já sei namorar

Isto de ir às festas populares com a sobrinha de quatro anos é muito mais do que andar nas diversões e comer farturas. Existem mimos, caricias, sorrisos e muitas conversas, que vão dos temas mais simples aos mais complexos, passando pela vida amorosa de uma criança de apenas quatro anos.

“Tenho namorado”, diz ela.

“Ai tens? Quem é?”, pergunto para me meter.

“Não digo a ninguém”, dispara.

“Diz lá ao tio”, insisto.

“Não digo, é segredo”, reforça.

“É do teu colégio novo ou do antigo?”, insisto novamente.

“É o Agostinho”, revela ela sorridente com uma inocência pura, segundos depois de ter dito que não contava a ninguém.

“E como é que vocês namoram?”, pergunto.

“Damos abraços e beijinhos”, explica de forma apaixonada.

“Como é que são os vossos beijinhos?”

“Cala-te que isso não se pergunta”, diz-me.

"O Agostinho é feio", diz o pai dela na brincadeira.

"O Agostinho é lindo e só gosta de mim", refere, defendendo a honra do namorado.

“Mas tu vais para um colégio novo. Como é que vão continuar a namorar? Vais escrever-lhe cartas?”, digo.

“Eu sei fazer Noddys”, responde.

“Então podes desenhar Noddys e dás ao Agostinho.”

Não me canso destas conversas com a minha sobrinha. Sobretudo da forma como ela aborda cada tema, sempre com uma naturalidade e inocência apaixonantes e cativantes.