Jorge Cadete voltou a ser notícia. Aos
45 anos, o ex-jogador vive na casa dos pais e tem vivido do
rendimento social de inserção (189 euros) ao longo dos últimos
anos. Para quem não acompanha o desporto, trata-se de um antigo
jogador que passou por grandes clubes europeus tendo sido, durante
algum tempo, o português com mais golos no estrangeiro. Ao longo da
carreira, e falando apenas de ordenados, Jorge Cadete ganhou mais de
quatro milhões de euros. A isto junta-se uma considerável fatia
monetária composta por prémios individuais, de equipa, contratos de
imagem e outras coisas. O que é certo é que este dinheiro não
passa de uma memória para Cadete.
Por vezes ouço pessoas dizerem que
gostavam de ter o dinheiro dos jogadores de futebol. Dinheiro que
nunca mais acaba. Nessas alturas costumo dizer que, por mais dinheiro
que tenham, é muito mais fácil fazer com que desapareça do que
amealhar todos aqueles milhões. Chamam-me parvo. Dizem que é
dinheiro que não tem fim. Pois bem, o exemplo de Jorge Cadete é
apenas mais um de que não sou parvo. É verdade que ganham muito.
Mas conseguem gastar ainda mais.
Algumas pessoas esquecem-se de que a
grande maioria dos jogadores não tem uma base pessoal ou familiar que lhes permita gerir
muito dinheiro quando estavam habituados a ter pouco. Jorge Mendes, só há um! É certo que o empresário ganha muito dinheiro com os seus
jogadores mas Jorge Mendes é exemplo do que é uma boa gestão. Sabe
aconselhar jogadores. Sabe dizer-lhes o que devem fazer com o
dinheiro que ganham. Quais os melhores investimentos. Mas, como
disse, Jorge Mendes há apenas um. E poucos clubes fazem aquilo que o Manchester United fez com Ronaldo. Segundo se consta, o jogador português só tinha acesso a uma parte do seu ordenado. O restante era guardado pelo clube, de modo a que o jogador não gastasse tudo aquilo que recebia.
Acho que poucas pessoas têm noção da
quantidade de parcerias e negócios que são propostos aos jogadores todos os dias.
Vale tudo. E a receita é sempre a mesma. Pede-se o dinheiro do
jogador e promete-se um negócio como nunca visto. Aqueles que têm
poucos conhecimentos da área e que não têm um empresário decente,
deixam-se levar pela cantiga do bandido e pela música de milhões a entrarem na conta. Acreditam que vão ganhar
ainda mais dinheiro. Quando na realidade vão perder dinheiro que
nunca mais recuperam.
A estas propostas juntam-se os amigos
de ocasião. Aqueles que estão por perto enquanto há dinheiro.
Aqueles que sabem tudo e que aconselham os jogadores a investir aqui
e ali. São aqueles que vivem à conta do dinheiro dos jogadores. E
são os primeiros a desaparecer quando a fonte de rendimentos seca. Existem ainda as mulheres que sacam tudo aquilo que conseguem aos jogadores. E
não são necessários rodeios. Existem também aqueles que gastam
fortunas em prostitutas, jogo e em droga.
É certo que quatro milhões soam a
muito dinheiro. Mas, perante aquilo que escrevi, estes milhões
passam a ser apenas alguns trocos no bolso da calças. A carreira é
curta. Os vícios são grandes. Os maus amigos, péssimos sócios e
conselhos errados só desaparecem quando não existe mais dinheiro
para chupar. Por isso, está muito enganado quem pensa que é muito
complicado destruir uma fortuna em pouco tempo.
Digo mais ou menos o mesmo. Os homens/jogadores não deixam de ter culpa. A questão é que, muitas vezes, não é uma culpa que se possa dizer "merecida". São ingénuos, inocentes.
ResponderEliminarVeloso perdeu o dinheiro em negócios como falaste. E tinha muito menos, fruto da época.
Partilho da tua maneira de pensar. Estás muito certo.
EliminarFaltou dizeres uma coisita: A cabecinha... ou se tem...ou se não tem....e perdoem-me os jogadores da bola mas não me parece que seja uma caracteristica predominante na classe. Uma coisa é certa. O caminho de baixo para cima é lento e penoso (e quando não é, é exceção), mas para a grande maioria o caminho de cima para baixo é rápido e aos trambolhões, com a ajuda de alguns pontapés...e muito poucos estão preparados para o impacto.
ResponderEliminarAquilo a que preferes chamar cabecinha eu descrevi como falta de bases. Eles não sabem lidar com muito dinheiro, tal como não saberá a maior parte das pessoas que passa do 10 para os 10000. E pensam que o caminho de que falas nunca chegará. E enganam-se.
EliminarPor acaso tinha acabado de ler essa notícia, e faz-me pensar, realmente há muita gente que não sabe lidar com dinheiro. não sei porquê, mas não tenho pena.
ResponderEliminarEu não sinto pena. Porque eles têm uma oportunidade que muitos poucos têm. Como diz o POC, podem não ser culpados. Mas também não sinto pena. Mas, segundo me disseram, o Cadete não se fez de pobre coitado na reportagem. E enalteço isso.
EliminarConcordo que pode ser difícil saber distinguir os bons dos maus negócios mas saber poupar é ainda mais importante.
ResponderEliminarHá dias dizia isso mesmo, devia ensinar-se a poupar na escola primária.
O certo é que quando temos muito nem pensamos no que gastamos, nem que acaba. Já não falando de um jogador de futebol, os cortes que vamos assistindo nos últimos anos fizeram que muita gente tenha visto reduzido a menos de metade aquilo que ganhava. Mas continuam a fazer a vida exatamente igual. Porque não sabem fazê-lo de outra forma, ou porque querem manter as aparências (mas isso já é outra história).
Acho que quase ninguém percebe a quantidade de pessoas que os rodeiam. Todos com o único objectivo de viver à custa do dinheiro deles. Ou são fortes ou acontece isto.
EliminarPois eu digo-te (e com toda a certeza do mundo): se eu tivesse esses 4 milhões, garanto-te que eles não iam acabar (antes pelo contrario) e que ainda me iam permitir não mexer uma palha o resto da vida....
ResponderEliminarEu digo o mesmo mas a verdade é que nunca me apanhei com ordenados daqueles na mão...
EliminarConcordo com o que escreveste e também vi a reportagem sobre o Jorge Cadete. É triste. E ainda hei-de perceber um dia por que razão os jogadores de futebom ganham rios de dinheiro, sabes-me responder?
ResponderEliminarP.S. Também fazia o que disseste, "arriscar", mas confesso que comecei a ficar com medo tendo em conta que quase nunca me deixam passar... E depois ainda ficam a olhar para mim feitos parvos como se eu tivesse feito algum mal. Juro que este acto me irrita profundamente :/
Os jogadores ganham muito porque são o motor de um desporto que movimenta muito dinheiro. Se comparares com basebol, nba e formula 1, são poucos os jogadores que ganham muito dinheiro.
EliminarQuanto ao teu ps, existem pessoas muito parvas.
Vi a reportagem e, por mais que saiba que ele ganhou bastante dinheiro e que há tanta gente em dificuldades que nunca teve sequer metade daquilo, a verdade é que não consegui não ficar triste perante aquilo tudo. Nada é eterno, nada é seguro. O que temos hoje podemos não ter amanhã. Se foi culpa dele, má gestão da parte dele ou de outra pessoa qualquer não sei, mas confesso que fiquei impressionada... Percebi que está neste momento da faculdade o que, diga-se o que disser, é de louvar e espero sinceramente que consiga dar a volta por cima.
ResponderEliminarEu também não sinto pena. Até porque este caso específico não é assim recente. Que sirva de exemplo a muitos putos que após cinco minutos de fama se acham os maiores do mundo.
EliminarEspero também que continue a lutar para dar a volta. É o que mais desejo.
No futebol é preciso muito mais do que pernas e para gerir os proventos é imprescindível uma excelente cabeça...Cristiano Ronaldo tem!
ResponderEliminarBjs
Maria
Cristiano Ronaldo teve o Manchester. E tem o Jorge Mendes. Que ninguém se engane pois foram fundamentais. Basta recordar notícias antigas de alguns excessos dele. Mas isso sempre foi controlado pois ele só gastava o dinheiro que era destinado a esse fim. E ainda bem para ele.
Eliminarbeijos
Um exemplo de boa cabeça: Figo. Pelo menos é a ideia que tenho. E Ronaldo, o fenómeno.
EliminarLamento imenso a situação do cadete e não consigo fazer julgamentos.
ResponderEliminarEu não consigo ter pena, não os julgo e espero que consigam dar a volta. Mas o que é certo é que tiveram uma oportunidade ao alcance de poucos. Oportunidade que foi desperdiçada.
EliminarÉ fácil assumir que uma grande fortuna não tem fim, quando se interpreta a quantidade de dinheiro em relação ao actual estilo de vida. Mas o estilo de vida altera-se rapidamente. E como em tudo na vida, é importante o equilíbrio.
ResponderEliminar"O dinheiro é de quem o guarda, não de quem o ganha" já diz o ditado popular.
O problema é que muitos vivem para o que gastam. E uma parte ganha dez mil (por exemplo), derrete dois mil e poupa oito mil por mês.
EliminarÉ como dizes, se não houver uma gestão cuidadosa o dinheiro que parece não ter fim, acaba sempre por se esgotar. Vi a reportagem da SIC e o Cadete está a tirar um curso para estar melhor preparado.
ResponderEliminarSó espero que dê a volta por cima e que tenha sorte!
É preciso um bom empresário e saber estar rodeado das pessoas certas.
EliminarSe ganhasse 500 mil euros já sentia que tinha a minha vida organizada, quanto mais se tivesse esses milhões! O mal dessa gente é falta de cabecinha e não saber separar os verdadeiros amigos dos sanguessugas.
ResponderEliminarAndei na escola com um jogador de futebol que andou a arrastar asa a uma miúda durante muito tempo, ela nunca ligou-lhe, só quando ele foi parar a um grande clube é que se apaixonou por ele e casaram-se! Depois venham cá queixar-se que elas levam tudo com o divórcio ...
Bj*
Conheço algumas mulheres que fizeram do seu objectivo de vida casar com um jogador...
Eliminarbeijos
O teu último parágrafo diz tudo!
ResponderEliminarQue estas reportagens sirvam de exemplo.
EliminarA carreira de jogador/atleta é muito curta. Por isso ou se consegue gerir bem o que se recebe naqueles anos ou então não há milhões que aguentem. E é triste quando, por vezes, se têm de desfazer dos próprios troféus para terem dinheiro para as suas despesas, como já ouvi uma atleta contar (não me lembro bem, mas acho que era a Albertina Dias).
ResponderEliminarbeijinho
A maior parte deles não sabe gerir o dinheiro e gastam a pensar que nunca se irá acabar.
Eliminarbeijos
A questao é que qt mais se ganha mais se gasta e dps começa-se a ganhar menos mas nao se quer baixar o nivel de vida que se tem...e dps o dinheiro acaba! Parece simples ;)
ResponderEliminar