muros altos demais

Cada vez mais existem pessoas que se fecham. Que não deixam que ninguém se aproxime. Por norma, e peço desculpa se estiver errado mas tomo como exemplo a realidade que conheço, são pessoas que sofreram por amor. Pessoas que viveram paixões intensas que acabaram quando menos esperavam e por motivos inesperados. E este pequeno incidente fez com que se isolem do mundo.

Digo pequeno incidente porque considero que nenhuma história de amor deve ter poder suficiente para causar tal atitude numa pessoa. A nossa passagem por este mundo tem, em média, uma duração de 75 anos. Será que vale mesmo a pena desperdiçar dois, cinco, dez ou mais anos a pensar naquele episódio  negativo específico? Julgo que não. Mas também sei que é mais fácil falar do que fazer.

O pior no meio de tudo isto é que, e volto a reportar-me aos casos que conheço, as pessoas que se fecham são extraordinárias. São pessoas com muito para dar. Com muito amor para oferecer. Mas que, por medo, optam pela solidão. Pela dor pensam que são as piores do mundo e que têm centenas de defeitos. E, de forma inconsciente, vão construindo muros altos demais à sua volta. Muros que não param de crescer. Até que chega o dia em que nenhuma pessoa consegue escalar esses mesmos muros. Por mais vontade que tenha de chegar perto dessa pessoa.

Por fim, quando as pessoas percebem que estão efectivamente cercadas por muros gigantes constatam também que já perderam dois, cinco, dez ou mais anos de vida. E percebem que muito ficou por fazer. E quem sabe se não ficou para trás algo que não poderá ser feito no futuro. Ou aquela oportunidade, que até pode ser sentimental, que teria mudado as suas vidas.