22.1.14

tudo acaba. por mais que pareça que não

Jorge Cadete voltou a ser notícia. Aos 45 anos, o ex-jogador vive na casa dos pais e tem vivido do rendimento social de inserção (189 euros) ao longo dos últimos anos. Para quem não acompanha o desporto, trata-se de um antigo jogador que passou por grandes clubes europeus tendo sido, durante algum tempo, o português com mais golos no estrangeiro. Ao longo da carreira, e falando apenas de ordenados, Jorge Cadete ganhou mais de quatro milhões de euros. A isto junta-se uma considerável fatia monetária composta por prémios individuais, de equipa, contratos de imagem e outras coisas. O que é certo é que este dinheiro não passa de uma memória para Cadete.

Por vezes ouço pessoas dizerem que gostavam de ter o dinheiro dos jogadores de futebol. Dinheiro que nunca mais acaba. Nessas alturas costumo dizer que, por mais dinheiro que tenham, é muito mais fácil fazer com que desapareça do que amealhar todos aqueles milhões. Chamam-me parvo. Dizem que é dinheiro que não tem fim. Pois bem, o exemplo de Jorge Cadete é apenas mais um de que não sou parvo. É verdade que ganham muito. Mas conseguem gastar ainda mais.

Algumas pessoas esquecem-se de que a grande maioria dos jogadores não tem uma base pessoal ou familiar que lhes permita gerir muito dinheiro quando estavam habituados a ter pouco. Jorge Mendes, só há um! É certo que o empresário ganha muito dinheiro com os seus jogadores mas Jorge Mendes é exemplo do que é uma boa gestão. Sabe aconselhar jogadores. Sabe dizer-lhes o que devem fazer com o dinheiro que ganham. Quais os melhores investimentos. Mas, como disse, Jorge Mendes há apenas um. E poucos clubes fazem aquilo que o Manchester United fez com Ronaldo. Segundo se consta, o jogador português só tinha acesso a uma parte do seu ordenado. O restante era guardado pelo clube, de modo a que o jogador não gastasse tudo aquilo que recebia.

Acho que poucas pessoas têm noção da quantidade de parcerias e negócios que são propostos aos jogadores todos os dias. Vale tudo. E a receita é sempre a mesma. Pede-se o dinheiro do jogador e promete-se um negócio como nunca visto. Aqueles que têm poucos conhecimentos da área e que não têm um empresário decente, deixam-se levar pela cantiga do bandido e pela música de milhões a entrarem na conta. Acreditam que vão ganhar ainda mais dinheiro. Quando na realidade vão perder dinheiro que nunca mais recuperam.

A estas propostas juntam-se os amigos de ocasião. Aqueles que estão por perto enquanto há dinheiro. Aqueles que sabem tudo e que aconselham os jogadores a investir aqui e ali. São aqueles que vivem à conta do dinheiro dos jogadores. E são os primeiros a desaparecer quando a fonte de rendimentos seca. Existem ainda as mulheres que sacam tudo aquilo que conseguem aos jogadores. E não são necessários rodeios. Existem também aqueles que gastam fortunas em prostitutas, jogo e em droga.

É certo que quatro milhões soam a muito dinheiro. Mas, perante aquilo que escrevi, estes milhões passam a ser apenas alguns trocos no bolso da calças. A carreira é curta. Os vícios são grandes. Os maus amigos, péssimos sócios e conselhos errados só desaparecem quando não existe mais dinheiro para chupar. Por isso, está muito enganado quem pensa que é muito complicado destruir uma fortuna em pouco tempo.

30 comentários:

  1. Digo mais ou menos o mesmo. Os homens/jogadores não deixam de ter culpa. A questão é que, muitas vezes, não é uma culpa que se possa dizer "merecida". São ingénuos, inocentes.

    Veloso perdeu o dinheiro em negócios como falaste. E tinha muito menos, fruto da época.

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  2. Faltou dizeres uma coisita: A cabecinha... ou se tem...ou se não tem....e perdoem-me os jogadores da bola mas não me parece que seja uma caracteristica predominante na classe. Uma coisa é certa. O caminho de baixo para cima é lento e penoso (e quando não é, é exceção), mas para a grande maioria o caminho de cima para baixo é rápido e aos trambolhões, com a ajuda de alguns pontapés...e muito poucos estão preparados para o impacto.

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    1. Aquilo a que preferes chamar cabecinha eu descrevi como falta de bases. Eles não sabem lidar com muito dinheiro, tal como não saberá a maior parte das pessoas que passa do 10 para os 10000. E pensam que o caminho de que falas nunca chegará. E enganam-se.

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  3. Por acaso tinha acabado de ler essa notícia, e faz-me pensar, realmente há muita gente que não sabe lidar com dinheiro. não sei porquê, mas não tenho pena.

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    1. Eu não sinto pena. Porque eles têm uma oportunidade que muitos poucos têm. Como diz o POC, podem não ser culpados. Mas também não sinto pena. Mas, segundo me disseram, o Cadete não se fez de pobre coitado na reportagem. E enalteço isso.

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  4. Concordo que pode ser difícil saber distinguir os bons dos maus negócios mas saber poupar é ainda mais importante.
    Há dias dizia isso mesmo, devia ensinar-se a poupar na escola primária.
    O certo é que quando temos muito nem pensamos no que gastamos, nem que acaba. Já não falando de um jogador de futebol, os cortes que vamos assistindo nos últimos anos fizeram que muita gente tenha visto reduzido a menos de metade aquilo que ganhava. Mas continuam a fazer a vida exatamente igual. Porque não sabem fazê-lo de outra forma, ou porque querem manter as aparências (mas isso já é outra história).

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    1. Acho que quase ninguém percebe a quantidade de pessoas que os rodeiam. Todos com o único objectivo de viver à custa do dinheiro deles. Ou são fortes ou acontece isto.

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  5. Pois eu digo-te (e com toda a certeza do mundo): se eu tivesse esses 4 milhões, garanto-te que eles não iam acabar (antes pelo contrario) e que ainda me iam permitir não mexer uma palha o resto da vida....

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    1. Eu digo o mesmo mas a verdade é que nunca me apanhei com ordenados daqueles na mão...

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  6. Concordo com o que escreveste e também vi a reportagem sobre o Jorge Cadete. É triste. E ainda hei-de perceber um dia por que razão os jogadores de futebom ganham rios de dinheiro, sabes-me responder?

    P.S. Também fazia o que disseste, "arriscar", mas confesso que comecei a ficar com medo tendo em conta que quase nunca me deixam passar... E depois ainda ficam a olhar para mim feitos parvos como se eu tivesse feito algum mal. Juro que este acto me irrita profundamente :/

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    1. Os jogadores ganham muito porque são o motor de um desporto que movimenta muito dinheiro. Se comparares com basebol, nba e formula 1, são poucos os jogadores que ganham muito dinheiro.

      Quanto ao teu ps, existem pessoas muito parvas.

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  7. Vi a reportagem e, por mais que saiba que ele ganhou bastante dinheiro e que há tanta gente em dificuldades que nunca teve sequer metade daquilo, a verdade é que não consegui não ficar triste perante aquilo tudo. Nada é eterno, nada é seguro. O que temos hoje podemos não ter amanhã. Se foi culpa dele, má gestão da parte dele ou de outra pessoa qualquer não sei, mas confesso que fiquei impressionada... Percebi que está neste momento da faculdade o que, diga-se o que disser, é de louvar e espero sinceramente que consiga dar a volta por cima.

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    1. Eu também não sinto pena. Até porque este caso específico não é assim recente. Que sirva de exemplo a muitos putos que após cinco minutos de fama se acham os maiores do mundo.

      Espero também que continue a lutar para dar a volta. É o que mais desejo.

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  8. No futebol é preciso muito mais do que pernas e para gerir os proventos é imprescindível uma excelente cabeça...Cristiano Ronaldo tem!
    Bjs
    Maria

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    1. Cristiano Ronaldo teve o Manchester. E tem o Jorge Mendes. Que ninguém se engane pois foram fundamentais. Basta recordar notícias antigas de alguns excessos dele. Mas isso sempre foi controlado pois ele só gastava o dinheiro que era destinado a esse fim. E ainda bem para ele.

      beijos

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    2. Um exemplo de boa cabeça: Figo. Pelo menos é a ideia que tenho. E Ronaldo, o fenómeno.

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  9. Lamento imenso a situação do cadete e não consigo fazer julgamentos.

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    1. Eu não consigo ter pena, não os julgo e espero que consigam dar a volta. Mas o que é certo é que tiveram uma oportunidade ao alcance de poucos. Oportunidade que foi desperdiçada.

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  10. É fácil assumir que uma grande fortuna não tem fim, quando se interpreta a quantidade de dinheiro em relação ao actual estilo de vida. Mas o estilo de vida altera-se rapidamente. E como em tudo na vida, é importante o equilíbrio.

    "O dinheiro é de quem o guarda, não de quem o ganha" já diz o ditado popular.

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    1. O problema é que muitos vivem para o que gastam. E uma parte ganha dez mil (por exemplo), derrete dois mil e poupa oito mil por mês.

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  11. É como dizes, se não houver uma gestão cuidadosa o dinheiro que parece não ter fim, acaba sempre por se esgotar. Vi a reportagem da SIC e o Cadete está a tirar um curso para estar melhor preparado.
    Só espero que dê a volta por cima e que tenha sorte!

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    1. É preciso um bom empresário e saber estar rodeado das pessoas certas.

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  12. Se ganhasse 500 mil euros já sentia que tinha a minha vida organizada, quanto mais se tivesse esses milhões! O mal dessa gente é falta de cabecinha e não saber separar os verdadeiros amigos dos sanguessugas.
    Andei na escola com um jogador de futebol que andou a arrastar asa a uma miúda durante muito tempo, ela nunca ligou-lhe, só quando ele foi parar a um grande clube é que se apaixonou por ele e casaram-se! Depois venham cá queixar-se que elas levam tudo com o divórcio ...

    Bj*

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    1. Conheço algumas mulheres que fizeram do seu objectivo de vida casar com um jogador...

      beijos

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  13. A carreira de jogador/atleta é muito curta. Por isso ou se consegue gerir bem o que se recebe naqueles anos ou então não há milhões que aguentem. E é triste quando, por vezes, se têm de desfazer dos próprios troféus para terem dinheiro para as suas despesas, como já ouvi uma atleta contar (não me lembro bem, mas acho que era a Albertina Dias).
    beijinho

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    1. A maior parte deles não sabe gerir o dinheiro e gastam a pensar que nunca se irá acabar.

      beijos

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  14. A questao é que qt mais se ganha mais se gasta e dps começa-se a ganhar menos mas nao se quer baixar o nivel de vida que se tem...e dps o dinheiro acaba! Parece simples ;)

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