coerência. ou a falta dela

Considero que a maior crise dos dias que correm está relacionada com os valores. Ou com a falta deles. É uma opinião que mantenho há muito tempo. Mais do que troikas e afins, é a crise de valores que leva muitas pessoas a colocarem-se em posições onde não queriam estar. É certo que não se pode ignorar a influência dos outros problemas na falta de valores a que me refiro. Mas, mesmo assim, contínuo a considerar a crise de valores como a mais grave que atravessamos.

Dentro desta crise, existe um valor que destaco. Um que capta a minha atenção. Trata-se da coerência. Ou melhor, da falta dela. Entendo que, nos dias que correm, coerência é uma palavra que está a mais nos dicionários de língua portuguesa. Trata-se de uma palavra que caiu em desuso e cujo significado muitas pessoas desconhecem por completo.

Hoje em dia, a coerência muda em segundos. É momentânea e está sempre dependente do jeito que essa mesma coerência dá a alguém. Só isso explica, por exemplo, que uma pessoa dê razão a duas pessoas que estão nos pólos opostos da mesma temática. Só isso explica que uma pessoa consiga passear ao sabor do vento soprado pelas suas necessidades. E que, de forma cega (acredito eu) essa mesma pessoa não perceba que está a ser incoerente porque diz-se a favor de tudo e de todos, mesmo de coisas ou pessoas que chocam entre si e que não podem coexistir.

Não sei qual das crises se resolverá primeiro. Se a financeira ou se a crise de valores. Acredito que, por mais incrível que possa parecer, a de valores tem uma resolução bastante mais complicada. O que é pena. Porque, resolvendo a crise de valores, “facilmente” se solucionariam muitos problemas. Até, quem sabe, a crise económica.