21.2.13

praticante ou não


Provavelmente no mesmo patamar do futebol está a religião. Qualquer um destes temas consegue provocar acesas discussões entre grupos de amigos. Se o tema for o Benfica, o Porto ou o Sporting estão garantidas horas de conversa. O mesmo se passa com os defensores do Messi em oposição aqueles que veneram Cristiano Ronaldo. Na religião passa-se o mesmo. De um lado estão aqueles que acreditam num Deus. Do outro aqueles que não acreditam em ninguém. De um lado estão aqueles que acreditam na vida depois da morte. Do outro aqueles que não acreditam em nada que não esteja ao alcance dos seus braços.

Porém, aquilo que acho mais curioso são aquelas pessoas que discutem o ser católico praticante daqueles que são católicos não praticantes. Normalmente, esta distinção é feita pelas pessoas através da ida à igreja. Quem vai é católico praticante. Quem não vai, é católico não praticante. Quanto a mim, discordo disto. E acho que esta forma de ver a situação não tem lógica.

Eu não vou frequentemente à igreja mas considero-me um católico praticante. Por exemplo, um homem que vai à missa todos os Domingos mas que assim que chega a casa bate na mulher. Depois disso bate nos filhos. Só porque vai à igreja passa a ser um católico praticante? Por outro lado, quem não vai à missa mas tem um comportamento exemplar não pode ser considerado católico praticante só porque não frequenta uma igreja? Não acho que a entrada numa igreja seja um carimbo de qualidade na forma de ser de alguém. Mas isto sou eu...  

33 comentários:

  1. hsb,

    As etiquetas sobre pessoas sempre foram perigosas... e nós, os tais "católicos praticantes", corremos o risco de segregar mais que acolher com este tipo de definições. Há dias na aula de Teologia Pastoral estivemos a falar precisamente de violência doméstica e da nossa obrigação moral em denunciar essas situações. Como dizes, e entendo perfeitamente, é uma incoerência a tal "prática".

    Praticar, verdadeiramente praticar (no sentido religioso), é "amar a Deus sobre todas as coisas e ao outro como a si mesmo" (e estes versículos têm cá uma densidade!). A Missa é (deveria ser) o ponto de encontro daqueles que amam humanamente. Ou seja, não é uma amor etéreo, é um amor que sabe a dureza da vida, o sofrimento e também a alegria, o acolhimento a partir da profunda caridade. Como podes imaginar, em muitas aulas discutimos sobre o sentido profundo do religioso, que implica muita humanidade.

    Tenho consciência que muitas pessoas estão tristes com a Igreja, melhor, com realidades, pessoas e situações da Igreja que não foram factor de acolhimento. Dizia um professor: "Quando falamos de pessoas afastadas da Igreja, deveríamos perguntar: que temos, ou não temos feito para que se tenham afastado de nós?"

    Lembro-me de há uns anos estar a dar uma conferência numa paróquia sobre o "Pecado" (sou especialista nisto também ;) eheheh). Na parte das perguntas, veio a questão do divórcio à baila. Um senhor comentou: "Toda a mulher que casa, casa por amor e tem de aguentar o amor até ao fim!". Bem, passou-me uma coisinha pelos olhos (eu que até nem sou de me alterar), olhei para ele (acho que a minha expressão facial não deve ter sido muito simpática) e respondi: "Bem, acredito que, normalmente, a mulher e o homem, repito, o homem, que casam, fazem-no por amor. Mas isso de aguentar é preciso cuidado, pois é triste que haja mulheres que chegam a casa e apanham à séria dos maridos. Digo-lhe: não há amor que aguente!".

    Sim, a complexidade das realidade não pode ter etiquetas. O Deus que conheço, e acredito, não as põe e afastou-se delas. ;)

    Um Abraço!! :)

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    1. E é isto. Parabéns pela sua exposição.

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    2. Paulo, como entendido, retire-me uma dúvida se não for pedir muito :)

      Acho que li na Bíblia que Deus não queria que houvesse adoração a Santos nem construção de Templos. Sonhei ou existe alguma verdade no que digo?

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    3. Olá Ana, não, não é pedir muito e respondo com muito gosto. :) E sim, existe alguma verdade no que diz. :)

      No Antigo Testamento, mais precisamente no livro do Êxodo, aparecem os dez mandamentos. Os primeiros referem-se explicitamente à relação com Deus: "Não haverá para ti outros deuses na minha presença; Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas."

      Quanto à construção de templos, era permitido haver santuários desde que fossem a Deus e só havia um Templo... o de Jerusalém, onde ainda hoje os judeus vão ao Muro das Lamentações rezar. [Independentemente da crenças ou não, é de uma beleza tremenda estudar o Antigo Testamento, há livros que são de uma extrema força e conhecimento humano].

      Agora, que se passou com tanta "Santoria" nas Igrejas, depois destes mandamentos? Com a vinda de Jesus, que nós cristão, acreditamos ser o Filho de Deus, Deus ganhou rosto e, na altura gera-se a catequese, distinta dos moldes judios, e começou-se a pintar as cenas da vida de Jesus nas paredes das casas onde se juntavam para rezar. Aí surgem as primeiras imagens... Também nessa altura os cristãos era perseguidos e martirizados, morreram milhares de pessoas em nome da fé. Quando a religião cristã passou a ser a religião oficial do Império, o imperador Constantino, em nome da memória de todos os que foram mártires mandou que se fizessem estátuas e imagens para os recordar. Daí surge a piedade popular da veneração dos Santos. Como hoje temos as fotografias, eles tinham as imagens.

      (Aqui vai de forma MUITO resumida o desenvolvimento de todo este processo)

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    4. Ah, voltando ao Antigo testamento... Partilho um texto que escrevi sobre a Blasfémia de Moisés, há quase um ano. :)

      http://oinsecto.blogspot.com.es/2012/02/blasfemia-de-moises.html

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    5. Muito obrigada Paulo. Vou ter decididamente de aprofundar o meu conhecimento neste campo, a religião é algo que me fascina e é muito bom saber que a Igreja tem cada vez mais a passar a sua palavra pessoas pessoas de valor e que passam a mensagem de uma forma clara e cheia de fé.

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    6. Gostei imenso da sua exposição...é por causa de pessoas como o paulo,sj que eu ainda frequento a igreja e sou católica praticante dentro e fora dela (ou pelo menos tento ser). :)

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    7. Este é um dos encantos do blogue. Estes momentos de partilha.

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  2. Sou uma pessoa de fé mas não acredito em religião. Não concebo atrocidades cometidas por uma religião em nome da fé. Creio em Deus, Senhor Jesus Cristo, mas não frequento igrejas, apenas as visito como qualquer outro monumento, porque essas igrejas, opulentamente ricas, não são as "casas de Deus".
    Existem 3 temas que não se discutem, devido á sua ambiguidade: politica, futebol e religião.

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  3. Pode parecer contra-senso mas o que refere, do homem que vai à missa e bate na mulher e nos filhos, é segundo a igreja, um católico praticante. Ouvi isto de um padre numa missa, possivelmente de um casamento, já que é a única a que vou.
    Esse homem é um católico praticante pecador. Quem não vai à missa não é católico, segundo a igreja e ponto final. Podemos não concordar mas as regras da igreja são impostas pela igreja. Quem não concorde que crie outra. E muitos já o fizeram.
    Este comentário não reflete a minha opinião. Apenas factos a que assisti.
    vidademulheraos40.blogspot.com

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    1. Paula, mais ou menos. A participação na Missa, sobretudo nos Domingos e Santos de Guarda (que é assim que se costuma dizer), é uma obrigação dos fiéis. Mas, quem não vai não deixa de ser católico.

      É o baptismo que define a pertença à Igreja. Todo o baptizado faz parte da Igreja Católica (até mesmo os que são baptizados nas Igrejas reconhecidas pelo Conselho Mundial das Igrejas, por exemplo, Anglicana, Luterana, Calvinista, etc.).

      ;)

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    2. Paula, eu ouvi o inverso também de um Padre :)

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  4. Tema muito controverso para mim, porque se por um lado penso como tu por outro entendo que o ser praticante pressupõe que se adoptem certos rituais e um desses rituais é o ir à missa. Claro que quem vai à missa todos os domingos e a seguir bate na mulher, faz mal ao próximo, tem o coração cheio de maldade e por aí fora por mim até podia ir à missa todos os dias que eu sou mais católica de certeza, mas acredito também que se escolhemos seguir uma doutrina temos de a seguir em todos os sentidos e não escolher e retirar o que nos parece melhor e mais conveniente, não podemos andar só a pedir a Deus quando as coisas apertam mas também devemos seguir os seus ensinamentos e dar de nós.

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  5. A religião para mim é um tema mais complexo do que o descrito.. Ser praticante na gíria é obedecer a determinados rituais , assim sendo não sou praticante e eu própria não me sei definir . Acredito na palavra de Deus , tenho fé , acredito que ela é necessária e essencial à vida, acredito que temos obrigação e dever de nos amarmos uns ao outros ,mas na verdade não deixo de conotar a ida à missa com as pessoas que lá encontro , se pressinto hipocrisia é logo um ponto para me pôr a milhas. Cheguei a ouvir um Padre a induzir uma intenção de voto.. às vezes oiço cada coisa!.:(.

    Concordo com quem diz que Jesus Cristo era um dos maiores psicólogos de todas os tempos que arrastava multidões através da palavra e era isso que a Igreja devia fazer - espalhar a palavra de Deus . Quem está na Igreja são seres humanos e todos somos imperfeitos, percebo, mas a arrogância essa não!
    Olha já nem falo nos que batem na mulher porque esses não saberão o que vão fazer à missa senão por ritual, suponho.
    Com tudo isto e tal como comecei acabo.. não eu própria me sei definir na religião. Não é Deus que me afasta da Igreja mas os Homens, porque a Ele pressinto-O e Sinto-O e agradeço todos os dias.

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    1. É um tema muito mas mesmo muito complexo.

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    2. "Não é Deus que me afasta da Igreja mas os Homens, porque a Ele pressinto-O e Sinto-O e agradeço todos os dias."

      Revejo-me inteiramente nas suas palavras.. a certeza de Deus nunca me deixou mas, as práticas de muitos padres e de alguns fiéis afastaram-me há muito do culto em igrejas...

      Não há humildade na igreja e eu não consigo conceber o amor de Deus sem humildade... na maioria dos casos até a ajuda e a caridade são feitas de forma soberba.

      Por isso repito que sinto falta de pessoas genuinamente boas... quando frequentava missas, catequeses e encontros também não as encontrei por lá... por isso fui procurar para outro lado!

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  6. As regras de qualquer grupo, são escritas pelo próprio grupo.
    Sempre me fez confusão que as regras da Igreja Católica façam tanta confusão ás pessoas e que as incomodem ao ponto de as quererem rectificar.
    Para se ser católico existe de facto um conjunto de regras que se tem de cumprir e uma delas (não a única) é ser assíduo à Eucarístia Dominical. No caso de uma pessoa que não ama o seu irmão, obviamente que não está em comunhão com a Igreja.
    Não se misturem coisas.

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    1. É daqueles temas que nos ocupava horas.

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    2. Eu sou tão não praticante que em vez de não comer carne à sexta.feira de quaresma e ir comer uma mariscada, sou uma pecadora e como almôndegas, que é o prato que mais detesto, para fazer um sacrifício.

      Tento com a frase anterior demonstrar que as regras da igreja foram feitas pelas pessoas e foram as pessoas que colocaram estas regras acima das de Deus.

      Não praticante é quem não cumpre as leis de Deus e não as dos homens...

      Se percebi bem, foi esta a intenção do HSB...

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  7. Bruno olá.
    Gostei que tivesses abordado a religiao católica, porque também o sou e praticante.
    Praticante para mim é: um conjunto de acções que as faço por o meu coraçao mandar e nao por obrigação.
    Ir á missa,rezar em casa, abençoar alguém no dia a dia,ler excertos da bíblia ,rezar o terço, ir a Fátima,ajudar os pobres,e agradeçer muito,isto para mim é ser praticante e Católico. Eu tenho muito que agradeçer a Deus nosso Pai do Céu, por tantas bençãos que sinto ao longo da Vida, e, muitas vezes quando as coisas nao correram como queríamos, e alguns ficam "descrentes" é aí que Deus pega em nós ao colo, pois esteve a preparar bençaos melhores para nós. É sempre assim.Só mais tarde analisando o nosso passado podemos perceber a sua grande ajuda! Respeito todas as pessoas com opiniões diferentes, pois isto é uma qustão de Fé. Muita Fé...ou se tem ou nao se têm.Para quem nao têm , nunca talvez nos vão entender.Que Deus abençõe todos os que vêem por bem a este Blog.
    Maria
    "Aqueceraalma@gmail.com"

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    1. Muito obrigado pelo teu comentário Maria :)

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    2. Obrigada eu pela tua resposta, sempre faz um "cadito de companhia". Bjinho.
      Maria

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  8. Bem... é um tema muito complexo mesmo...

    Gostei bastante de ler aqui nos comentários várias visões da mesma coisa, e gostei principalmente dos comentários do paulo,sj.

    Quanto a mim, acredito em Deus... Acredito em Deus, não vou à missa aos Domingos... Vou à igreja quando sinto necessidade, e entenda-se que por necessidade não é quando preciso de alguma coisa... A maioria da vezes é para agradecer algo.

    Beijinho

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  9. Concordo com o que dizes, o ir simplesmente à missa não faz de nós mais católicos que os outros...temos de ser católicos sempre, todos os dias. Além disso existem muitas formas de nos aproximarmos de Deus, de falarmos com Ele. Mas também concordo com um comentário que a Ana fez, porque ser católico implica também cumprir alguns rituais, como é exemplo ir à missa. É uma questão controversa, porque infelizmente há muitas teorias enraizadas nas mentes de algumas pessoas que adulteram o sentido de ser católico, como a obrigatoriedade de aguentar tudo num casamento, por exemplo. Eu sei de um caso de um padre que disse na catequese a uma menina de 7 ou 8 anos que a mãe vivia em pecado porque era divorciada. Mas só a mãe é que vivia em pecado, o pai não. Deus me perdoe se estiver errada, mas para mim isto não é ser católico.

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  10. Isso és tu e acho que tens toda a razão! Ser católico praticante é muito relativo...e acho que tem a ver acima de tudo com a nossa essência e como encaramos a religião:) para mim acima de tudo a religião está num conjunto de valores em que acredito e tento ter presente na minha vida:)

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