pensar antes de abrir a boca

Durante muitos anos disse tudo aquilo que me vinha à cabeça. Não pensava. Tinha (e ainda tenho e provavelmente sempre terei) o coração perto da boca. Se alguém me aborrecia, dizia a primeira barbaridade que me ocorria. Isto levava-me a ser cruel em alguns casos. Tal como para o mal, também funcionava para o bem. Mas, neste cenário o maior erro que se pode cometer é dizer algo cedo demais. Nada mais do que isso. O que não percebia era a força de uma palavra. E o facto de que depois de dita não pode ser apagada. Nunca será esquecida. Uma frase fica guardada para sempre na memória de quem a ouve. Mesmo que o autor peça desculpas dezenas de vezes. E que diga que foi injusto ou que apresente outra justificação qualquer para um acto que tem tanto de marcante como de poderoso.

Felizmente, com o passar dos tempos percebi isto que agora conto. É verdade que continuo a ter o coração perto da boca. Mas consegui domesticar essa característica. Agora, podem dizer-me mil e uma coisas. Podem insultar-me sem razão. Podem dizer as maiores barbaridades do mundo. Que não abro a minha boca. Primeiro penso. Antes de falar assimilo aquilo que me foi dito. Tento perceber se existe algum ponto válido na mensagem que me passaram. E depois desta análise, falo. Actuo. E faço aquilo que entendo ser mais correcto e justo. Para mim e só para mim porque estas situações exigem egoísmo da nossa parte. Porém, o grau de dificuldade de fazer tudo isto é bastante elevado. Porque em condições ideais é algo que deverá ser feito em segundos ou poucos minutos.

E conseguir (melhor ou pior) fazer isto que acabo de escrever é algo de que me orgulho. É algo que me tem feito muito bem ao longo dos tempos. É uma ferramenta que acaba por ser útil no momento de escolher quem deve ou não fazer parte da minha vida. Cada vez mais constato que é possível perceber uma pessoa através das palavras. Da forma como usa as mesmas e em que momentos o faz. Isto pode parecer complicado mas é do mais fácil que existe. É aquilo a que chamo um caminho para a paz.