“Não quero uma relação. Estou
concentrado(a) na minha carreira” é provavelmente uma das frases com a maior ausência de lógica que já ouvi. É algo que, para mim, não faz
qualquer sentido. Quem não quer conciliar um romance com a ascensão
(ou forte aposta) de uma carreira é porque nunca amou de verdade. Ou
talvez tenha medo de amar e de ser feliz. O que é certo é que
desconhece por completo que uma bela história de amor concilia-se na
perfeição com a mais complicada das carreiras.
Quando digo bela história de amor não
me esqueço das zangas, discussões, birras, ciúmes e amuos sem
qualquer sentido. Porque tudo isto faz parte da perfeição do amor
que une duas pessoas. Quando refiro a mais complicada das carreiras
não me esqueço daquelas que consomem muito tempo. Que roubam horas
à pessoa mesmo quando está fora do local de trabalho. Que levam a
que se cancele aquele jantar romântico que estava combinado há três
semanas. Entre muitas outras coisas.
É verdade que muitas pessoas podem
assustar-se com os problemas que existem quando a agenda do casal não
combina como era suposto. Quando existe pouco tempo um para o outro.
Mas, como em tudo na vida deve imperar a compreensão. Sendo
igualmente obrigatório viver cada segundo como fosse o único que
podem estar juntos em vez de perder esse precioso segundo a lamentar
o tempo que vai ser necessário até um novo encontro. E isto é válido para pessoas que estão juntas todos os dias como para aquelas que estão juntas apenas uma vez por semana.
Acredito (e aceito) que existam pessoas
que tenham receio deste desafio que passa por aproveitar o amor sem
planos a mais de cinco minutos de distância. Mas estas pessoas podem
acreditar que é muito mais saboroso ter de “inventar” estes
momentos românticos do que não ter ninguém para os viver. Apostar
apenas numa carreira é uma decisão pessoal que não condeno. Mas
não conheço nenhuma aposta profissional que seja pintada apenas a
cor-de-rosa. As apostas profissionais vivem de espinhos e de feridas.
E nesses momentos de merda, em que se questiona tudo, é muito pior não ter ninguém a quem
ligar para desabafar ou não ter ninguém em casa para nos receber do que ter uma
pessoa que nos vai reconfortar nem que seja por uns breves segundos.
Em parte, é por isto que não percebo
a ideia de não ser possível conjugar uma aposta profissional com
uma aposta sentimental. Compreendo que me digam que o romance pode
dar para o torto e que a dor irá atrapalhar a carreira mas quem é
que garante que a aposta profissional vai ser bem sucedida? Como a
vida é feita de dúvidas, mistérios e opções, prefiro arriscar a dor de
amar do que o vazio sentimental no momento em que me disserem que a
promoção pela qual lutei anos a fio, esquecendo-me de viver, foi
para fulano tal por isto ou por aquilo.
Eu acho que mais tarde, uma pessoa que só aposta na carreira vai-se acabar por arrepender. Vai chegar a uma situação que at+e pode ter muito dinheiro e todo o luxo do mundo, mas vai-lhe faltar alguém para lhe aquecer a cama, alguém com quem partilhar os problemas, alguém que lhe leve um chá quando está doente.
ResponderEliminarEu concordo, acho que dá para conciliar os dois por mais complicado que seja, mas é preciso muita força de vontade, dedicação e amor :)
A melhor carreira do mundo não ocupa o lugar da melhor paixão do mundo :)
EliminarSim, resume-se a ter medo de ser feliz. estar estável a vários níveis é quase irreal, logo, temos medo
ResponderEliminarAcho que passa por aí mas quem tem medo e não arrisca nunca sabe o que irá acontecer.
EliminarComo tem vindo a acontecer, revejo-me em muitas coisas escritas neste post... Eu, que sou uma faladora nata (já pôr por escrito os filmes que faço é mais complicado) teria muita dificuldade em não ter com quem desabafar sobre o meu dia (bom ou mau). E sou uma mulher cheia de sorte porque o meu companheiro de há 10 anos tem vindo cada vez mais a mostrar-se O companheiro na verdadeira ascensão da palavra. E claro, 10 anos, não se passaram somente com beijinhos e rosas!!!
ResponderEliminarA minha relação também tem dez anos e é claro que não foram só momentos altos. E devo confessar-te que são os piores momentos que me fazem compreender que a amo de verdade como nunca me julguei capaz de amar alguém.
EliminarAcho que é também por sabermos que nem um nem o outro vai fugir a correr só porque estamos de trombas por alguma coisa que o outro fez ou disse... Sabemos que ambos estamos cá para resolver quando for a hora... E claro, muito amor respeito e carinho um pelo o outro! :)
EliminarAmei este post.
ResponderEliminarParabéns.
Obrigado :)
EliminarEquilíbrio, o que a malta precisa é de equilíbrio. Com bom senso, tudo se conjuga.
ResponderEliminarNão diria melhor.
EliminarIsso é uma desculpa que as pessoas que ainda não encontraram o amor dão para que os outros não sintam pena dela (uma pena que por vezes mora só na cabeça dela). True story. Sei do que falo, já lá estive.
ResponderEliminarObrigado pelo teu exemplo pessoal.
EliminarHá cerca de uma década, para fugir do caos provocado por uma relação tóxica, refugiei-me no trabalho e tornei-me uma 'workaholic'.
ResponderEliminarHá tempos disseram-me o mesmo que tu, que eu não arrisco porque tenho medo de amar. Talvez... Mas o que eu sei, e tenho a certeza absoluta, é que não quero que alguém volte a destruir o que eu, muito a custo, conseguir reconstruir.
É que - sejamos sinceros, até porque já não temos idade para 'contos de fadas' - nem todos somos bafejados pela sorte...
E não te assusta uma eventual solidão? Ou o facto de deixares fugir alguém que te ama como sempre sonhaste apenas por medo de que seja igual ao que já te aconteceu?
EliminarAcredito que todos temos a oportunidade de viver pelo menos um grande amor. Depois, existem aqueles que se magoam, os que magoam e os que estragam tudo e se arrependem anos mais tarde.
Do que vou conhecendo de ti acredito que tens muito para dar a alguém.
Obviamente que me assusta uma eventual solidão (sou louca mas não tanto!), até porque a minha família resume-se à minha mãe.
EliminarMas, sabes, aprende-se a viver assim... e depois já não se sabe viver de outro modo! É a maldita independência felina! :-)
PS: a tua última frase desarma a minha imagem de mau feitio, e isso não pode ser, ai não senhor! :-)
Qual mau feitio? Só te aconselho a não ter medo de viver :)
EliminarO Natal deixou-te todo meloso. Os últimos posts têm sido especialmente "amorosos". :P
ResponderEliminarConcordo plenamente. Até porque, se há coisa que me faz temer pelo futuro da humanidade, é quando a resposta a "o que és?" é dada única e simplesmente com a profissão que se tem.
Há que saber conciliar essas duas grandes vertentes da vida, amor e trabalho, entre si e com todas as outras. Lá está, não se condena mas, há um mas...
É o Natal e a gripe que me deixou ver muita televisão :) E ainda coisas que ouço.
EliminarImagina essa pergunta quando tiveres 80 anos e não tens resposta para ela...
Bem... essa última frase foi mais triste, deprimente, profunda e melancólica do que o que se calhar até tu pensavas quando a escreveste...
EliminarO objectivo é fazer com que aqueles que se esquecem de viver pensem nisto.
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