro nem será o último português a ser odiado por compatriotas. É algo perfeitamente normal.

Agora, ir a um sítio com o único objectivo de insultar alguém. Não censuro quem o faz mas eu não o faria. Como defesa, o senhor diz que ficou irritado com uma atitude de desprezo por parte do jogador em relação a duas meninas. E assumiu o seu erro. O seu argumento não serve de desculpa e aceito que digam que o homem errou. Por fim, a pergunta do jornalista. Acho que foi pertinente. O jogador acaba de chegar a Selecção e vive um momento desagradável ao qual deu importância ao olhar para o autor do insulto. Por isso, acho normal que o jornalista que assistiu ao incidente queira saber a reacção de Cristiano Ronaldo.

À parte de tudo isto, há algo que para mim não tem muita lógica. A ideia de que certas personalidades são deuses que devemos adorar como se a nossa vida dependesse deles. Acho isso errado. Tal como o inverso. O odiar só por odiar. Além disso, não gosto dos mimos que são dados à imprensa estrangeira e do desprezo que é dado à imprensa nacional por parte destas pessoas. E muitas vezes não é só em relação aos profissionais de comunicação mas também em relação ao povo. Mas isto, algumas pessoas preferem ignorar e fingir que não acontece.

Vou dar dois exemplos daquilo da mensagem que pretendo passar. Quando Cristiano Ronaldo estava no Manchester deslocou-se a Portugal para defrontar o Benfica. Por motivos profissionais desloquei-me ao hotel onde a equipa inglesa estava hospedada. E cheguei na altura em que os jogadores abandonavam o local em direcção ao estádio. À porta, estavam algumas crianças que queriam ver o ídolo. No momento em que o autocarro passou junto dessas crianças, Cristiano Ronaldo fez um manguito às mesmas. E posso garantir que nenhuma delas o insultou.

Outro exemplo mais antigo. Luís Figo casa com a bela da Helen Swedin. O casamento aconteceu no Algarve e o exclusivo do mesmo foi vendido a uma publicação espanhola. Como seria de esperar, a imprensa nacional – que sempre o promoveu - teve curiosidade no acontecimento. Porém, foram tratados com agressões por parte dos seguranças que trabalhavam para o antigo jogador português.

É por coisas destas que sou da opinião que não somos obrigados a amar alguém apenas porque sim. Apenas porque é português ou porque é muito bom naquilo que faz. Acho que cada caso é um caso e que todos devem ser analisados de forma ponderada antes de se começar a gritar isto e aquilo e a defender alguém como se fosse nosso pai ou irmão. O mesmo pode ser aplicado ao ódio fácil e gratuito.  

14 comentários:

  1. O homem foi parvo, mas foi da maneira que se fez ouvir.
    O CRonaldo, devia ter sido superior a isso e levar na brincadeira ou reagir mas sem birras ou amuos de vedeta.

    Mas achei pior, quando 5000pessoas se dedicam a cantar-lhe os parabéns no treino e ele nem um aceno deu... faz de conta que estavam a cantar para outra pessoa que nao ele. Acho que lhe ficou mal.

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  2. O Ronaldo é um presumido. Devia era ficar contente de lhe chamarem Messi...não é nenhum insulto, pelo contrário. Se ele fosse mais humilde não ouvia destas. Mas é a comunicação social que alimenta esta "adoração"... constróiem uma notícia a dizer que "A Seleção defronta o Equador com Ronaldo a jogar". Eu, se estivesse no lugar dos restantes elementos da equipa ficava magoado com isto...parece que a Seleção é só Ronaldo.Se calhar é...e se calhar é por isso que nunca ganha nada!

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    1. Existe uma ideia de que devemos venerar o Ronaldo. Pergunto, porquê?

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    1. Eu como jogador gosto dos dois mas acho que o Messi é melhor. Longe dos relvados condeno alguns comportamentos do CR.

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  4. Eu não gosto do Ronaldo por ser português. Prefiro gostar do Messi. (que me caiam em cima os compatriotas ofendidos, mas é assim a vida; não podemos gostar todos do amarelo)

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  5. Acho que muita da "antipatia" por parte dos portugueses em relação ao Cristiano Ronaldo se deve às inúmeras faltas de respeito que ele tem vindo a cometer com o "seu povo". Agora, há que arcar com as consequências.
    A mim "não me aquece nem arrefece"!

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  6. Goste-se ou não do Ronaldo, é uma falta de respeito totalmente desnecessária.

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    1. O episódio é desnecessário mas ninguém obrigado a gostar dele.

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  7. Acho que a comunicação social também alimenta este "ódio" que muitas pessoas nutrem por ele. Enquanto que o Messi, sendo popular, passa pela sombra da bananeira em muitas coisas, quando se trata de Ronaldo, é tudo em cima. É nova namorada, é porque teve um filho, conclusão: por menor passo que ele dê, parece que fez um passo importante para o país. Para além de que os portugueses são defensores de tudo quanto é português é mau. Ele como jogador é muito bom. Ponto. Quem gosta, óptimo. Quem não gosta, ignora. Não somos todos obrigados a gostar do mesmo.

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