a escolha certa (e lógica)

Papa Francisco foi eleito a personalidade do ano pela revista Time. De acordo com a prestigiada publicação "o que torna este Papa tão importante é a rapidez com que cativou milhões que tinham desistido de ter esperança na Igreja”, além de que “em escassos meses, Francisco elevou a missão de reconfortar da Igreja acima da doutrina política que fora tão importante para os seus antecessores”, explicam, justificando a escolha.

Esta opção não me surpreende. É lógica. Acredito que, caso Mandela tivesse morrido mais cedo poderia ser escolhido em jeito de homenagem e com o objectivo de recordar tudo aquilo que fez em vida. Mas a escolha de Francisco, o Papa que gosta de futebol e que foi motoqueiro e porteiro de discoteca, faz todo o sentido. Tal como, pelo menos aos meus olhos, faz todo o sentido o caminho que tem trilhado no papel de rosto maior da Igreja.

Com a morte de João Paulo II e com a eleição de Bento XVI as pessoas perderam fé na Igreja. Afastaram-se de tal modo que este distanciamento foi assumido por muitos como sendo da responsabilidade de Bento XVI, um homem extremamente inteligente que nunca teve o “apoio” e “amor” das pessoas. Não sei se Bento XVI seguiu o caminho que queria ou aquele que foi obrigado a seguir mas não tenho dúvidas de que a sua forma de estar fez com que muitas pessoas se afastassem da Igreja.

Francisco faz aquilo em que acredita. Continua a ser o homem simples que era. E assumiu uma mudança brusca na mentalidade que impera no Vaticano. Algo que faz, e isto é do domínio público, com que muitas pessoas do Vaticano sejam contra a sua mensagem bem como as suas opções e aquilo que faz em público. É certo que algumas pessoas influentes do Vaticano são contra aquilo que faz. Mas os milhões de fiéis de todo o mundo precisavam de um homem assim.

Precisavam de uma pessoa com quem se identificassem. De um homem que as faça ter esperança onde ela já não existe. Que lhes dê força quando já não se conseguem levantar. Algo que resulta numa proximidade (que se julgava perdida) entre pessoas e Igreja. Papa Francisco fez tudo isto em menos de dez meses. Algo notável e que o eleva ao patamar de João Paulo II, o Papa que todas as pessoas amavam. Por tudo isto, esta escolha é mais do que justa. Numa altura em que se lamenta profundamente a morte de Mandela, é bom que se dê destaque a pessoas como Francisco. Pessoas que nos fazem acreditar que muita coisa é possível.