mulher do amigo, engates e gente gira

Ao ouvir esta música de Seu Jorge senti-me a viajar no tempo. Recuei até às aulas de português no secundário, onde tínhamos de ler textos para posteriormente fazer uma análise dos mesmos. Ao recordar estes momentos relembro o dia em que a professora pediu ao Peche Mariachi para dividir um poema em três. Sereno, ele pegou no livro apenas pela página do poema, tirou um x-acto e preparou-se para “literalmente” dividir o poema, para desespero da professora.

Indo à música, Amiga da Minha Mulher faz-me pensar em diversas situações. A primeira está relacionada com homens que se metem com as mulheres dos amigos e com mulheres que se metem com os homens das amigas. Pessoalmente, é um cenário que não concebo. Mulher de amigo meu é homem. Aliás, não tem sexo. Não existe como mulher. Sou incapaz de seduzir ou engatar mulheres de amigos. Conheço histórias que acabaram com lutas ou ameaças físicas e outras que metem viagens de muitos quilómetros para discutir ou mesmo escândalos à porta do local de trabalho. Não consigo perceber o que leva uma pessoa a querer engatar a mulher de alguém próximo como se fosse a única pessoa do mundo. É certo que as pessoas podem apaixonar-se. Ninguém está livre disso. Mas existem muitas formas de lidar com a delicada situação que não passam por uma traição descarada que vai sempre acabar num filme de faca e alguidar.

A música fala ainda de uma mulher bonita, que se mete com o homem de uma amiga. De acordo com o cantor, se fosse uma mulher “feia” estava tudo resolvido. Como é uma “gata” o caso muda de figura. Aqui, concordo com Seu Jorge. E concordo pelo simples facto de que todas as pessoas gostam de se sentir “desejadas” por outras. E isto aplica-se a uma pessoa solteira, a uma que namora há muitos anos ou a outra que está casada. Se fosse uma pessoa feia (leia-se que não capta a nossa atenção porque isso do feio é uma coisa estranha) tudo está resolvido. Agora, se for uma pessoa dentro dos parâmetros idealizados por alguém, tudo muda. Isto não significa necessariamente que a pessoa queira uma traição. Nada disso. Mas ninguém fica indiferente à cobiça que é uma massagem ao ego. Porque toda a gente gosta de saber que mexe com alguém. Neste caso, o importante é saber lidar com essa situação. Perceber que não passa de uma massagem ao ego e que morre logo ali.

Depois, existe algo que não é abordado na música mas que sempre me fez confusão. E refiro-me aos homens que estabelecem uma relação de irmandade com os cunhados ou às mulheres que criam uma relação igual com as cunhadas. Pessoas que acabam por valorizar mais esta relação do que aquela que têm com os irmãos. Conheço casos de pessoas que são capazes de “incentivar” uma traição ao irmão ou irmã. “Faz o que quiseres que eu não conto nada. Fica descansado(a)”, é o que dizem. E isto faz-me muita confusão. Mas isto sou eu, que não sou capaz de colocar nenhum homem à frente da relação que tenho com a minha irmã.