12.12.12

algo que os casais não devem esquecer

Kim e Krickitt Carpenter são o melhor remédio para qualquer casal. Porém, não se trata de um medicamento que se comercializa nas farmácias nacionais. Também não é um produto que se compre online através do ebay. Muito menos é uma terapia aconselhada por um qualquer especialista em relações à beira da ruptura. Mas, é bom que qualquer casal se lembre destes dois nomes.
 
Novembro de 1993. Kim e Krickitt, na altura com 27 e 23 anos anos, respectivamente, estavam casados apenas há dez semanas. Feliz, o casal fazia a sua primeira viagem de carro. Tudo corria bem até que um acidente, que envolveu o carro de ambos, um camião e uma camioneta, mudou as suas vidas. Com ferimentos graves na cabeça, Krickitt esteve às portas da morte, permanecendo em coma durante várias semanas.
 
Quando finalmente acordou, a jovem norte-americana não se lembrava de muitas coisas pois tinha perdido parte da memória. Entre outras coisas, Krickitt não fazia ideia que era casada nem tão pouco conhecia o homem que estava a seu lado no hospital. Parece familiar esta história? É provável pois foi esta casal que inspirou o filme Prometo Amar-te, de 2012, com Rachel McAdams e Channing Tatum.

Mais do ver a sua história num filme, esta história de amor deve estar bem presente na mente de todos os casais. E defendo isto porque este homem sentiu a necessidade de reconquistar a mulher com quem era casado. Quis desistir. Sentiu-se sem forças para lutar contra o impossível. Mas, não cedeu. Saiu vitorioso e o casal acabou por voltar a apaixonar-se e desse amor nasceram duas crianças.
 
É certo que este casal viveu tudo isto por obrigação. Mas, será que esta não é a solução para todos os casais que temem ver a sua relação transformada numa rotina diária como outra qualquer? Será que basta aquele primeiro momento de conquista? Do meu ponto de vista, acho que aquilo que Kim fez deve ser feito por todos os casais o maior número de vezes possível. Porém, não se deve esperar por um acidente que roube memória (aqui deve ler-se rotina ou medo do fim da relação) para partir para a conquista, reconquista, para outra conquista e por aí fora.

Não resisto em partilhar alguns excertos da entrevista dada por Kim ao ISTOÉ. “Nos primeiros cinco meses após o acidente, ela comportava-se como uma criança ou como uma adolescente rebelde. Não suportava receber ordens e desistia da terapia de recuperação facilmente, porque ficava entediada. Os médicos explicaram-me que esse comportamento era comum entre pacientes com traumas cerebrais parecidos com o dela. Mas o pior era aguentar sua rejeição a mim. Muitas vezes pensava que ela poderia nunca mais me amar ou nunca mais querer ficar comigo, porque ela não demonstrava nenhum sentimento por mim. Aliás, demonstrava apenas raiva. Ela não conseguia entender quem eu era e por que estava ao lado dela em todos os momentos”, diz.
 
“Tive que reconquistar a minha própria mulher. No início, parecia um absurdo, mas depois percebi que fazia sentido. Krickitt não se lembrava do nosso namoro, nem porque se tinha apaixonado por mim no passado. Simplesmente acordou um dia e viu-se casada com um homem que não conhecia. Então tivemos que recomeçar do zero. Saímos para jantar, para ir ao cinema e jogar bowling, enfim, para fazer programas que os namorados costumam fazer. E isso, para minha surpresa, foi construindo uma ponte sólida entre nós. Culminou com nossa segunda cerimónia de casamento, em maio de 1996, quase três anos após o acidente. Krickitt vestiu-se de branco novamente, eu esperei por ela no altar e, em frente aos nossos amigos e família, refizemos nossos votos de fidelidade e lealdade”, acrescenta.

“Sim, pensei (em desistir). Mas no mesmo instante lembrava-me dos votos que havia feito a Krickitt na nossa primeira cerimónia de casamento. Jurei amá-la, respeitá-la, defendê-la e protegê-la nos tempos bons e maus, e esses definitivamente eram tempos maus. Na sociedade em que vivemos as pessoas quebram promessas a toda hora. Prometem amar o companheiro “até que a morte os separe”, mas querem dizer a morte do casamento, e não da pessoa com quem se casam. Isso para mim não era uma possibilidade. Eu nunca pediria o divórcio. E muitas pessoas aconselharam-me a fazer isso, acredite”, refere, naquela que para mim é a parte mais forte da conversa.
 
Acho que tudo isto que é referido por Kim deve ser interiorizado pelos casais que, dia após dia, permitem que as suas relações se aproximem do abismo enquanto assistem impávidos e serenos ao momento em que tudo vai acabar. Se existe amor, o caminho é apenas este. E a solução não é milagrosa nem se vende nas farmácias ao preço do ouro. É simples. Basta querer. Lutar. E fazer da conquista diária e surpreendente uma das poucas rotinas da relação.
 
 

49 comentários:

  1. mas tudo isso é muito difícil de colocar em prática, mesmo que se tenha muita vontade de o fazer. Imagina que ela não voltava a apaixonar-se, ele iria sofrer, mais uma vez, e penso que muitos casais hoje em dia não vão à luta porque têm medo de mais uma vez fracassar.
    É complicado!

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    1. Sim, aqui foi uma obrigação mas ele não desistiu. Lutou e isso é de enaltecer. Por isso é que digo que são um exemplo, sobretudo ele que teve de reconquistar a mulher da sua vida.

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  2. Inspirador! Mandei para o meu querido ler!

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  3. Chama-se a isso amor incondicional, coisa rara de se ver...
    Ele é uma inspiração :)

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    1. Há uma frase dele muito boa. As pessoas dizem até que a morte as separe mas é a morte do casamento. É mesmo uma inspiração. Espero nunca esquecer o que li na entrevista :)

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  4. Diz-se "para o bem e para o mal" não é? acho realmente uma história inspiradora e ainda bem que ainda existem (ainda que escassos) estes exemplos de amor e romantismo! faz-nos acreditar em coisas boas :)

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  5. Dizer-lhe (a MorMeu) "Amo-te Muito" ao fim de 18 anos tem muito mais significado hoje do que há 18 anos atrás. O Amor que sinto por ele carrega o peso das nossas vidas em conjunto, das nossas filhas, das vezes que já tropeçámos e nos levantámos...juntos, do que já sofremos e do que ultrapassámos, das vitórias e das pequenas grandes conquistas.
    Amo-o hoje muito mais que ontem e muito menos que amanhã.
    E já o avisei que serei a primeira a morrer, não consigo conceber um dia neste planeta sem olhar para dentro do azul dos seus olhos que são o meu céu e o meu mar.

    Jinho

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    1. Impossível não comentar :) adorei o teu post Suricate!

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    2. E ao fim de 30 anos como será.. Igual. Suricate como te compreendo. Nisso do morrer não digo porque o "Nunca"não existe para mim. Que a vida de todos os casais seja um eterno ultrapassar obstáculos e saborear as vitórias mesmo que pequenas mas sempre juntos!:)

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    3. Sunshine e Sorriso (obrigada)

      Espero que ao fim de 30 (já só faltam 12, é ali ao ladinho) eu continue a precisar do ombro dele para mergulhar e adormecer serena, espero que ele continue a gostar de deslaçar os meus caracóis então grisalhos, entre os seus dedos enquanto o seu pensamento viaja. Espero que das nossas discussões continue a nascer a luz e que nos desentendimentos continuemos a perceber que a essência do que nos une é maior. Peço a Deus que daqui a 40, eu continue a ter o privilégio de sentir que me ama sempre que me atiro para dentro do azul dos seus olhos, o meu céu, o meu mar, o meu princípio e o meu fim.

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    4. Lindo e igualmente inspirador. Que belo exemplo :)

      beijos

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  6. Acho que é que é mesmo isso que falta em muitos casais, reenventar o amor, a conquista , ceder à rotina. Mas muitas vezes é mais fácil desistir do que lutar, é por isso que existem muitos divórcios.
    Excelente Post!

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  7. Só vi o filme "A minha namorada tem amnésia" que referiste no outro dia na situação da avó com as crianças, mas é uma versão "comédia-parva"! Imagino que seja muito difícil passar por isso... Se já custa imaginar o namorado, quanto mais um companheiro de vida!

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    1. Este é parecido mas sem o humor. Não imagino o quanto deve custar ser rejeitado por alguém que se ama e nos ama.

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  8. Tenho uma relação bastante duradoura e concordo com o que dizes no último parágrafo. Sim não há soluções milagrosas para nada .A vida tem altos e baixos e os relacionamentos não são excepção. Há que agir,lutar pelo que se quer ,quebrar rotinas que passam por coisas simples muitas vezes. Exige esforço e dedicação de parte a parte? Claro que sim! Exige tolerância? Também! tolerância sem perder a individualidade de cada um e respeitando o seu espaço próprio.
    O amor, o relacionamento , constrói-se dia a dia com esforço, com motivação. Até quando? Ninguém sabe.. Quem disse que era fácil?.. Afinal é como a vida!

    Não sei se os relacionamentos entre casais é amor incondicional porque esse sabemos que não acaba jamais( existe por um filho porque a tudo desculpamos e é uma relação que sabemos que não tem fim), mas será aquilo que nos propusermos atingir, ultrapassando as contrariedades com empenho, com muito amor!

    Gostei do teu texto inspirador e acabei por deixar o meu testemunho. Obrigada.

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    1. Que belo comentário. Está tudo aí. Muito bom, mesmo.

      Obrigado

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  9. Vi esse filme e adorei é realmente inspirador... O amor deve mesmo ser uma conquista diária! Bjinhos***

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  10. Já conhecia a história e o filme. Digo-te que é assim que vejo o amor e o casamento. Não é apenas um papel passado, é o compromisso de não desistir ao primeiro obstáculo, de lutar sempre pelos dois. Mesmo quando gastamos todas as nossas forças e queremos baixar os braços, é nesses momentos que devemos tentar mais uma última vez, pode ser essa vez a fazer a diferença. Pena muitos casais não verem assim as coisas e separarem-se logo ao primeiro entrave.

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  11. Estou arrepiada!

    Pena a palavra amor ser tão banalizada nos tempos que correm... Mas ele ainda existe.

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    1. Foi como fiquei ao ler a entrevista.

      Ele existe e toda a gente o encontra, mais cedo ou mais tarde.

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  12. Nao conhecia a historia nem o filme...mas e linda! O amor e uma conquista diaria...sempre senti e vivi assim, com muita criatividade a temperar de forma a que nenhum dia fosse igual a outro...mas sabes bem que nao e o que a maioria das pessoas pensam e fazem hoje em dia...lamentavelmente! E e tao facil, tao natural, tao singelo, basta trocar o "sentir grande" com o "sentir em profundidade". Chamam-me lirica, utopica,romantica, e riem-se...eu nao me importo e rio tambem mas recuso-me a ser "lapidada". Adorei este post. bj

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    1. Deixa que te chamem isso tudo. Tu é que estás certa e ainda bem que existem pessoas como tu. Nunca mudes.

      beijos

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  13. Não sei se isso é amor ou obrigação! Actualmente não consigo definir o que é amor.
    Os casamentos dão trabalho, é verdade, mas isso é amor? Estar constantemente a cultivar uma relação? Ou é por outros motivos que o fazemos? Nos dias que correm tendo a pensar que o amor, se existir, não nos obriga a uma luta constante. Provavelmente estou com uma visão muito romântica da coisa.

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    1. Eu acho que aquilo que o homem fez foi amor. Era muito mais fácil pedir o divórcio e mudar de vida.

      Lutar por uma relação é amor. A conquista diária é amor. Aguentar uma relação, viver na mesma casa não sendo casal só por causa das contas é que é uma obrigação. Isto na minha forma de pensar.

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  14. O teu último parágrafo resume o que penso acerca das relações. Sem mas.

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  15. Eu vi este filme e amei!!!!!Ainda ha historias de amor lindas...e este homem lutou contra tudo e contra todos....

    Http://styleloveandsushi.blogspot.com

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  16. Não vi o filme e não sabia que era baseado numa história verídica. Agora fiquei com imensa vontade.
    Concordo plenamente com as tuas palavras.
    A coragem que é necessária nessas alturas é soberba!

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  17. Sei qual é o filme mas não o vi (deve estar a aparecer nos canais TVC a qualquer momento). Mas fiquei inspirada pelo que escreveste.

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    1. Tens razão. Confesso que me lembrei do casal depois de ver a publicidade ao filme.

      Mas acho que é daquelas coisas que não devemos esquecer. Nunca.

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  18. Uau! Já vi o filme e ler isto só dá vontade de o ver outra vez.

    É bonito saber que há histórias assim e que há pessoas que não desistem ao primeiro "problema" que aparece...

    Sex and the Country
    http://sexandthecountry6.blogspot.pt/

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  19. Gostei muito do filme e muito mais da história verídica.
    Isto é amor incondicional, e do mais puro que pode haver. É sem dúvida uma inspiração.

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  20. Quem ama não desiste na doença....
    Infelizmente não é assim que o ser humano se comporta nos piores momentos em que uma pessoa passa.

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    1. Estes tipo de atitudes devia ser regra geral e nunca a excepção.

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  21. Fiquei arrepiada, não vi o filme, mas pelo que li aqui deve ser muito bonito.

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