eu e os bebés

Sempre gostei de ouvir histórias de bebés. Relatos de amigos que me anunciam que vão ser pais pela primeira vez. Histórias de amigas que dão conta dos primeiros dias de vida dos seus filhos. Sempre me senti fascinado por essas conversas. Era capaz de ficar largos minutos a ouvir aquilo que querem partilhar, sentindo essa história como se fosse minha.

Até que me fartei. Neste momento dispenso ouvir relatos de pais. Já não sinto o mesmo que senti em tempos. Não ganhei nenhuma aversão aos bebés. Muito pelo contrário. É apenas um reflexo do meu crescente desejo de ser pai. Querer ser pai faz com que queria viver as histórias e ser eu a conta-las em vez de me limitar a ouvir aquilo que contam.

Apesar disto, ser pai está longe de ser uma obsessão para mim. É um forte desejo. Que fica cada vez mais à flor da pele com o avançar da idade. Pois, para mim, idealizar ser pai aos 25 anos não é a mesma coisa do que desejar ser pai com 32. Os pensamentos são outros. Tal como a forma como se vê a vida também é diferente. Porém, não deixo que este desejo me domine e consuma por dentro. Por outro lado, não escondo o receio de nunca vir a ser pai. Aliás, até acho que é esse medo que me leva a adoptar uma postura defensiva em relação às partilhas das histórias dos pais que me rodeiam.

Quero muito ser pai. Quero muito ser eu a partilhar as histórias das noites mal dormidas, dos primeiros momentos disto e daquilo. Quero viver aquilo que vejo a minha irmã e o meu cunhado viverem com a minha sobrinha. Quero todas as dores de cabeça a que um pai tem direito. Mas, neste momento não consigo sentir muita alegria com as histórias de outros pais. Por isso, que me desculpem os meus amigos que partilham coisas comigo. Se notarem alguma falta de entusiasmo, não é por mal. É apenas porque quero ser o protagonista em vez de assistir ao filme.