Para mim, Natal é azevias de batata
doce e grão. Este é o doce que distingue esta época. E talvez o
símbolo maior, ou pelo menos o primeiro de que me lembro, desta
quadra festiva. E a culpa, prefiro chamar-lhe mérito, disto é do
meu avô paterno. Que fazia as melhores azevias de sempre. Nesta
altura do ano passava horas na cozinha. Preparava a massa, o recheio
e misturava na perfeição o açúcar e a canela com que lhes dava um
toque especial.
E foi assim que fiquei viciado em azevias. Mas apenas nas dele. Não sei precisar a quantidade de horas
que passei em pé, na cozinha da casa dos meus avós, a olhar para o
meu avô (o único que tive) enquanto ele dava vida, de forma
magistral, aquelas preciosidades gastronómicas que podiam ser
comidas uma semana depois como se tivessem sido acabadas de fazer.
Enfardava a bom enfardar na casa dos
meus avós. E sabia que no final ainda tinha direito a uma caixa
cheia delas para enfardar em casa. Existiam dois rituais que se
cumpriam sempre. Receber a caixa das azevias e ainda levava as notas
que a minha avó me metia na mão ou enfiava nos bolsos da roupa.
Infelizmente, já passaram uns bons anos desde que o meu avô
faleceu. A paixão pelas azevias ficou, mas apenas pelas dele.
Os seus filhos (o meu pai incluído)
sabiam a receita das azevias. Mas apenas um – um dos meus tios -
se atreveu a fazer o doce típico. Sem o sucesso do saudoso
Manelinho. E a verdade é que não acredito que exista alguém no mundo que
consiga chegar ao patamar do meu avô, no que às azevias diz
respeito. É aquilo a que se chama uma missão impossível.
Quanto a mim, desde então que procuro
o meu avô nas azevias que provo. Dizem-me que são boas. Que são
isto e aquilo. E eu provo. Ano após ano. Sempre (e secretamente) na
esperança de reconhecer algo do meu avô no doce que estou a levar à
boca. É isso que mais desejo. Pode ser apenas o aspecto. O cheiro. A cor. Ou, idealmente, o
sabor. Tudo tem sido em vão. Mas não vou desistir de te encontrar
numa qualquer azevia que se venha a cruzar comigo.
Também adoro azevias, principalmente as de grão.
ResponderEliminarMas o meu doce preferido de Natal são as fatias douradas da minha mãe! :)
O que é da mãe é sempre bom :)
EliminarEngraçado, acho que nunca comi isso :) Um Feliz Natal ♥
ResponderEliminarÉ muito bom e é um dos doces típicos do Natal.
EliminarFeliz Natal :)
Passo pelo mesmo em relação ao arroz doce. O arroz doce da minha avó materna era o melhor do mundo, dos poucos que eu comia porque era de facto uma coisa de outro mundo. Desde que ela faleceu, nunca mais consegui tocar em arroz doce :/ já tentei, mas não consigo :/
ResponderEliminarComo te compreendo...
EliminarNunca provei azevias, acreditas? Por aqui não se usa, mas estou tentada e experimentar.
ResponderEliminarFeliz Natal!
Prova que vais gostar.
EliminarFeliz Natal!
Talvez se tentasses fazer as tão adoradas azevias, encontrasses aquele "algo" que falta em todas as que provas.... Talvez porque falta aquele amor e dedicação que ele tinha ao fazê-las, que nunca encontres o sabor certo noutras quaisquer... Talvez.... Talvez este ano seja o ano... :)
ResponderEliminarEu não me atrevo a tentar fazer o que o meu avô fazia. Tenho medo.
EliminarQue bonito este post! Os cheiros do Natal em casa da minha avó materna,são as melhores recordações que tenho!! A minha sogra fazia umas azevias de grão óptimas! Bom Natal!
ResponderEliminarHá cheiros que marcam as nossas vidas. Este é um deles.
EliminarExperimenta ,quando comeres azevias, Bruno, sonhar que foram feitas pelo teu querido avô.
ResponderEliminarSe souberes fazer isso, acredita que sabem mesmo bem.
Eu já não posso sonhar, pois nunca o conheci.....e isso faz muita falta mesmo:(